Projeto Café com Administração Pública discute o adoecer pelo trabalho

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Atividade enfatizou o adoecimento psíquico e físico dos trabalhadores na esfera pública
Prof. Luciano Elia (UERJ)

No dia 06/10, a atividade de extensão Café com Administração Pública recebeu o psicanalista, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e membro do Laço Analítico Escola de Psicanálise (LAEP), Luciano Elia. O evento ocorreu no auditório do Campus Avançado de Varginha e contou com um público formado por funcionários, discentes e docentes do ICSA, além de membros do LAEP/Varginha, profissionais liberais e estudantes de ensino médio.

A palestra do Prof. Luciano Elia, intitulada "Uma reflexão crítica sobre o processo do ‘adoecer’ pelo trabalho na esfera pública: de que se trata de tratar?", tomou como objeto de análise o adoecimento psíquico e físico dos trabalhadores em decorrência das condições de trabalho existentes no setor público.

O convidado iniciou a fala fazendo menção ao suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, professor e doutor em Direito, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que marcou tragicamente a primeira semana do mês de outubro. O episódio, segundo o professor, direcionou publicamente a atenção para os efeitos perversos de ações políticas que, no tempo presente, tem se abatido sobre servidores do Estado. 

Após criticar o projeto neoliberal em curso no Brasil, o qual transforma o Estado em prestador de serviços do grande capital, o professor Elia desenvolveu a sua análise por meio de uma chave macroestrutural, a qual retira dos sujeitos isolados as motivações e os elementos condicionantes de seu sofrimento. A partir de uma análise das condições histórico-políticas do momento presente, o palestrante apresentou algumas questões: o adoecer no trabalho no espaço público nos autoriza a pensar em projetos de intervenção clínica ou terapêutica? Se é disso que se trata, o que caberia fazer? De que modo a psicanálise poderia entrar no debate dessa questão?

Situando-se a partir do papel social do psicanalista, Elia apresentou uma densa problematização sobre as questões dispostas. Defendeu que a intervenção do profissional deve resultar da associação entre aspectos políticos e clínicos, de modo a entender o adoecimento numa relação de determinação entre as estruturas do poder e os modos como esse poder se estabelece em uma sociedade, tarefa assumida pelo próprio Estado.

Para Elia, carecemos de abordar a questão em nível macroestrutural e produzir inflexões necessárias que impliquem o sujeito como protagonista de seu sofrimento. Para ele, tal posicionamento precisa ir para além do mero exercício terapêutico, que assim esvaziaria a dimensão política. A psicanálise deve agir em correspondência com sua estrutura de práxis político-discursiva, realizando-se intervenções que ensejem mudanças subjetivas de posição nos trabalhadores em particular, mas também no plano coletivo, para o enfrentamento das condições degradantes do trabalho.

Público presente no evento

Informações e fotos: Elisa Zwick e Vanessa Dias (coordenadora do projeto), docentes do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da UNIFAL-MG, campus Varginha