Decifrando Rótulos para uma Alimentação Saudável

Os rótulos dos alimentos e em especial as informações nutricionais contidas nestes, são extremamente presentes no nosso dia a dia, e ao mesmo tempo, geram muitas dúvidas e indagações para os consumidores, principalmente para leigos. Tal questão, faz com que a maioria das pessoas nem se quer se atentem para os ingredientes ou a tabela nutricional daquilo que estão ingerindo. Mas, com poucas informações, a leitura de rótulos se torna uma tarefa fácil, e saber interpretar o que exatamente estamos comendo, pode trazer inúmeros benefícios para a saúde.
A rotulagem de alimentos embalados no Brasil, tornou-se obrigatória e regulamentada dentro das normas estabelecidas pela resolução ANVISA RDC 360/03 – REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE ROTULAGEM NUTRICIONAL DE ALIMENTOS EMBALADOS, que determina que devem ser declaradas as quantidades por porção dos seguintes componentes: valor energético, teor de carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibras alimentares e sódio (ANVISA, UnB, 2005).
Um primeiro ponto importante ao analisar o rótulo de um alimento, é a tabela nutricional. Esta traz a quantidade dos principais nutrientes presentes no alimento de forma significativa, sendo que os valores são normalmente informados de acordo com uma porção usual, e não toda a embalagem, assim como a porcentagem do valor diário para cada um destes (%VD), ou seja, a quantidade que representam em uma dieta média de 2.000 Kcal. Um alto %VD, indica um alto teor de um certo nutriente naquele alimento, e vice-versa. Alimentos saudáveis, de maneira geral, devem conter um baixo teor de açúcares, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio, e um alto teor de fibras (ANVISA, UnB, 2005).
Outro fator importante a ser observado na embalagem dos alimentos, é a lista de ingredientes. Vale lembrar que ela é disposta de forma decrescente, ou seja, o primeiro ingrediente listado é o que se encontra em maior quantidade no alimento e assim em diante. De maneira geral, quanto menor a lista de ingredientes, maiores a chances de se tratar de um alimento mais saudável. Além disso, é importante saber “decifrar” os diversos ingredientes acrescidos pela indústria com nomes complicados e que não fazem parte de uma alimentação usual, já que muitas vezes são prejudiciais a saúde se consumidos em excesso.
Um exemplo disto muito recorrente, é a questão do açúcar na lista de ingredientes. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo de açúcar não deve exceder 50 gramas ao dia, e o consumidor deve se atentar aos diversos nomes que podem ser dado a ele na lista de ingredientes, como: maltodextrina, dextrose, xarope de milho, xarope de glicose, glucose, açúcar invertido, sacarose, amido modificado, entre outros, sendo que todos estes, de maneira simplificada, referem-se ao açúcar (ASBRAN, 2015).
Além disso, deve-se atentar aos aditivos adicionados aos alimentos, que segundo a Portaria SVS/MS 540, de 1997, tem como objetivo razões tecnológicas, nutricionais e/ou sensoriais. Tecnicamente, estes são seguros para o consumo, já que só são liberados para uso da indústria após testes que certificam que o uso não trará riscos ao homem (ANVISA, 2019). Entretanto, pesquisas tem mostrado que o consumo de certos aditivos alimentares, pode estar associado ao aparecimento de doenças, como alergias, canceres e outras enfermidades. Os corantes são aqueles que comprovadamente trazem mais danos a saúde humana, agindo diretamente no DNA. Também, conservantes como nitritos e nitratos, adicionados principalmente a produtos cárneos, como os embutidos, estão comprovadamente associados a uma maior incidência de canceres (HONORATO et al, 2013, CARTAXO et al 2015).

Os aditivos mais utilizados são corantes, aromatizantes, conservantes, edulcorantes (adoçantes), espessantes, acidulantes, estabilizantes e umectantes. As tabelas a seguir descrevem a função e principais exemplos doa aditivos mais usados:  

Fonte: baseada nas resoluções específicas para aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia da ANVISA.

Os alimentos denominados como diet ou light, muitas vezes entram na preferência dos consumidores, que na maioria dos casos nem sabem a diferença entre eles. De maneira simplificada, os alimentos denominados como “DIET”, são aqueles em que um ingrediente em questão, como por exemplo o açúcar, é reduzido a quantidades irrisórias, para atender uma certa população, como neste exemplo, os diabéticos. Já os produtos com denominação “LIGHT”, são aqueles em que o valor energético ou algum ingrediente, está com suas quantidades apenas reduzidas em relação ao original, mas não deixa de estar contido naquele alimento. Vale lembrar, que para a população em geral, o consumo destes tipos de alimentos pode não ser uma opção mais saudável, já que são adicionados outros ingredientes para suprir as reduções, que muitas vezes podem ser ainda mais prejudiciais, como é o caso de alguns adoçantes artificiais adicionados em substituição do açúcar (NUNES, GALLON, 2013).
Para indivíduos portadores de restrições alimentares, como intolerâncias ou alergias, é ainda mais importante a leitura cautelosa do rótulo dos alimentos, para identificar a presença ou não do ingrediente em questão, Por exemplo, os diabéticos devem se atentar a presença de açúcar nos alimentos, mesmo sendo eles diet ou light; já os hipertensos devem se atentar a quantidade de sódio, e evitar alimentos com adoçantes do tipo sacarina e ciclamato de sódio, já que estes contem sódio; indivíduos com colesterol alto devem se atentar ao perfil lipídico do alimento, ou seja, ao conteúdo de gorduras totais, gorduras saturadas; aqueles com triglicérides elevado, devem escolher alimentos com baixos teores de gordura e de açúcares; e por fim os celíacos ou aqueles com intolerância ao glúten, não devem consumir alimentos que contenham esta proteína (ANVISA, UnB, 2005).

Referências:
ANVISA e UnB, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB. Rotulagem Nutricional Obrigatória: Manual de Orientação às Indústrias de Alimentos. 2. versão. Brasília: ANVISA, UnB, 2005. 44 p.

ANVISA e UnB, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB. Rotulagem Nutricional Obrigatória: Manual de Orientação aos consumidores. Brasília: ANVISA, UnB, 2005. 17 p.

ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil).Perguntas frequentes: Aditivos Alimentares. 2019. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/perguntas-view?p_p_id=101_INSTANCE_nySyFH9AWYKL&p_p_col_id=column-2&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=2&_101_INSTANCE_nySyFH9AWYKL_groupId=33916&_101_INSTANCE_nySyFH9AWYKL_urlTitle=aditivos-alimentares&_101_INSTANCE_nySyFH9AWYKL_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_INSTANCE_nySyFH9AWYKL_assetEntryId=417464&_101_INSTANCE_nySyFH9AWYKL_type=content>. Acesso em: 16 abr. 2019.

ASBRAN, Associação Brasileira de Nutrição. Guia da OMS recomenda redução no açúcar. 2015. Disponível em: www.asbran.org.br. Acesso em 15 de abril de 2019.

BRASIL. ANVISA AGêNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. .Aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia. 2019. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/aditivos-alimentares-e-coadjuvantes>. Acesso em: 22 maio 2019.

NUNES, Sheron Torresan; GALLON, Carin Weirich. Conhecimento e consumo dos produtos diet e light e a compreensão dos rótulos alimentares por consumidores de um supermercado do municípiode Caxias do Sul, RS-Brasil. Nutrire Rev. Soc. Bras. Aliment. Nutr, v. 38, n. 2, p. 156-171, 2013.

HONORATO, Thatyan Campos et al. Aditivos alimentares: aplicações e toxicologia. Revista Verde, v. 8, n. 5, p. 1-11, 2013.

CARTAXO, James Linneker da Silva et al. Riscos associados aos níveis de nitritos em alimentos: uma revisão. 2015.