Obra de docente da UNIFAL-MG aborda condições de saúde dos escravos negros

Versão para impressãoEnviar por email
Prof. Alisson Eugênio é o autor do livro “Lágrimas de sangue” que será lançado em breve

“Lágrimas de sangue” é o título da nova obra do professor Alisson Eugênio, do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UNIFAL-MG, prevista para ser lançada até o final de março pela Alameda Editorial.

Resultado de uma pesquisa originada no pós-doutoramento do docente na UFMG, concluído ao final de 2010, quando o professor encontrou alguns relatos trágicos sobre as condições de saúde dos escravos negros, o livro apresenta as muitas “faces da escravidão”. “Uma delas é narrada em diversos relatos médicos, os quais apresentam uma visão trágica sobre a vida da população escrava, em particular sobre as suas condições de saúde. As razões dessa visão ser assim caracterizada, como ela foi fundamentada e os possíveis significados históricos da sua construção como instrumento intelectual de intervenção na vida social, são   abordadas   nesse   livro,   cujo   objetivo   é   analisar   como   a   sociedade   escravista comportou-se em relação à saúde dos escravos antes e depois do Iluminismo”, descreve o autor no resumo.

Segundo o pesquisador, para a elaboração da obra, diversos acervos foram consultados no período entre 2011 e 2013, entre os quais, a Biblioteca Nacional, o Real Gabinete Português de Leitura, o Arquivo Público Mineiro, a Academia Nacional de Medicina, a Casa do Pilar/Anexo do Museu de Ouro Preto e o Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. “Em 2014 o escrevi e em 2015 fui atrás de editora e patrocínio”, conta Prof. Alisson, destacando que conseguiu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG) para a publicação.

Ao comentar a contribuição que sua obra trará para o tema no Brasil, o autor ressalta: “Estou muito contente com a publicação desta pesquisa que resultou no primeiro livro sobre o assunto no país. Até então havia dois dossiês de revistas, frutos de esforço conjunto de diversos autores. Mas livro mesmo não havia”, observa Prof. Alisson. “Trata-se de um passo, modesto, mas significativo para a historiografia nacional, uma vez que, ao aproximar dois campos historiográficos distintos - os estudos sobre escravidão e os estudos sobre história da saúde -, o livro contribui para a criação de um novo campo de pesquisa que só muito recentemente começou a ser construído no Brasil, e que muito pode revelar sobre as condições de saúde dos trabalhadores submetidos à escravidão e às origens da Medicina do Trabalho no Brasil”, acrescenta.

O livro poderá ser encontrado na livraria virtual da Alameda Editorial ou encomendado em livrarias convencionais do país, a partir de abril.

SOBRE O AUTOR

Alisson Eugênio é natural de Nova Lima-MG e professor de História do Brasil na UNIFAL-MG desde 2009. Formado em História pela Uni­versidade Federal de Ouro Preto, possui mestrado pela Universidade Fede­ral do Rio de Janeiro, doutorado pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pela Uni­versidade Federal de Minas Gerais. O pesquisador é também autor das obras “Fragmentos de liberdades: as festas religiosas das irmandades de escravos em Minas Gerais na época da Colô­nia” (FAOP: 2007, E-papers: 2ª ed. 2010), “Reforming habits: the stru­ggle against poor healt conditions in 19th Brazil” (Verlag: 2010), “Arautos do progresso: o ideário mé­dico sobre saúde pública no Bra­sil na época do Império” (Edusc: 2012) e “Fontes para o estudo da his­tória de Alfenas” (Alfenas, Universi­dade Federal de Alfenas, 2013).