Apresentação

PROGRAMA INTEGRADO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO.

PIEPEX

Apresentação do PIEPEX

Os projetos pedagógicos dos cursos precisam garantir a formação global e crítica para os envolvidos no processo, como forma de capacitá-los para o exercício da cidadania, bem como sujeitos de transformação da realidade, com respostas para os grandes problemas contemporâneos.

Sabemos que a transformação de um modelo de sociedade, restrita a poucos, somente será possível se os cidadãos tiverem condições de acesso permanente aos conhecimentos e tecnologias produzidos e participarem efetivamente nas decisões sobre os rumos e formas da organização social e econômica.

Em uma sociedade complexa como a nossa, a universidade é uma das instâncias mais importantes entre as responsáveis por oportunizar aos cidadãos a construção de saberes imprescindíveis para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias às ações individuais e coletivas. A fim de que esse processo se concretize, é fundamental o esforço da comunidade, dos educadores e dos governantes para ofertar educação de qualidade, que desenvolva práticas que configurem tanto as transformações almejadas para a sociedade quanto à formação humana para a promoção da vida.

Neste sentido, é fundamental criar condições para que o futuro profissional entenda que, se é importante ter consciência dos problemas, também e importante que seja capaz de propor alternativas para a sociedade brasileira. Deve-se trabalhar com os discentes, discutindo, pesquisando e elaborando propostas de solução e/ou alternativas para mudanças (FAVERO, 1996: 67).

A nova proposta pedagógica fundamenta-se na certeza de que o discente é sujeito ativo no processo de construção do seu conhecimento, cabendo ao professor a condução dos processos de ensino e aprendizagem pelo permanente desafio do raciocínio do discente e pela progressiva integração de novos conhecimentos às experiências prévias. O conteúdo passa a ser organizado através de sucessivas aproximações e em níveis crescentes de complexidade.

O PIEPEX tem por objetivo possibilitar ao acadêmico a visão holística e humanística para desenvolver suas habilidades e competências, estimulando o desenvolvimento da reflexão crítica sobre o conhecimento científico como forma de entender a realidade que os cerca. 

Bases do PIEPEX

Para que a Universidade Federal de Alfenas adote o Programa Integrado de Ensino. Pesquisa e Extensão, torna-se necessário tecer algumas reflexões que são expressões temáticas sobre as quais devem ocorrer grande parte das transformações acadêmicas, na busca de um modelo que atenda às exigências do contexto regional, nacional e internacional, onde todos possam absorver e usufruir melhores condições de sobrevivência coletiva e global.

O Plano Nacional de Graduação – PNG “estabelece princípios norteadores para as atividades de graduação e apresenta diretrizes, parâmetros e metas para o seu desenvolvimento concreto” (FORGRAD, maio, 2000). Um desses princípios refere-se à liberdade acadêmica e autonomia universitária que, no âmbito da graduação “se traduzem concretamente na possibilidade de apresentar soluções próprias para os problemas da educação superior e não reproduzir fórmulas pré-determinadas. Estas soluções passam, necessariamente, por experimentar novas opções de cursos e currículos, ao mesmo tempo em que alternativas didáticas e pedagógicas são implementadas” (FORGRAD, maio, 2000).

Contextualiza ainda que, o ensino de graduação deve voltar-se à construção do conhecimento e não a uma estrutura rígida confinada aos limites da sala de aula, onde teoria e prática aparecem como elementos dicotômicos e o ensino tem por base, a exposição submissa a conteúdos descritivos (FORGRAD, maio, 2000).

Eixos Norteadores do PIEPEX

1) Na construção de uma Universidade que considera a formação humana na sua totalidade nas lutas pelo direito à educação, novas dimensões da formação humana deverão ser consideradas. Assim, devemos estar articulados a esse movimento, garantindo espaços nos currículos para a pluralidade das dimensões da formação humana. A Universidade deve estar sintonizada com a pluralidade dos espaços e tempos sócio-culturais de que participam os discentes, onde se socializam e se formam.

2) Universidade como tempo de vivência cultural que precisa se constituir como espaço privilegiado de cultura de forma a permitir a vivência coletiva, a recriação e a expressão da cultura. Para tanto, não apenas precisa abrir-se como espaço cultural da comunidade, articulando-se com a produção cultural, mas também precisa assegurar que essa abertura se materialize e se expresse no seu currículo, garantindo que a totalidade da experiência passe a ser cultural.

3) Universidade como experiência de produção coletiva, a fim de se constituir como espaço verdadeiramente educativo e que precisa superar a concepção de aprendizagem centrada na transmissão-recepção de informações e saberes. A formação apenas se efetiva mediante a participação dos sujeitos no processo de produção do conhecimento. Para tanto, é preciso assegurar espaços coletivos de construção que propiciem vivências coletivas de valores, de interações, de linguagens múltiplas, de comunicação, de pesquisa e, ainda, a interação com a multiplicidade de processos de produção externos ã Universidade. Enfim, para se levar à frente a construção de uma Universidade inclusiva é fundamental que as Universidades se articulem a partir de um processo coletivo de formação.

4) Universidade capaz de redefinir os aspectos materiais e organizativos de forma a garantir a construção de uma sociedade democrática e igualitária, não apenas no âmbito das condições físicas de trabalho, mas, principalmente, no que se refere a organização dos tempos, espaços, processos, a flexibilização das dinâmicas curriculares, o recorte de horários, as hierarquias que, no dia a dia, se tornam aspectos deformadores e impossibilitadores dessa construção.

5) Universidade capaz de propiciar a vivência e formação, sendo fundamental para isto, a sua reorganização, assegurando espaços da cidadania e dos direitos no presente.

6) Universidade capaz de assegurar a construção de uma nova identidade dos seus profissionais reconhecendo os alunos como sujeitos centrais na construção do Programa e, portanto, garantindo-lhes uma formação continuada a fim de que possam prosseguir, de forma ativa e dinâmica, na construção e na implementação do PIEPEX.

Objetivo Geral

  • Construir projetos integrados de ensino, pesquisa e extensão, de complexidade crescente, desenvolvidos a partir do ingresso do discente na universidade, sob a coordenação do docente, de forma a propiciar a construção do itinerário formativo e, ao mesmo tempo, ser capaz de produzir conhecimentos para o desenvolvimento de projetos de conclusão de curso.

Objetivos Específicos

  • Proporcionar ao acadêmico amplo conhecimento de organizações e indivíduos;

  • Desenvolver nos acadêmicos competências relacionadas a identificação de oportunidades:

  • Fomentar a pesquisa bibliográfica e, conseqüentemente, a produção do conhecimento;

  • Incentivar a visão holística e humanística;

  • Aplicar os conhecimentos teóricos em situações do cotidiano profissional de forma producente;

  • Incentivar a produção do conhecimento de forma autônoma;

  • Propiciar situações para o exercício de liderança e tomada de decisões:

  • Contribuir para o desenvolvimento e progresso da comunidade regional, proporcionando a oportunidade de desenvolver a capacidade de liderança, a responsabilidade social e o trabalho em equipe;

  • Desenvolver competências tanto para o exercício da cidadania quanto para o desempenho de atividades profissionais com criatividade, para resolução de problemas diversos, com disposição para procurar e aceitar críticas saber comunicar-se, com capacidade de buscar conhecimento cada vez mais.

Considerações:

O Projeto do PIEPEX deve proporcionar competências empreendedoras na medida em que desenvolvem: a versatilidade, a adaptabilidade na articulação da informação necessária para tratar o problema objeto de estudo; a busca de procedimentos adequados para desenvolver, ordenar, compreender e aplicar; a intervenção argumentativa com pontos de vista alternativos, de forma a interferir na realidade e propor alternativas de solução.

A proposta do trabalho por projetos esta vinculada a perspectiva do conhecimento globalizado. E preciso pensar as questões do ensino considerando as conseqüências graves da fragmentação dos saberes e da incapacidade de articulá-los uns aos outros. Torna-se fundamental também problematizar a aptidão para contextualizar esses saberes e integrá-los a uma concepção global.

O PIEPEX desencadeia um novo olhar para o fazer pedagógico. Nessa perspectiva, os projetos interdisciplinares segundo NOGUEIRA (1998), “surgem como fontes de criação que passam por processos de pesquisa, aprofundamento, análise depuração e criação de novas hipóteses, colocando em evidência as potencialidades dos elementos de uma equipe” e, portanto, fazendo com que a Universidade rompa com as barreiras que a alienam do cenário social.

O trabalhar por projetos insere-se num contexto de flexibilidade e dinamismo, já que propicia riqueza de estímulo no processo de elaboração, permite diversas formas de aprendizagem, lida com o erro de forma construtiva, enfim, possibilita ampliar muitas competências. A metodologia de projetos desencadeia no aluno atitudes que o prepararão para o enfrentamento da vida e para a intercomunhão com os seres.

Além disso, a autonomia perpassa as atividades dessa estratégia de ensino, na medida em que o professor passa a ter uma nova figura. É aquele que mostra, facilita os caminhos, fazendo com que os alunos se interessem pela pesquisa e pela extensão, ele é o intermediário entre o estudante e o conhecimento. Professor e aluno revêem conceitos que regem a realidade nas relações de trabalho, bem como (re)lidam com fatores de natureza cultural, tais como: valores, atitudes comportamentos e visão do mundo.

O processo de reflexão sobre a lógica da formação e sobre as próprias transformações pessoais que sofremos no desempenho de nossos papéis, é a condição indispensável para clarear as possibilidades de construção de um novo conceito de qualidade de ensino, conceito este pensado a partir de novas exigências da sociedade do conhecimento, mas que não desconsidera o imperativo ético de formar profissionais capazes de humanizar o mundo”. (DE SORDI, 1999, p. 253).

Cabe destacar, que as diretrizes da política de educação da UNIFAL-MG, expressas no PIEPEX, visam a renovação pedagógica de compromisso democrático e de construção de direitos.

Referências Bibliográficas

DE SORDI, Mara Regina et aI. A Mudança da Prática Docente como Determinante de um Novo Conceito de Qualidade de Ensino em Enfermagem. Texto e Contexto de Enfermagem. Florianópolis. Jan-abnI1999: v. 8.n. 1, p. 243-256.

FORGRAD. O Currículo como expressão do Projeto Pedagógico: um processo flexível. Niterói, 2000.

Pró-reitoria de Graduação, novembro de 2008