Mestre em Literatura e Crítica da Cultura pela Universidade Federal de São João del-Rei, escritor desde 2011, professor de inglês, e apaixonado em videogames desde seu primeiro ano de vida.

Punctum, paratextos, polígonos

Para Barthes, punctum é aquilo que fere numa fotografia. Os polígonos de que são feitos os jogos são pequenos vértices acumulados que esculpem objetos num espaço virtual tridimensional. Embora a crueza do real capturado no olho artificial da lente da câmera afie em muito essa flecha que fere, principalmente no punctum da polis, do peso da História, propõem-se aqui a fotografia como arte possível dentro do videogame, como mídia meta por excelência. Seria possível o punctum do polígono? Esses lugares não são reais, mas são lugares. As fotografias foram tiradas dentro dos jogos Final Fantasy 7 Remake e Resident Evil 4 Remake, com modos de fotografia inseridos pelos desenvolvedores num ato de confiança na mímese de seus mundos digitais. Ambos os jogos são remakes, reconstruindo mundos consagrados no ainda novíssimo cânone dos jogos. Rememorar pode ferir. Dependerá do contexto e da “vivência” desses lugares digitais a intensidade dos efeitos subjetivos de uma fotografia? Motivo recorrente nas fotografias são peças de arte: pôsteres, placas, tipografia, arquitetura, pinturas, outdoors. Videogames são obras de arte feitas de outras obras de arte. As fotografias são olhares da experiência de estar em um lugar. Pode o polígono ferir?