Professora da UNIFAL-MG lança coletânea de trabalhos jornalísticos de Clarice Lispector

Versão para impressãoEnviar por email

Publicação da Profa. Aparecida Maria Nunes ganha repercussão na crítica literária nacional

A professora do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UNIFAL-MG, Aparecida Maria Nunes, acaba de lançar uma coletânea de trabalhos jornalísticos de Clarice Lispector: “Clarice na Cabeceira – Jornalismo”, publicação que vem ganhando destaque na crítica literária nacional.

Lançado pela editora Rocco, o livro reúne em 240 páginas, crônicas, reportagens, entrevistas e comentários sobre moda e etiqueta que marcaram a atuação da escritora na imprensa, para a qual escreveu cerca de cinco mil textos e realizou mais de 100 entrevistas.

Na edição deste mês de novembro, a revista BRAVO! destacou na capa “Clarice – A Repórter” e em artigo assinado pelo jornalista Oscar Pilagallo, apresentou a coletânea organizada pela Profa. Aparecida:

“Resgatado das traças da história pela professora de literatura Aparecida Maria Nunes, o artigo da seção Entre Mulheres de 19 de setembro de 1952 integra a produção da autora de A Hora da Estrela para jornais e revistas, em parte inédita do livro. Esse é o escopo de Clarice na Cabeceira – Jornalismo (Rocco), com crônicas, reportagens, entrevistas e contos, que é publicado às vésperas dos 35 anos da morte da escritora. A reunião de textos de circunstância, pelos quais a própria autora parecia não nutrir grande apreço, estaria apenas raspando o fundo do tacho clariciano se não jogasse alguma luz sobre a biografia e a composição literária da escritora que, identificada por sua introspecção, sintaxe particular e imagens inusitadas, construiu um universo ficcional plenamente reconhecível.” (Jornalista de carteirinha – pág. 26)

Profa. Aparecida é pesquisadora de Clarice Lispector desde 1983, tendo publicado também "Clarice Lispector jornalista: Páginas femininas & outras páginas", além de outros livros que organizou para a editora, como "Correio Feminino" e "Só para Mulheres", com textos inéditos de Clarice, que mereceram ainda lançamento pelas editoras Siruela, na Espanha, e Relógio d’Água, em Portugal.

Segmentada em quatro momentos, a estrutura do livro contemplou os primeiros textos na imprensa (nos jornais A Noite e Diário do Povo e nas revistas Pan, Vamos Ler! e Dom Casmurro); as chamadas páginas femininas (nos jornais Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite); as crônicas (nas revistas Senhor e Joia, e no Jornal do Brasil); e as entrevistas (para Manchete e Fatos e Fotos/Gente).

Comentando sobre o perfil da escritora, Profa. Aparecida fala sobre a importância do trabalho na imprensa para a construção da literatura clariciana. “É pela imprensa que Clarice veicula suas primeiras produções literárias. É no trabalho de gêneros híbridos, como a crônica, que Clarice se populariza. É nas páginas de jornal que publica embriões de contos e romances. É no trabalho de jornalista que Clarice se mostra uma escritora hábil, versátil e ímpar, porque o jornalismo praticado por ela, tal qual a literatura clariciana, também é peculiar. As páginas de crônicas de Clarice Lispector, seja em jornais ou em revistas, a exemplo das colunas femininas que produziu, tornam-se laboratório para sua ficção. Razão essa que talvez explique a intertextualidade tão corriqueira entre o jornalismo e a literatura que escreveu.”

Segundo a pesquisadora, a publicação de contos na revista Senhor, um dos veículos mais prestigiados pela imprensa brasileira na época, tornou a escritora reconhecida pelo público. “A publicação de contos na Senhor é um divisor de águas na carreira literária de Clarice Lispector. Segundo Paulo Francis, antes de Senhor, Clarice era conhecida por poucos intelectuais. A obra de Clarice não tinha a penetração que tem hoje diante do público. Também, naquele momento, em meados dos anos 1950, Clarice não encontrava editor. Estava em evidência o ‘realismo socialista’ e o texto de Clarice não supria essa demanda de mercado. Senhor foi a responsável por levar a ficção de Clarice a um público heterogêneo, multifacetado. Senhor foi a responsável por tornar conhecidos os contos ‘Feliz aniversário’, ‘Uma galinha’, ‘A imitação da rosa’ e ‘O búfalo’, entre outros, antes de ganharem edição em livro. Nas páginas da revista, a ficção de Clarice recebe notoriedade, conquista leitores e se faz mais presente na mídia”, explica.

“Clarice na Cabeceira – Jornalismo” já está disponível em livrarias de todo país.

Leia também matéria sobre o livro feita pelo jornalista Ubiratan Brasil, no jornal O Estado de S. Paulo, em 17/11/2012. Acesse!

A autora

 
Doutora (1997) e mestre (1991) em Letras, na área de Literatura Brasileira, pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo, Aparecida Maria Nunes é atualmente professora titular do curso de Letras da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG. Possui graduação em Letras - Português/ Inglês - pela Universidade de Mogi das Cruzes (1981) e, pela mesma universidade, recebeu o título de bacharel em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo (1978). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura e Literatura Brasileira. Atua principalmente nos seguintes temas: Clarice Lispector, Literatura e Jornalismo, Imprensa Feminina, Periodismo do século XIX no sul de Minas Gerais.
 
 
Por: Ana Carolina Araújo
Jornalista da Assessoria de Comunicação Social
Universidade Federal de Alfenas