Projeto de acessibilidade comunicativa comemora Dia Nacional da Libras

“Espaço Convivência em Libras” prepara comunidade para interação entre surdos e ouvintes

O Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), em parceria com a administração do campus da UNIFAL-MG em Varginha, tem realizado o projeto “Espaço Convivência em Libras”, que consiste em reuniões com uma funcionária surda e o intérprete de Língua Brasileira de Sinais – Libras do campus Varginha, Cássio Vasconcelos, para troca de informações sobre cultura surda, contato entre surdos e ouvintes no ambiente de trabalho, comunicação por meio da Libras e barreiras de acessibilidade comunicativa. O objetivo do projeto é preparar a comunidade acadêmica para conviver com aqueles que possuem uma diferença: a língua.

De acordo com o tradutor e intérprete, o trabalho tem desenvolvido o aperfeiçoamento da comunicação por linguagem de sinais e do trabalho entre surdos e ouvintes. “Fizemos um video com situações em que é necessário conhecimento da Libras. Nele apresentamos a habilidade que alguns funcionários estão adquirindo para recepcionar e fazer o atendimento nesta língua”, contou Cássio. E é com orgulho de ver as duas culturas (surda e ouvinte) se encontrando na Instituição que o NAI e todos os participantes do projeto estão comemorando o Dia Nacional da Libras: “Bem vindo à acessibilidade comunicativa na UNIFAL-MG campus Varginha!” , completou o intérprete.

Assista o vídeo em Libras e legendado aqui.

Sobre o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais – Libras

A comunidade surda brasileira (surdos, professores de Libras, tradutores e intérpretes, familiares e demais militantes da causa surda) comemora hoje, 24/04, o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais – Libras, oficializada no ano de 2002 na Lei nº 10.436: “É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.”

Embora o espaço escolar ainda seja o de maior demanda para o uso de Libras, é muito importante considerar também o uso de Libras nos demais espaços públicos: igrejas, autoescolas, delegacias, fóruns, comércio em geral, eventos, bancos, hospitais, rodoviárias, aeroportos etc. A oficialização da Libras, enquanto fenômeno social, cultural e político da comunidade surda veio para chancelar que surdos são sujeitos de direitos, com diferenças culturais e que o primeiro artefato de manifestação desta diferença é a Língua Brasileira de Sinais.

De acordo com o Censo 2010 do IBGE, existem 9,7 milhões de deficientes auditivos (surdos) e boa parte desta população utiliza Libras como sua língua principal de comunicação, pois, muitas vezes possuem apenas um conhecimento básico da língua portuguesa. Por isso, a importância de se estabelecer um canal de comunicação visual com as pessoas surdas. A Língua Brasileira de Sinais não é (apenas) do surdo. Estudos comprovam ser essa a Língua natural da pessoa surda. Logo, a Libras é de todos os brasileiros que se interessem pelo aprendizado da língua: surdo ou ouvinte.

Nesse sentido, sob o prisma da linguagem humana como fator de interação social e não apenas como instrumento de representação do mundo e do pensamento, a Libras, por ser uma língua legítima, é capaz de levar os surdos à maior mobilidade e fluidez nas formações discursivas surdo-ouvinte. Hoje, após 16 anos de oficialização, a Libras é muito pouco conhecida no Brasil. Isso se deve à pouca divulgação pelas instituições públicas e pelos próprios veículos de comunicação, como canais televisivos, jornais, revistas, internet, dentre outros. Além do carecimento de profissionais formados na área para promoverem o uso e difusão da Língua, gerando ambientes acessíveis linguisticamente.

“Recuso-me a ser considerada excepcional ou deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta. É a sociedade que me torna excepcional…”. O voo da gaivota (Emmanuelle Laborrit)

Conheça alguns aplicativos tradutores para Libras:

ProDeaf: http://www.prodeaf.net/  (Android/iOS/Windows)
Hand Talk:  https://www.handtalk.me/app (Android/iOS)
TV INES: primeira WebTV bilíngue (Libras-Língua Portuguesa) do Brasil, com conteúdo 100% acessível para surdos e ouvintes: http://tvines.ines.gov.br/
Informações: Cássio Vasconcelos, Tradutor/Intérprete de Libras da UNIFAL-MG campus Varginha e Rafael Carlos Lima da Silva, professor de  Libras do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UNIFAL-MG.
Créditos: Luciana Resende