Acervo da Coleção Herpetológica da UNIFAL-MG é referência no Sul de Minas

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Coleções, que preservam mais de 3 mil exemplares, têm finalidade didática e científica

Os acervos - didático e científico – da Coleção Herpetológica da UNIFAL-MG se destacam como importantes fontes de informações para a área de Ciências Biológicas da Universidade e também da região Sul de Minas.

O espaço é uma referência regional, uma vez que preserva 2.800 indivíduos de anfíbios, 800 répteis, como cobras e lagartos, e 2.300 amostras de tecido de anfíbios e répteis para estudos de DNA. Além de espécies da região, há alguns representantes de outros lugares do Brasil, como Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina, por exemplo.

Conforme conta o professor do Instituto de Ciências da Natureza, Vinícius Xavier da Silva, responsável pelo acervo, a coleção didática, que se localiza no Laboratório Didático de Zoologia, é usada como apoio para o curso de Ciências Biológicas, no treinamento dos alunos. “Essa coleção é importante porque permite que os estudantes manipulem os animais, aprendam a reconhecer as espécies e a diversidade”, frisa, completando que fazem parte da coleção, animais conservados em álcool, esqueletos, conchas, insetos, entre outros. “Uma parte dessa coleção didática é de animais antigamente denominados ‘animais empalhados’, e hoje em dia chamados de taxidermizados”.

De acordo com o Prof. Vinícius, os animais, hoje taxidermizados, foram encontrados mortos e trazidos ao laboratório, muitas vezes pela Polícia do Meio Ambiente, pelo Corpo de Bombeiros e até mesmo pelos alunos. Ao chegar ao laboratório, o animal é avaliado pelos biólogos e dentro das possibilidades, são encaminhados para especialistas em taxidermia. “Nós temos algumas peças em taxidermia artística, na qual o especialista monta o animal em uma pose semelhante à de quando ele está vivo na natureza, mostrando algo relacionado à biologia dele, como o comportamento alimentar ou arborícola, por exemplo; e temos também algumas peças de taxidermia científica, em que os animais são montados esticados apenas para fins científicos”, esclarece.

A Universidade dispõe de lobo-guará, capivara, sucuri, coruja e outros bichos, que são trabalhados pelo projeto de extensão ‘EducAmbiental Animal’ e estão expostos, recentemente, no Museu de História Natural da Instituição. “É um fim mais nobre que podemos dar para uma carcaça que simplesmente apodreceria se fosse ignorada”, explica o professor, enfatizando: “Os animais não foram mortos para esse fim, não fomos lá caçar para expor. Estes animais chegaram ao laboratório, mortos, e foram processados para fins educativos. Isso é autorizado e desejável”, acrescenta, informando que desses animais também são retiradas amostras de tecido que dão acesso a estudos genéticos para a área de Biologia Molecular da Universidade.

O acervo científico compõe a chamada Coleção Herpetológica “Alfred Russel Wallace”, em homenagem ao naturalista, e se localiza embaixo do Biotério Central. “As coleções científicas existem para registrar as espécies que têm em determinada região, servindo como material testemunho da fauna de um local”, explica o professor.

Segundo Prof. Vinícius, além de muitos dos animais dessa coleção chegarem mortos ao laboratório, os pesquisadores também vão a campo, com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), coletar animais para estudo. “Neste caso, precisamos sacrificar o animal para tombar em uma coleção. Nós não gostamos de sacrificar, mas é preciso para conhecer melhor e preservar os que permanecem na natureza. E quando coletamos um animal de determinada espécie, não vamos a campo coletar mais daquela espécie se já estiver bem representada em coleções”, observa, pontuando que as pessoas têm uma ideia equivocada das coleções ao julgar que os animais são coletados para serem mortos e expostos no laboratório. “Este não é o fim e sim o meio para inúmeros estudos sobre as espécies”.

O biólogo explica que nas coleções científicas há uma infinidade de informações dos animais e do local onde eles foram encontrados. A partir da coleta, é possível identificar no laboratório corretamente a espécie, e até se é uma espécie nova, descobrir o que um animal come, sua maturação sexual, se possui endo ou ectoparasitas, sua variação geográfica e outras informações difíceis de coletar no campo. “O que nós pretendemos é que as informações levantadas sirvam para preservar os animais que estão na natureza. Queremos diminuir a pressão sobre sacrificar ou matar”, conta.

Uma situação destacada pelo professor é em relação a animais feridos que também são levados ao laboratório e que não são sacrificados nem soltos. “Se estão em boas condições, não vamos sacrificar para colocar na coleção, mas alguns animais também não podem ser soltos na natureza, por apresentarem alguma sequela que exige certos cuidados”, diz, citando como exemplo uma jiboia que recebe cuidados constantes no laboratório.

Além dessa jiboia, no acervo também pode ser encontrada outra espécie que veio da Amazônia e, por isso não pode ser solta aqui na região. “Não se introduz uma espécie diferente em um lugar que não é o dela. Não podemos fazer isso porque esses bichos podem acabar não sobrevivendo já que são inseridos em um ambiente novo com outros predadores, com outras espécies; e às vezes também, eles mesmos podem causar algum problema nas espécies nativas. O que nos ajuda a saber o que ocorre em cada região são exatamente as coleções”, salienta.

O laboratório integrou também o projeto “Biota Minas” da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Durante dois anos, os pesquisadores foram a campo, para conhecer a diversidade mineira e após coletas realizadas em 16 cidades, o acervo foi ampliado em 20%.

As coleções da Universidade têm possibilitado trabalhar com projetos científicos envolvendo alunos da graduação, da pesquisa e também em projetos de extensão como o EducAmbiental Animal, coordenado pela servidora Julieta Moreira Rodrigues. O projeto visa contribuir para a formação dos alunos de escolas de Alfenas e cidades circunvizinhas, no que se refere à conscientização e o respeito pelo meio ambiente e pelos animais. Este projeto envolve visitas de alunos das escolas de  educação infantil, nível fundamental e médio  ao Museu de História Natural da UNIFAL-MG, nas quais os estudantes participam de exposições monitoradas do material dessas coleções didático-pedagógicas e, sob supervisão, têm a oportunidade de manipular também os animais vivos.

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