
Fotógrafa, professora do curso de Comunicação Social/Jornalismo e membro docente do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós-doutora junto ao Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários (UFMG) e à Cátedra António Lobo Antunes, da Università Degli Studi Di Milano (UNIMI).
Translúcidas
A luz vem por véus – um vintage sonâmbulo, quase sonho. As formas não dizem o nome; deixam pistas: brilhos gastos, sombras com perfume de cânfora. Há coisas que respiram fora do lugar, gravidade distraída, ecos que brilham só até a borda. O vidro guarda, a névoa apaga — e o olhar aprende a tocar sem pegar. Entre o sépia lavado e o azul de tanque, o mundo fica à beira de sumir: fotografia antes de fixar, memória antes de acordar. Um rumor antigo visita a superfície e, quando tentamos ver, a imagem recua um passo, lembrando sua precariedade. Vitrine que embaça por dentro, coleção de quase-aparições. E o ciano, paciente, sela cada lembrança com um brilho frio – luz que revela e, no mesmo gesto, deixa partir.



