Professora da UNIFAL-MG é destaque em matéria da UNESP sobre pesquisadoras que estudam personagens femininas

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Fernanda Aparecida Ribeiro do ICHL comenta sua pesquisa "Anita Garibaldi Coberta de Histórias"

A professora do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UNIFAL-MG, Fernanda Aparecida Ribeiro, foi uma das pesquisadoras que estudam personagens femininas entrevistadas em matéria divulgada no Portal da Reitoria da Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (UNESP), nesta quinta-feira, 31/10/2013.

Leia na íntegra:

Pesquisadoras da Unesp estudam personagens femininas

Grupo de São Paulo e pesquisadora de Assis enfocam o tema

As mulheres têm conquistado, durante a história, mudanças significativas em seus papeis sociais. Antes apenas donas de casa e mães, hoje as mulheres conquistaram outros lugares, como por exemplo, universidades, indústrias e empresas, exercendo funções importantes no mercado de trabalho.

Personagens femininas em obras da literatura e da dramaturgia caminham com a história real das mulheres, seja mostrando as personagens em seu tempo, à frente de seu tempo ou ainda em situações de submissão.

O grupo de estudos “Poéticas feministas: Um estudo sobre gênero e arte”, do Instituto de Artes da Unesp (IA), é uma iniciativa de estudantes de diversos cursos do IA que sentiram necessidade de criar um espaço para debater questões relacionadas ao feminismo e ao gênero. Durante os últimos encontros foi organizando um laboratório para pesquisar determinadas personagens femininas em dramaturgias escolhidas.

Outra pesquisadora que estuda uma personagem mulher e seus papeis sociais é Fernanda Aparecida Ribeiro, doutora pela Unesp de Assis e professora na Universidade Federal de Alfenas, ela escreveu a tese: Anita Coberta de Histórias, que mostra diferentes pontos e vista sobre a personagem Anita Garibaldi.

A personagem feminina na literatura e na dramaturgia sob a ótica de autores homens e mulheres geram algumas questões que causam inquietações e curiosidade: A literatura e a história realmente compartilham fatos que demonstram a emancipação e independência da mulher? Muitas vezes uma personagem que, à luz de estudos feministas, se mostra à frente de seu tempo, apresenta ainda muitas contradições.

Fernanda fala sobre esta ambiguidade nas descrições de Anita Garibaldi: “Historiadores da Revolução Farroupilha e os biógrafos de Anita relataram muitas passagens de Anita em seu universo privado (casa, família, marido), como para dizer que ela era, além de uma mulher forte, que soube lutar na guerra e morreu em meio a uma perseguição, um modelo exemplar de mulhe

r (patriarcal)”. Ela completa: “Juntando tudo, Anita seria o modelo ideal de mulher tanto no espaço privado como no público”.

Alice Nunes, mestranda do IA Unesp e integrante do grupo “Poéticas feministas: Um estudo sobre gênero e arte” estuda a personagem Eleda, que vive um dilema amoroso na peça Colônia Cecília, de Renata Pallottini. A peça aproveita um fato histórico pouco estudado, uma colônia anarquista fundada no final do século XIX. Durante um jogo teatral de entrevistas Alice percebeu que uma personagem que ela tinha escolhido por representar movimentos que ela acreditava, apresentava contradições também: “É uma personagem que tem seus pontos de dúvida e contradição, e isso me faz ficar mais apaixonada. É uma contradição que acho linda, mais que não foi resolvida, nem no anarquismo nem nos movimentos de esquerda”.

Histórias literárias e da dramaturgia mostram contradições que mulheres vivem até hoje, mesmo quando existe uma consciência feminista ainda é difícil juntar as idéias com a prática, por conta da organização da nossa sociedade ao longo da história.

Amanda Massaro, estudante de graduação e também integrante do grupo do IA, fala sobre sua experiência estudando a Personagem Joana, da peça Gota d Água de Chico Buarque e Paulo Pontes: “Fizemos um exercício de entrevista às personagens fazendo perguntas relacionadas ao feminismo, e nos surgiu um questionamento: Quem responde somos nós ou a personagem? As vezes respondíamos de maneira idealizada, admiro tanto a personagem, e não vejo que ela tem suas ambiguidades, assim como nós mesmas também temos: Quantas vezes não estamos em situações que idealmente reagiríamos de uma outra maneira?”.

Fernanda explica que “A figura histórica que nos é transmitida é uma construção da voz masculina, que a desenhou dentro de seus ideais”. Na história, estudiosos falaram sobre a libertação da mulher, quanto essa questão Alice faz um questionamento interessante: “Por que existe uma expectativa de mulher livre do homem e não um sonho de liberdade da mulher?”.

Outro questionamento que surge a luz dessas pesquisas e laboratórios é: “Será que personagens da dramaturgia e da literatura podem influenciar mulheres na luta por igualdade de gênero?”. Essa questão é sobre o poder da história em fazer palavras, e o poder das palavras em fazer história.

Informações: Luciana Maria Cavichioli/AUIN/Unesp
Link original da notícia: http://www.unesp.br/portal#!/noticia/12490/pesquisadoras-da-unesp-estudam-personagens-femininas/