Em fórum sobre drogas, UNIFAL-MG abre debate para a questão da segurança pública

"Desafios e estratégias para a Segurança Pública" foi o tema da segunda edição do Fórum de discussão sobre Drogas, realizado na sexta-feira, 07/11, na sede da UNIFAL-MG. O evento contou com a participação do subsecretário de Políticas sobre Drogas do Estado de Minas Gerais, Cloves Eduardo Benevides.

Coordenado pelo Centro Regional de Referência sobre Drogas da Universidade - CREFAL, o encontro marcou o início das atividades do curso de “Aperfeiçoamento sobre crack e outras drogas para agentes do Sistema Judiciário, do Ministério e Segurança Pública, e Profissionais da Educação”, que tem por objetivo promover a  capacitação continuada, avaliada e atualizada desses agentes, no atendimento de usuários de crack, álcool e outras drogas.

A mesa de abertura do evento foi composta pela vice-reitora, Profa. Magali Benjamim de Araújo; pela pró-reitora de Extensão, Profa. Eliane Garcia Rezende; pela coordenadora em exercício do fórum, Profa. Érika de Cássia Lopes Chaves e pelos convidados, o comandante da 18ª Companhia Independente da Polícia Militar de Alfenas, major Adenisio Ferreira de Paula e o secretário municipal de Defesa Social, Vander Cherri Marcolino.

Entre saudações e agradecimentos pela realização do fórum, os integrantes da mesa ressaltaram o trabalho que o CREFAL vem realizando por meio de cursos de capacitação, para agentes envolvidos nas questões de tratamento, recuperação e combate às drogas. “Pensar estratégias, em como trabalhar essas situações e minimizar esses riscos, é um dever de cada um de nós como cidadão, seja qual for a área em que esteja atuando. É um papel do cidadão tentar resgatar valores de quem usa esse tipo de mecanismo para esconder a realidade”, afirmou a pró-reitora de Extensão, Profa. Eliane.

O major Adenísio de Paula discorreu sobre o tema do fórum que envolve os desafios para a segurança pública.“A Polícia Militar encontra muitos desafios porque nossa atuação envolve muito crianças e adolescentes. No nosso dia a dia há cada vez mais menores envolvidos com essas substâncias. Então precisamos mesmo discutir e encontrar estratégias a serem adotadas”, destacou.

A palestra de abertura foi ministrada pelo secretário municipal de Defesa Social, Vander Cherri, que na oportunidade, apresentou um panorama da experiência de Alfenas no eixo de política sobre drogas e sinalizou a necessidade de estreitar mais os vínculos entre União, Estado, Município, Universidades e também sociedade civil, a fim de encontrar soluções para o problema das drogas no país.

O assunto levantou muitas discussões entre os participantes, que aproveitaram o momento para manifestar angústia com as dificuldades de controlar a situação tão presente em Alfenas.

Na sequência, a professora da Escola de Enfermagem da UNIFAL-MG, Profa. Sueli de Carvalho Vilela, coordenadora do PET-Saúde Redes de Atenção Psicossocial, falou sobre os aspectos culturais do uso do álcool e drogas, dando ênfase para a saúde.

O tema “A Política Nacional sobre Drogas (PNAD) e a Política Nacional sobre Álcool”, com destaque para as Políticas setoriais de saúde e de assistência social foi apresentado pelo subsecretário de Políticas Sobre Drogas do Estado de Minas Gerais, Cloves Eduardo Benevides.

Em conversa com a Assessoria de Comunicação Social, o convidado fez uma síntese do tema proposto para o fórum. “É uma reflexão sobre como as políticas de drogas se estruturam no Brasil, quais as visões da sociedade baseadas ainda em sentimentos empíricos e quais as efetivas informações que a sociedade científica nos traz que cria um ambiente de contradição”, enfatizou, acrescentando: “A necessidade das pessoas, não está vinculada àquilo que as políticas públicas estão estruturando. E isso gera uma sensação de insatisfação e de pouco resultado, que impede com que a gente defina efetivos parâmetros para a ampliação das políticas e instaure um ambiente de qualificação das abordagens”, refletiu.

De acordo com o subsecretário de Políticas sobre Drogas de Minas,  criar um serviço é tão importante quanto avaliar o serviço. “Chegou um momento em que criar serviço é tão importante como avaliar serviço, definir fluxos, avaliar práticas, para que resultados justifiquem a ampliação dos serviços e não as ausências justifiquem a ampliação de serviço”, ponderou.

Ao ser questionado sobre a forma como a sociedade enxerga e caracteriza os usuários de drogas, Cloves Benevides declarou que a mesma se limita ao papel da crítica, atribuindo ao outro a responsabilidade de solucionar a questão. “Há um estigma que afasta cada vez mais as pessoas do ambiente de solução. Nós estamos vivendo no mundo inteiro, um adoecimento das emoções das pessoas. Porque as pessoas não são pré-concebidas para a prática marginal. Um jovem às vezes não conseguiu até hoje, lidar com os sentimentos que tem, interpretá-los e regulá-los. As pessoas não nascem adaptadas, prontas para a realidade de embate criminal. Elas são moldadas pelo ambiente em que convivem e pelas emoções que vão perdendo o controle. Então, tem sim um quadro de estigma forte, mas o problema não é das pessoas, o problema é da sociedade como um todo, que assume apenas o papel da crítica e dá atribuição ao outro da responsabilidade da solução”, comentou.

O CREFAL é coordenado pelos professores Denis da Silva Moreira, Érika de Cássia Lopes Chaves da Escola de Enfermagem e Cristiane da Silva Marciano Grasseli da Faculdade de Nutrição.

Confira o cronograma do curso, que acontecerá todas as sextas-feiras até o dia 19/12:

Para mais informações, acesse: http://www.unifal-mg.edu.br/crefal/

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