Jornadas Universitárias em defesa da Reforma Agrária Popular

O mês de abril, conhecido simbolicamente como o “Abril Vermelho”, é o período de mobilizações políticas e lutas sociais realizadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em todo o território nacional como forma de lembrar e homenagear os 19 trabalhadores mortos em 1996 pela policia militar, em Eldorado dos Carajás, no Pará. Para este ano, como parte da jornada de lutas do movimento, em algumas universidades brasileiras estão sendo realizadas Jornadas em defesa da Reforma Agrária Popular, com o objetivo não só de chamar a atenção da sociedade e do meio acadêmico em geral para a importância histórica da luta pela terra no Brasil, mas sobretudo, demonstrar que as universidades públicas brasileiras apoiam a Reforma Agrária como forma de democratização da estrutura agrária, social, política, econômica e educacional brasileira.

O projeto de extensão CRB (Curso Realidade Brasileira), coordenado pelos professores Gleyton Trindade e Adriano Santos, do Instituto de Ciências Humanas e Letras, em articulação com outras instituições parceiras do projeto (IFSULDEMINAS - Campus Machado e UFLA) realizam – com apoio e organização do Levante Popular da Juventude – de 7 a 12 de abril, as Jornadas Universitárias em defesa da Reforma Agrária Popular, no Sul de Minas.

Na UNIFAL-MG foi realizada, em 08 de abril, a mesa-redonda Universidade e Reforma Agrária Popular que contou com a participação do Prof. Luis Groppo do Instituto de Ciências Humanas e Letras, da Prof. Ana Rute do Instituto de Ciências da Natureza, e da militante e dirigente estadual do MST, Michelle Capuchinho.

As lutas históricas do movimento estudantil e a autogestão da universidade

Abrindo a discussão sobre a temática, o Prof. Luis Groppo traçou um panorama histórico sobre as mobilizações e manifestações estudantis na década de 1960, destacando não só as lutas de maio de 68 e algumas das principais reivindicações dos estudantes por liberdade e maior participação política na vida universitária, mas enfatizando a importância da luta desses movimentos contra a ditadura militar no Brasil.

A extensão como prática social: entre a universidade e a comunidade

A professora Ana Rute apresentou parte dos resultados de seus projetos de extensão, desenvolvidos em articulação com os assentamentos do MST no Sul de Minas, e assinalou a importância desses projetos no estreitamento das relações entre a Universidade, a comunidade e os movimentos sociais da região. Destacou ainda, o papel desse processo na formação intelectual, política, e social dos alunos envolvidos com o projeto.

Agronegócio versus Reforma Agrária Popular

A dirigente do MST, Michelle Capuchinho, fechou a mesa-redonda, debatendo – a partir de dados e informações oficiais – as dificuldades e os obstáculos para a realização da Reforma Agrária no Brasil. Apresentou as contradições do modelo do Agronegócio, sua lógica destrutiva, enfocando os riscos que o uso de agrotóxicos traz para a saúde e para o meio ambiente.  Problematizando os limites sociais e naturais desse modelo dominante de agricultura, que tende a concentrar e a controlar ainda a mais as terras e riquezas naturais do nosso país, Michelle destacou a Reforma Agrária Popular e a produção agroecológica como alternativas sustentáveis de desenvolvimento social e democratização da terra no Brasil.

O evento ainda contou ao longo do dia e da noite, com uma simpática exposição de produtos orgânicos, produzidos pelos trabalhadores assentados do MST, demonstrando que a Reforma Agrária não só é possível como necessária para garantir alimentação de qualidade ao povo brasileiro, mas também porque representa uma alternativa diante do avanço e da lógica destrutiva do agronegócio no Brasil.

Informações: Adriano Pereira Santos, professor do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UNIFAL-MG

Fotos: Larissa Goulart, acadêmica do curso de Ciências Sociais

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