Prof. Eloésio Paulo desmitifica a abordagem da loucura como tema literário

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Em minicurso, docente da UNIFAL-MG apresentou possibilidades de pesquisa sobre o assunto

O professor Eloésio Paulo dos Reis, do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UNIFAL-MG, ministrou na sexta-feira,15/09, o minicurso intitulado "A loucura na literatura - do mito à ideologia", dentro da programação do 4º Seminário de Estudos de Literatura - SELIT, do programa de pós-graduação nessa área mantido pelo curso de Letras da Universidade Federal de São Carlos (SP).

De acordo com a Comissão Organizadora, o evento teve como tema central a "Literatura e marginalidades" e objetivou “discutir, mais do que as distintas marginalidades nos estudos literários, a Literatura em seu caráter marginal, por ser transgressora, não subserviente e engajada.”

Apoiando-se em Foucault, Felman, Padel, Szas e em suas pesquisas, Prof. Eloésio fez um breve percurso histórico da “abordagem da loucura como tema na literatura brasileira, remontando aos antecedentes mais antigos, situados na mitologia grega e na Bíblia”, descrevendo ainda que, “a loucura, como tema literário, desvinculou-se, progressivamente, sobretudo no século XIX, da conotação mitológica – em que o infortúnio do louco era mandado pelos deuses – em favor de uma apropriação da fala do louco pelo discurso do psiquiatra.”

Segundo o professor, o conteúdo do minicurso foi uma síntese de sua tese de doutoramento, intitulada "O escritor no hospício" (Unicamp, 2004), e de seu recente livro "Loucura e ideologia em dois romances dos anos 1970" (2014). "A proposta foi muito bem recebida, pois me informaram que esse foi o minicurso com o maior número de inscritos e encontrei uma sala de jovens muito atentos e interessados no tema", avaliou o ministrante.

Resumindo o programa de sua fala, Prof. Eloésio disse que apresentou aos discentes, graduandos e pós-graduandos em Letras, "um panorama das possibilidades de pesquisa sobre as representações literárias da loucura e da instituição psiquiátrica, partindo das tragédias gregas e chegando a autores brasileiros do século XX como Campos de Carvalho e Carlos Sussekind."

Nas palavras do professor: "a caracterização do louco, perdendo suas bases religiosas, assumiu um viés crescentemente político, resultando no confinamento físico e na reclusão ideológica tão bem representada em obras como O alienista, de Machado de Assis, A lua vem da Ásia, de Campos de Carvalho, e Confissões de Ralfo, de Sérgio Sant’Anna.”

Com informações: Eloésio Paulo dos Reis e Rosângela Rodrigues Borges, professores do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UNIFAL-MG
Foto: arquivo de Eloésio Paulo dos Reis