“Ampliar a atenção da educação superior a segmentos mais amplos da sociedade”

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Para secretário do MEC, esse é o maior desafio brasileiro para o Ensino Superior

Em visita à UNIFAL-MG na segunda-feira, 12/03, durante a ocasião de inauguração dos prédios na Unidade Educacional Santa Clara, idealizados para o ensino médico, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação – MEC, Paulo Barone, conversou com a Assessoria de Comunicação Social sobre o processo de expansão das universidades federais, de que forma as instituições de menor porte, como a UNIFAL-MG, se posicionam no atual cenário, e quais os principais desafios do Ensino Superior para os próximos anos.  

De acordo com o secretário, embora a expansão das universidades federais seja um processo necessário que contribui para distribuir melhor a atenção do governo federal na área de educação superior no território, tem apontado dificuldades no atendimento às demandas de determinadas regiões. “A expansão não foi muito cuidadosamente planejada o que gerou, em muitos aspectos, dificuldades com a demanda em certas regiões e dificuldades com o planejamento da infraestrutura e outros aspectos ligados à oferta”, afirma. “Não é o caso das instituições de menor porte que são mais cuidadosas no seu trabalho, um exemplo muito bom é Lavras e outro exemplo muito bom é Alfenas”, destaca.

Paulo Barone aponta que em outras instituições do próprio estado de Minas os problemas são mais expressivos, ocasionados pela grande distância entre campi avançados e sede. “Isso gera dificuldades de gestão, inclusive, na implantação da infraestrutura e também dificuldades de conciliação das culturas entre regiões muito diferentes”, pontua.

Entre outros aspectos negativos, o secretário observa que alguns municípios são muito pequenos e não apresentam a demanda que se imaginava necessária para implantação desses campi, o que torna os problemas relacionados à expansão ainda mais diversificados ao longo do país. “Estamos acompanhando com cuidado a continuidade da implantação da infraestrutura necessária, dos recursos necessários, e também discutindo com cada Reitoria, calmamente e com atenção, os aspectos da demanda, e adequando essa demanda à realidade das possibilidades institucionais”, diz.

Comentando a expansão de cursos de Medicina nas universidades federais, o secretário afirma ser uma demanda que precisa de atenção redobrada, uma vez que se trata da formação de recursos humanos médicos para atenção à saúde no Sistema Único de Saúde. “Na visão de qualquer gestor municipal ou estadual, isso é absolutamente necessário”, destaca, ressaltando a importância dessa estrutura para as regiões do país, visto os novos padrões de formação do médico como generalista, vinculado ao SUS, com ênfase na atenção primária. Atualmente, o MEC contabiliza 38 cursos novos de Medicina em universidades federais.

Segundo o secretário, a situação de Alfenas é muito positiva em relação a outras cidades brasileiras. “Em Alfenas, em particular, nós temos uma conexão rodoviária muito boa, a presença de profissionais muito bons, facilidade de contratar recursos humanos, de implantar infraestrutura, temos a demanda do serviço de saúde que também concorre para a formação dos médicos, mas nós temos situações também de municípios muito distantes dos eixos, com dificuldades com infraestrutura, com o acesso do usuário à assistência à saúde e com dificuldade de contratação de recursos humanos para a docência”, explica. “Estamos lidando com uma diversidade de situações, mas felizmente aqui no Sul de Minas, especialmente aqui em Alfenas, a realidade é muito mais tranquila, a gestão desse processo é muito mais simples.”

Em relação aos desafios do Ensino Superior para os próximos anos, o secretário diz se preocupar com a atualização frente às transformações do mundo. “Me preocupa os processos formativos, os currículos”, comenta, afirmando estar tranquilo com relação à formação na saúde, visto que entende a adesão aos padrões de formação generalista e voltados à atenção à saúde da população como transformação qualitativa.

Para o representante do MEC, o mundo não nos prepara para tantas transformações nas áreas tecnológicas, por isso, acredita que é preciso ampliar o ensino superior de forma a criar condições diferenciadas para que mais pessoas tenham acesso, porém, utilizando novas metodologias de ensino e avaliações. “O maior desafio brasileiro é ampliar a atenção da educação superior a segmentos mais amplos da sociedade, e para fazê-lo é preciso diversificar a forma de atenção”, afirma, complementando que essa ampliação não poderá ser apenas pelo atual modelo universitário. “Esse modelo é de elite, não atende à formação de massa e precisa modernizar significativamente os seus currículos, os seus métodos, as suas avaliações, as suas formas de gestão, de tal maneira que se possa ter mais expectativa de acompanhar as transformações do mundo contemporâneo.”

SOBRE O SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) na área de Física, Paulo Barone atuou como conselheiro da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação entre os anos de 2004 e 2012, tendo sido presidente da Câmara entre 2008 e 2010, e conselheiro entre 2014 e 2018. Com experiência na gestão e avaliação educacionais e outros temas em Educação Superior, tornou-se titular da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), em 2016.