Débora Rossi Fantini

Débora Rossi Fantini (1983) é poeta, jornalista e servidora pública. Nascida em Sabará (MG), vive em Belo Horizonte (MG). Atua no campo da poesia expandida, transitando por tipografia, caligrafia e bordado, dentre outras linguagens. É graduada em Comunicação Social – Jornalismo (UFMG) e especialista lato sensu em Artes Plásticas e Contemporaneidade (Escola Guignard/UEMG). Autopublicou o livro de poemas “Vulcã” (2021). Publicou poemas em revistas como “A Zica”, “Goma”, “Eu Tenho uma Objeção”. Participou, dentre outros, do curso Poesia Expandida, da Casa das Rosas (São Paulo/SP; 2021), e da residência artística Abismo da Palavra/Pauta Desenho, no Teatro Espanca! (Belo Horizonte/MG; 2013).

https://www.instagram.com/diburim.docx/

alfabe)r(to

“alfabe)r(to” reúne quatro poemas visuais – “chao.docx”, “arvore.docx”, “borboleta.odt”, “pipa.docx” – que consistem em imagens de palavras criadas a partir de variações tipográficas. Sinal de acentuação caído; desenhos feitos com caracteres; fontes em corpos de diferentes tamanhos; uma letra girada; caixa-alta deslocada para o meio ou para o final de uma palavra: essas alterações na digitação regular fazem o signo oscilar entre as dimensões de símbolo (na qual se encontra, em teoria, a palavra), índice e ícone. A espacialidade linear e horizontalizada da página ocidental é abalada por uma letra que se livra da pauta e alça voo. Caracteres dançam qual folha sob a ação da gravidade e ao sabor do vento: um sopro do poema “l(a”, de e. e. cummings? Um gesto insinua-se no maquinal ato de teclar. A série aqui apresentada é um recorte de um conjunto mais amplo de poemas tipográficos feitos em processadores de texto – Word e LibreOffice – como sugerem as extensões presentes em seus títulos. Trata-se de experimentações com funcionalidades secundárias desses programas, eventualmente combinadas a recursos de outros aplicativos básicos de um computador. Softwares específicos de design são intencionalmente preteridos, aproximando tal escrita da prática e do conceito de gambiarra, entendida como design experimental. Uma escrita que também se faz exercício para desautomatizar a redação oficial e jornalística, predominantes nas ocupações que exerço. Talvez uma escrita ao “avesso”, no sentido apreendido da emissão radiofônica “Para acabar com o juízo de Deus”, de Antonin Artaud.