ECHINOCOCCUS GRANULOSUS

Classificação taxonômica

  • Reino: Animalia
  • Filo: Platyhelminthes
  • Classe: Cestoda
  • Família: Taeniidae
  • Gênero: Echinococcus
  • Espécie: Echinococcus granulosus

Ciclo de vida e infecção

             Os ovos são liberados por meio das fezes de cães, em proglotes grávidas ou isoladamente, contaminando o ambiente, e assim que são liberados já são considerados contaminantes e permanecem viáveis por meses quando em condições úmidas e em lugares sombreados.

           Estes ovos, quando ingeridos por ovelhas (ou eventuamente humanos) diretamente ou junto de alimento, chegam ao estômago e o embrióforo é semidigerido pelo suco gástrico. No duodeno, a oncosfera ou o embrião hexacanto são liberados quando em contato com a bile, e penetram na mucosa intestinal, alcançando a circulação sanguínea e linfática, atingindo ao fígado e pulmões. Cerca de 6 meses após a ingestão dos ovos o cisto hidático fica portanto maduro, sendo viável por anos no hospedeiro intermediário.

          Nos cães (hospedeiros definitivos), a infecção ocorre pela ingestão de vísceras de ovinos e bovinos contendo os cistos hidáticos férteis, que chegam ao intestino e os protoescólex presentes nos cistos se fixam à mucosa, onde crescem e atingem a maturidade após 40 dias.

          Na infecção humana, esta muitas vezes ocorre na infância ao se brincar com cães infectados ou pela ingestão de alimentos contaminados.

           

Diagnóstico e tratamento

           O diagnóstico de hidatidose requer informações sobre manifestações clínicas, que geralmente são causadas pelo crescimento exacerbado do cisto que leva à compressão dos órgãos parasitados e estruturas adjacentes, causando sinais como a detecção de massas palpáveis. Já o diagnóstico laboratorial requer avaliações de imunodiagnóstico para busca de anticorpos específicos para proteínas presentes no líquido hidático. Além disso, pode ser utilizados métodos de imagem para auxiliar no diagnóstico da hidatidose, uma vez que possibilitam a visualização do cisto hidático nos órgãos.

       O tratamento da hidatidose humana pode ser realizado: a partir da PAIR (punção, aspiração, injeção e reaspiração) do cisto, que consiste na punção do líquido hidático e inoculação de uma substância protoexcolicida, porém é contraindicada em casos de cistos pulmonares e cerebrais; ou por tratamento cirúrgico, a fim da remoção dos cistos em locais de fácil acesso; ou pelo uso de praziquantel, para o tratamento e profilaxia da infecção por Echinococcus granulosus.

Medidas preventivas

      A profilaxia contra a hidatidose inclui evitar que os cães se alimentem de vísceras cruas de animais de produção, como ovinos e bovinos, para eliminar a fonte de ovos do parasita. É essencial implementar programas eficazes de conscientização e educação sanitária, além de combater o abate clandestino desses animais. Realização de melhorias nos matadouros impedindo o acesso de cães às áreas de abate e garantindo a destruição adequada das vísceras. Também é importante realizar o controle sanitário dos animais abatidos, monitorando seu estado epidemiológico para identificar áreas de risco e apoiar o planejamento de medidas de controle.

         Além disso, é fundamental o diagnóstico e tratamento de cães em áreas endêmicas com anti-helmínticos, sempre com orientação veterinária. A higiene pessoal, como a lavagem das mãos antes de manipular alimentos, deve ser promovida, e em regiões com a ocorrência da doença, o contato de crianças com fezes de animais deve ser evitado. Ademais, é recomendado restringir o acesso de cães a hortas e plantações.

Epidemiologia

          A hidatidose é uma zoonose rural com ampla distribuição geográfica, sendo presente em todos os continentes, mas possui prevalência em regiões que têm por costume a criação de ovinos com uso de cães de pastoreio. É  considerada altamente endêmica, atualmente, em regiões do hemisfério norte situadas no Alasca e Canadá, em quase todos os países da Europa, Turquia, Próximo e Médio Oriente, Rússia e Mongólia.  São consideradas zonas de baixa endemicidade nos Estados Unidos, na Escandinávia, no Reino Unido (onde predomina a hidatidose dos cavalos), bem como no Afeganistão, Paquistão, Índia, China, Japão, Sudeste Asiático e Filipinas. No continente africano, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia, assim como Sudão, Etiópia, Somália, Quênia, Uganda e Tanzânia, são os países com endemicidade elevada; enquanto Egito, Chade, Zimbábue, República Sul-Africana e Madagáscar têm prevalências mais baixas.

           No mundo há cerca de 2-3 milhões de indivíduos infectados por Echinococcus granulosus que possuem cisto hidático, e dentre estes, cerca de 0,5 milhão se encontram em áreas rurais do Brasil, Chile, Argentina, Peru e Uruguai.

 

Formas evolutivas

Referências

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Hidatidose Humana. Portal Gov.br. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hidatidose-humana.>
  • NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016.
  • REY, L. Parasitologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
  • CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. CDC – DPDx – Echinococcosis. Disponível em: <https://www.cdc.gov/dpdx/echinococcosis/index.html>.