Memórias Alagadas: a construção da hidrelétrica de Furnas e a submersão da vida

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Artigo leva relatos sobre impacto da construção de Furnas para congresso no Uruguai

O Trabalho de Conclusão de Curso  desenvolvido pelas acadêmicas Lárame Silva Carvalho e Marly Teodora Nogueira em 2015 no curso de Ciências Sociais, sob a orientação do professor Lucas Cid Gigante, resultou em um artigo publicado nos anais do 31º Congresso Latino-Americano de Sociologia (ALAS), realizado em Montevidéu, Uruguai, em 2017.

 “Memórias Alagadas: a construção da hidrelétrica de Furnas e a submersão da vida” é o título do estudo que aponta o impacto da construção da Hidrelétrica de Furnas, que inundou aproximadamente 1.600 km quadrados, somando 32 municípios, com mais de 5.000 propriedades rurais, incluindo suas pontes, estradas rurais, estradas de ferro e cemitérios.

O artigo reúne relatos de pessoas afetadas pelas águas, com o objetivo de documentar como a memória foi mantida pelas famílias e como essas recordações permitem entender o acontecimento. “Em seus depoimentos, visualizamos como elas se portaram diante dessa obra monumental e em como a relembram”, contam os autores.

A epígrafe do trabalho reforça a importância das lembranças das pessoas que foram atingidas pelo lago artificial, considerado um dos maiores mundo, sendo sinônimo de modernização e progresso: "À memória das pessoas que foram entrevistadas. Que o seu relato chegue às Américas”, homenageiam.

Conforme explicam Lárame e Marly, as informações coletadas durante as entrevistas demonstram que o mundo das pessoas afetadas pela construção da hidrelétrica foi profundamente modificado pelo processo de desterritorialização e reterritorialização, implicando na quebra dos ritmos da vida cotidiana. “A mobilidade regional ficou prejudicada e os habitantes foram obrigados a saírem de suas terras; estradas e ferrovias ficaram submersas, alguns locais ficaram praticamente isolados”, frisam.

De acordo com o resultado da pesquisa, os autores observaram que o reservatório de Furnas poderia ter sido construído com um nível mais baixo, a fim de atingir menos terras e afetar menos pessoas.

Leia na íntegra o artigo publicado no congresso no Uruguai

Vale destacar que outras pesquisas sobre o impacto da construção de Furnas têm sido desenvolvidas por acadêmicos da Universidade. Em 2016, um projeto de extensão orientado pelo professor Ítalo Oscar Riccardi León, no curso de Letras, resultou no vídeo/documentário “Histórias de quando a água chegou: Antônio Adauto e os índios”. O documentário apresenta histórias da oralidade presentes em cidades que sofreram o impacto da inundação provocada pela barragem da Usina Hidrelétrica de Furnas.