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OBJETIVO: trabalhar soluções para problemas ambientais na região de Alfenas
No mês de junho, os participantes do projeto de extensão da UNIFAL-MG, TEIA – Tecendo Múltiplos Olhares e Práticas Socioambientais, Luciana Resende Allain, Thales A. Tréz, Flavio Nunes Ramos e Giovana Carine Leite, promoveram uma reunião com professores de diversas áreas da universidade, a fim de iniciar o processo de articulação e constituição de uma rede multidisciplinar de docentes que pudesse trabalhar soluções para problemas ambientais na região de Alfenas.
A intenção é estabelecer vínculos entre professores e colaboradores para que, após listar problemas ambientais na região, haja possibilidade de traçar metas, prazos e produtos a serem desenvolvidos visando sua solução; contribuindo assim, não somente para a conservação do meio ambiente, como também para a formação teórico-conceitual dos graduandos.
De acordo com o projeto, cada docente poderá contribuir com a área de sua competência (pesquisa, ensino ou extensão) dentro de metas e prioridades estabelecidas pela rede de modo a tentar resolver alguns problemas ambientais pré-selecionados. Atores regionais (políticos, técnicos e outros) deverão ser convidados para participar das proposições de atuações de modo a melhorar a interdisciplinaridade e aumentar a chance dos resultados tornarem-se política pública. Está sendo organizado com os docentes Paulo Alexandre Bressan e Luis Eduardo da Silva, da Ciência da Computação, um projeto para desenvolver processos de armazenamento e gerenciamento dos dados a longo prazo, assim como processos para facilitar a mineração desses dados e a visualização dos dados georreferenciados, que serão coletados pelos projetos ligados à Rede.
Os docentes interessados em participar da Rede Multidisciplinar estão sendo cadastrados na plataforma Moodle e estão realizando reuniões presenciais. Já ocorreram 2 reuniões. As seguintes informações estão sendo cadastradas no Moodle: (a) área de atuação, (b) projetos (ensino, pesquisa e extensão) que vêm realizando sobre algum problema ambiental, (c) demanda de ajuda ou apoio para alguns destes projetos e (d) projetos futuros que cada um possui interesse em realizar. Algumas discussões virtuais estão sendo fomentadas. O objetivo é aumentar o conhecimento das atividades que os docentes da UNIFAL-MG realizam para aumentar a interatividade entre eles.
Quem tiver interesse de fazer parte da Rede Multidisciplinar de problemas ambientais, entre em contato com a equipe pelos e-mails fnramos@gmail.com, luallain@yahoo.com.br ou thales.trez@unifal-mg.edu.br, e também pelos telefones: 3299-1477 ou 3299-1466.
Confira a seguir, entrevista com o professor de Ciências Biológicas da UNIFAL-MG, Flavio Nunes Ramos, sobre o projeto ECOFRAG – Estudo sobre a Fragmentação Florestal.
1. O que é o ECOFRAG?
É a sigla do Laboratório de Ecologia de Fragmentos Florestais aqui do campus de Alfenas da UNIFAL-MG.
2- O que é fragmentação florestal?
Com o constante desmatamento há a redução da floresta original em vários “pedaços” (fragmentos) circundados por um novo habitat (agropecuário ou urbano). Com o processo de desmatamento, o fragmento remanescente fica muito pequeno e seu microclima alterado. Isso faz com que haja extinção local das espécies mais exigentes. Além disso, esses fragmentos ficam isolados uns dos outros, o que pode comprometer geneticamente essas espécies por um aumento nos cruzamentos consanguíneos e, assim, resultar na extinção local há médio e longo prazo. As espécies mais oportunistas e generalistas acabam sendo favorecidas nesta nova paisagem fragmentada modificando toda a comunidade original da região.
2. Quem são os participantes do laboratório?
São os professores Alberto J.A. Olavarrieta, Erica Hasui, Rogério G. T. da Cunha, Vinícius X. da Silva e eu, Flavio N. Ramos. Todos participantes são integrantes do Instituto de Ciências da Natureza - ICN e estão incluídos no grupo de pesquisa do CNPq: Estudo Sobre a Fragmentação Florestal no Sul de Minas Gerais. Mais quatro docentes, de outros laboratórios, mas participantes do mesmo grupo de pesquisa, colaboram com pesquisas sobre o efeito da fragmentação: Fernando S. Kawakubo e Rúbia G. Morato (sensoriamento remoto), Marcelo Polo (ecofisiologia vegetal) e Vanessa R. M. Cotúlio (genética de populações).
3. Quais são os objetivos?
O objetivo principal é estudar (pesquisa) o efeito da fragmentação (desmatamento e isolamento dos remanescentes) sobre a ecologia da biota do município de Alfenas e arredores. Associando os resultados levantados através das nossas pesquisas, com grupos que promovam o ensino, a extensão e políticas públicas esperamos incentivar a conservação e restauração da biodiversidade do local.
Estamos realizando pesquisas em duas frentes principais: (1) conhecer e descrever a biodiversidade remanescente nos poucos fragmentos de floresta que restaram na região; e (2) tentar entender quais são os fatores (microclima, uso da terra, manejo de defensivos agrícolas, histórico de perturbação, características da paisagem, etc.) que influenciam negativamente a biodiversidade remanescente destes fragmentos, para tentar amenizá-los ou eliminá-los.
4. O que vocês já conseguiram levantar de resultados?
A região de Alfenas está bastante desmatada e fragmentada, tendo sobrado apenas 4% da mata Atlântica original. Nós já temos resultados para: árvores e arbustos (260 espécies, cerca de cinco mil indivíduos numerados e etiquetados e georreferenciados), aves (150 espécies), répteis (50 espécies), anfíbios (46 espécies), primatas (5 espécies), e alguns insetos, como abelhas (15 espécies), borboletas (40 espécies), cupins (5 espécies) e formigas (75 espécies). Além disso, estamos realizando estudos sobre a influência da fragmentação (i) na época de floração e frutificação de mais de 100 espécies de plantas; (ii) sobre algumas interações ecológicas, como polinização, dispersão de sementes e predação; (iii) na biodiversidade da região.
5. De posse desses dados, qual é a proposta do grupo?
Com esses resultados tentaremos atingir duas principais frentes de conservação: (1) aumentar o tamanho dos fragmentos e melhorar a qualidade dos mesmos e (2) melhorar as condições no entorno dos fragmentos (chamado tecnicamente de matriz), tanto na parte rural como na urbana, para possibilitar maior movimentação dos animais, diminuindo o isolamento dos fragmentos.
Para o primeiro objetivo, precisamos mostrar para os proprietários como é importante manter/aumentar a floresta na sua propriedade. Precisamos mostrar que as árvores vivas têm mais valor do que cortadas para servir de lenha ou produtos madeireiros. Precisamos demonstrar e quantificar economicamente o valor da floresta. A floresta presta vários serviços ecossistêmicos (retenção de carbono, polinização, manutenção de água, erosão, controle de pragas, etc.), pode ter uso turístico e várias espécies podem ser exploradas economicamente pelo seu uso químico, farmacêutico, alimentar, assim como pela coleta de sementes para reflorestamento, etc. Precisamos fazer um programa multidisciplinar tentando estimular isso.
Para o objetivo dois, precisamos estimular a recuperação das áreas de proteção permanente (APPs) e de reserva legal, assim como estimular cercas vivas e sistemas de agrofloresta nas propriedades rurais. Precisamos também estimular o incremento de área verde nas cidades e melhorar a qualidade da arborização urbana, como, por exemplo, utilizar mais árvores nativas da região, ao invés das espécies exóticas que têm sido utilizadas. O Projeto TEIA, já em andamento, está realizando um trabalho educativo piloto em 3 escolas públicas de Alfenas, com o objetivo de informar os alunos sobre os problemas ambientais decorrentes da fragmentação florestal e iniciar, junto a eles, o plantio de espécies nativas da nossa região.
Para trabalhar nessas duas frentes precisamos de ações de pesquisa, ensino e extensão. Como o ECOFRAG é um grupo de pesquisa, ele precisa da ajuda de grupos que trabalhem com ensino e extensão, além de pesquisas em outras áreas também. Qualquer ajuda será bem-vinda. Quem tiver interesse em participar de alguma destas etapas ou projetos pode entrar em contato comigo através do e-mail: fnramos @gmail.com.