Prática de campo de Análise de Impacto Ambiental do 6º Período de Ciências Biológicas atingiu os objetivos

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Alunos realizaram estudos em municípios do Estado de São Paulo

Com a participação de 100% dos alunos do 6º Período do Curso de Ciências Biológicas e dois monitores, o trabalho de campo programático de Análise de Impacto Ambiental, realizado de 24 a 27/01/13, atingiu plenamente os objetivos previstos na disciplina, de acordo com o docente Ronaldo Luiz Mincato do Instituto de Ciências da Natureza da UNIFAL-MG.

Foram realizados estudos no Estado de São Paulo, nos municípios de Salto e Itu, na região de Sorocaba, e nos de Iporanga e Eldorado, no Vale da Ribeira. A atividade iniciou com estudos no Parque Rocha Moutounnée, em Salto, e no Parque Geológico do Varvito, em Itu. Em Salto foram feitas observações sobre o estágio de degradação do Rio Tietê, que corta a cidade.

Alunos de Ciências Biológicas às margens do Rio Tietê, em Salto – SP, onde se observa lixo urbano, transportado pelo rio, acumulado nos galhos das árvores

Nos parques Rocha Moutounnée e do Varvito foram verificados os resultados da implantação de projetos recuperação de áreas degradadas por mineração, em rochas típicas do paleoambientes glaciais do subgrupo Itararé, com cerca de 270 milhões de anos.

Visitantes na antiga frente de lavra de antiga pedreira de varvivo, hoje, recuperada como parque para estudos geológicos e paleoambientais, e visitas didáticas

Os trabalhos prosseguiram no Vale da Ribeira, sul do Estado de São Paulo. As atividades ocorreram no maior fragmento do bioma Mata Atlântica, preservado no Brasil, especialmente no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira – PETAR. O parque compreende além de parte da reserva da Mata Atlântica mais de 250 cavernas em típico relevo cárstico, objeto de estudos espeleológicos. Foi visitado o Núcleo Santana e as cavernas Santana e Água Suja.


Alunos no mirante da entrada do Núcleo de Cavernas Santana, onde devidamente equipados ouviram uma breve histórico da ocupação colonial da região e as orientações de segurança para as visitas nas cavernas Santana e Água Suja


Entrada da Caverna Água Suja, uma caverna de características ressurgentes visitada pelos alunos de Ciências Biológicas

No município de Eldorado, no Quilombo do Ivaporunduva, foi apresentada a história do Quilombo, que remonta a 1630, conforme atestado pelos registros antropológicos da construção da Igreja local. No interior da Igreja foi contada a história e o modo de vida sustentável adotado no Quilombo, por um dos Coordenadores da comunidade, o Senhor Benedito, também chamado de “Ditão”. Foi visitado ainda o processo artesanal de produção da farinha de mandioca. Em seguida, foi visitada a produção agroecológica de banana, que respeita os ecossistemas, com respeito à cadeia trófica e preservação da flora e fauna locais e que, dessa forma, propicia uma melhor saúde e qualidade de vida para os produtores e consumidores da banana.


Alguns alunos de Ciências Biológicas defronte à Igreja Católica do Quilombo do Ivaporunduva, cuja construção ocorreu, o mais tardar, em 1630

 


Palestra proferida por um dos coordenadores do Quilombo, Sr. Benedito - “Ditão” aos graduandos de Ciências Biológicas, no interior da Igreja do início do Século XVII

 


Palestra proferida pelo Sr. Benedito aos graduandos na área de cultivo agroecológico de banana

 


(Fotografia em detalhe) do palestrante e um dos coordenadores do Quilombo, Sr. Benedito – “Ditão”, na área de cultivo agroecológico de banana

Após a visitação ao bananal agroecológico, os graduandos de Ciências Biológicas almoçaram junto com a comunidade uma típica feijoada quilombola.


Alunos almoçando a feijoada quilombola, na pousada do Quilombo Ivaporunduva

Depois do almoço, os futuros biólogos juntos aos coordenadores do Quilombo, se reuniram para uma foto de recordação da gratificante experiência.


Alunos reunidos com membros da comunidade quilombola para a foto de despedida. Ao fundo observa-se o Rio Ribeira do Iguape, em cuja margem norte localiza-se o Quilombo do Ivaporunduva

Após a despedida do Quilombo, os alunos de Ciências Biológicas realizaram uma visita ao Centro de Estudos da Biodiversidade da Reserva Betary. Trata-se de uma reserva particular que promove estudos da flora e da fauna do bioma Mata Atlântica. Houve uma palestra de biólogo pesquisador do centro e depois foi visitada a estufa com espécimes da flora local e as armadilhas armadas para coletar exemplares da fauna. A proposta do Centro de Estudos da Biodiversidade é desenvolver pesquisas e estudos sobre a biodiversidade dos ecossistemas brasileiros e subsidiar ações conservacionistas na região da Mata Atlântica.


Graduandos de Ciências Biológicas chegando à sede do Centro de Estudos da Biodiversidade da Reserva Betary, no município de Iporanga–SP

No final da tarde do penúltimo dia de atividades, os alunos e monitores da disciplina de Análise de Impacto Ambiental, do curso de Ciências Biológicas, tiveram oportunidade de praticar o boia cross no Rio Betary. Este tipo de atividade esportiva foi criado nesta região e depois se difundiu mundo afora. As imagens a seguir, ilustram a prática do boia cross e os alunos no retorno à pousada, acomodados na carroceria de caminhão da própria pousada, após a atividade.


Fotografia da partida para o exercício de boia cross no Rio Betary

 


Exercício de boia cross no Rio Betary

 


Ponto final da atividade de boia cross no Rio Betary

 


Após o boia cross no retorno a pousada, alunos acomodados na carroceria de caminhão da pousada

No último dia de atividades foram realizados estudos sobre a degradação ambiental e das medidas mitigadoras implantadas na Mina de Pb-Ag de Furnas, às margens da rodovia que liga Iporanga a Apiaí–SP. As atividades de mineração no local tiveram início em 1918 e foram encerradas em 1995. Recentemente foram iniciados os trabalhos de recuperação da enorme degradação ambiental promovida na região.

Depoimentos dos participantes

Para o docente da disciplina o êxito no desenvolvimento das atividades fica estampado na satisfação dos alunos com o desenvolvimento do trabalho. Isto apesar do desgaste físico de todos no final dos trabalhos. A seguir algumas manifestações voluntárias de alguns alunos da disciplina sobre o trabalho realizado e a importância a formação deles.

A acadêmica Jéssica A. Carvalho Oliveira destacou, dentre as atividades, o Centro de Estudos da Biodiversidade da Reserva Betary que representa uma iniciativa privada de preservação ambiental que visa estudos para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Tal iniciativa mostra que todos podem contribuir para a preservação do meio ambiente. Ou seja, que todos são responsáveis e podem contribuir para a preservação ambiental para as gerações futuras.

A aluna Bruna Lorencini da Silva enfatizou a importância dos trabalhos realizados no Quilombo do Ivaporunduva, no Município de Eldorado–SP. Destacou que se trata de um Quilombo que existe, no mínimo, desde 1630 e apenas em 2010 obtiveram o registro da propriedade da terra. Salientou que “a sabedoria dos quilombolas mostra, de forma categórica, que é possível melhorar a qualidade de vida dos habitantes locais sem destruir o ambiente natural”. Bruna revela que o fato que lhe chamou atenção foi que: “a propriedade coletiva da terra ajuda na responsabilidade de todos habitantes locais com a preservação ambiental, que atualmente é de mais de 70% da área total do quilombo”.

As observações da Bruna foram corroboradas e complementadas pela acadêmica Flávia Colette Boing, que ressaltou o grande ganho obtido no trabalho de campo pelo conhecimento de outras formas de organização da sociedade. Destacou os ensinamentos da comunidade quilombola que: “ilustram uma sociedade capaz de aliar crescimento econômico com sustentabilidade socioambiental por meio da agricultura orgânica, que ajuda na preservação ambiental e traz resultados econômicos e sociais, com impacto direto na melhoria da qualidade de vida da comunidade e dos consumidores da produção”.

A estudante Camila Miranda Pernambuco destacou que o trabalho de campo de Análise de Impacto Ambiental foi uma grande experiência de vivenciar na prática os aprendizados teóricos obtidos em sala de aula. Pois, além de colocar em prática os conhecimentos relativos às questões ambientais permitiu perceber, ainda, o lado humano do problema. Destacou que: “a importância do meio é inquestionável sim, mas não podemos nos esquecer das pessoas que vivem nele. Pois, as pessoas são dependentes daquele meio e lá elas sabem viver em harmonia com ele”. Isto tudo, segundo a Camila, é demonstrado pelo fato de que: “é possível sim viver em meio à natureza, estabelecendo uma relação de trocas, sem agressões. Você cuida e mantem a natureza e ela te oferece o que tem de melhor”. Camila destacou ainda que: “o trabalho de campo proporcionou o aprendizado prático de tantas coisas boas, que é difícil de sintetizar em poucas palavras, pois sempre ficaria incompleto” e finalizou que: “é muito mais do que uma viagem da disciplina de Análise de Impacto Ambiental, mas sim da união de todas as disciplinas do curso”.

O aluno Alexandre Casadei Ferreira frisou a importância da realização de trabalhos de campo para o aprendizado. De acordo com ele: “tanto no Quilombo do Ivaporunduva, como no convívio com os moradores locais, ficou demonstrado que não é apenas no meio acadêmico que se produz conhecimento critico, mas, muito pelo contrario, na simplicidade da população local foi percebida a preocupação e o cuidado de todos para o que a natureza da região oferece”. Destacou ainda que: “a experiência que o trabalho de campo trouxe não serviu apenas para agregar conhecimento acadêmico, mas também para o crescimento da consciência pessoal de toda turma do 6º Período do Curso de Ciências Biológicas da UNIFAL-MG”.

Para a aluna Flavia Torres, todo trabalho de campo de Análise de Impacto Ambiental foi uma grande oportunidade de relacionar os conhecimentos teóricos e práticos sobre preservação do meio ambiente de forma lúdica. Destacou também a experiência surpreendente vivenciada no quilombo, que ilustra que: “os valores intrínsecos da sustentabilidade como modo de vida de seus membros, que é fundamentado na propriedade coletiva da terra e na corresponsabilidade de todos para com todos e também na preservação da própria história e da memória cultural da comunidade”.

Finalizando, a acadêmica Nádia F. de Souza sublinhou que todo o trabalho de campo representou uma experiência inigualável. Realçou que: “a observação do Rio Tietê, em Salto, as áreas de mineração recuperadas nos paleoambientes glaciais em Salto e Itu, o contato, no Vale da Ribeira, com o esplendor da natureza no maior fragmento do bioma Mata Atlântica preservado no país, o contato com o ambiente cárstico e com um modelo socioeconômico e ambiental sustentável, que realmente funciona, são experiências únicas e fundamentais para nossa formação como biólogos”.

Informações: Ronaldo Luiz Mincato, professor do Instituto de Ciências da Natureza da UNIFAL-MG