TRICHOMONAS VAGINALIS

Classificação Taxonômica

  • Reino: Protista
  • Filo: Sarcomastigopora
  • Classe:  Zoomastigopora
  • Ordem:  Trichomonadida
  • Família: Trichomonadidae
  • Gênero: Trichomonas
  • Espécie: T. vaginalis

Ciclo de Vida e Infecção

          A multiplicação do T. vaginalis, assim como em todos os tricomonadídeos, ocorre por divisão binária longitudinal. Este organismo é um anaeróbio facultativo, prosperando na ausência de oxigênio em meios de cultura com pH entre 5 e 7,5 e temperaturas de 20 a 40°C. Utiliza glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido como fontes de energia.

          O T. vaginalis é transmitido por contato sexual e pode sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio de um homem saudável após o coito com uma mulher infectada. O homem atua como vetor da doença, e os trofozoítos presentes na mucosa da uretra são transportados para a vagina pelo esperma durante a ejaculação. A tricomoníase neonatal em meninas pode ser adquirida durante o parto, entretanto a doença é autolimitada.

          Este protozoário é um dos principais patógenos do trato urogenital humano, associado a complicações graves de saúde. Estudos recentes indicam que o T. vaginalis facilita a transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV), pode causar baixo peso ao nascer e nascimento prematuro, e predispor as mulheres a doenças inflamatórias pélvicas atípicas, câncer cervical e infertilidade.

          A infecção por T. vaginalis na vagina pode ser iniciada caso ocorra previamente o aumento do pH vaginal, que normalmente é ácido (3,8-4,5), por razões hormonais ou até mesmo estresse. A elevação do pH vaginal na tricomoníase é acompanhada por uma diminuição dos Lactobacillus acidophilus e um aumento na proporção de bactérias anaeróbias. O contato inicial entre T. vaginalis e leucócitos resulta na formação de pseudópodes, internalização e degradação das células imunes nos vacúolos fagocíticos do parasito.

Ciclo de vida Trichomonas vaginalis

Diagnóstico e Tratamento

          Diagnóstico clínico: O diagnóstico da tricomoníase não deve basear-se apenas na apresentação clínica, pois a infecção pode ser confundida com outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Isso ocorre porque o achado clássico da cérvix com aspecto de morango é observado em apenas 2% das pacientes, e o corrimento espumoso em apenas 20% das mulheres infectadas. Portanto, a investigação laboratorial é indispensável para o diagnóstico preciso da tricomoníase, garantindo um tratamento adequado e contribuindo para o controle da disseminação da infecção.

          Quanto aos exames laboratoriais de coleta são feitos de maneira diferente entre mulheres e homens:

          Nos homens: para o sucesso nos procedimentos de diagnóstico, os homens devem comparecer ao local de coleta pela manhã, sem urinar e sem uso de medicamentos tricomonicidas por 15 dias. O material uretral é colhido com uma alça de platina ou swab, sendo o organismo mais facilmente encontrado no sêmen. Amostras de sêmen podem ser obtidas por masturbação, e o sedimento centrifugado dos primeiros 20 ml de urina matinal também deve ser examinado. A secreção prostática e o material subprepucial são coletados com um swab umedecido em solução salina isotônica.

          Nas mulheres: As mulheres devem evitar a higiene vaginal por 18 a 24 horas antes da coleta de material e não utilizar medicamentos tricomonicidas, tanto vaginais quanto orais, por 15 dias. A vagina, local mais facilmente infectado, apresenta maior abundância de tricomonas nos primeiros dias após a menstruação. O material é coletado na vagina com um swab de algodão não-absorvente ou de poliéster, usando um espéculo não-lubrificado.

          Outros exames laboratoriais podem ser feitos como: exame microscópico, exame direto a fresco, exame após cultivo, imunológicos através de reações de aglutinação, mttodos de imunofluorescência (direta e indireta) e técnicas imunoenzirnáticas (ELISA) têm contribuído para aumentar o índice de certeza do resultado

Medidas Preventivas

          O principal mecanismo de transmissão da tricomoníase é a relação sexual, e seu controle envolve medidas preventivas semelhantes às adotadas para outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A abordagem dos pacientes com IST requer informações sobre a data do último contato sexual, número de parceiros, hábitos e preferências sexuais, uso recente de antibióticos, métodos anticoncepcionais e histórico de doenças semelhantes. É importante notar que a presença de uma IST aumenta o risco de contrair outras.

          As estratégias de prevenção incluem: 1) prática de sexo seguro, com orientação para escolhas sexuais que minimizem o risco de infecção; 2) uso de preservativos; 3) abstinência de contatos sexuais com pessoas infectadas; e 4) tratamento imediato e eficaz para casos sintomáticos e assintomáticos, com tratamento simultâneo para parceiros sexuais, mesmo que a infecção seja diagnosticada em apenas um dos membros do casal.

Epidemiologia

          De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia no mundo um milhão de pessoas são infectadas com ISTs curáveis, entre elas a tricomoníase, com mais de 150 milhões de novos casos ao ano

Referências