ASCARIS LUMBRICOIDES

 

Classificação taxonômica

  • Reino: Animalia
  • Filo: Nematoda
  • Classe: Chromadorea
  • Ordem: Ascaridida
  • Família: Ascarididae
  • Gênero: Ascaris 
  • Espécie: Ascaris lumbricoides

Ciclo de vida e infecção

          O ciclo biológico é do tipo monoxênico, onde se tem somente um hospedeiro. Cada fêmea fecundada é capaz de colocar por dia até 200.000 ovos não embrionados, que chegam ao ambiente junto das fezes do hospedeiro. Dos ovos que forem férteis, estes se embrionam e se tornam infectantes em 15 dias. 

         A primeira larva (L1) é formada dentro do ovo e é do tipo rabditóide, possuindo o esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e com uma constrição no meio. Após 1 semana, mesmo dentro do ovo, esta larva sofre transformação para L2, e em seguida nova transformação para forma L3. Ao se transformar em L3, essa larva se torna infectante com o esôfago tipicamente filarióide, e permanece infectante no ovo, no solo, por meses, até a ingestão desses ovos pelo hospedeiro.

          Após a ingestão, os ovos contendo a L3 percorrem todo o sistema digestório e eclodem no intestino delgado. As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e na veia mesentérica superior atingindo o fígado entre 18-24h após infecção. Em 2-3 dias chegam no átrio direito por meio da veia cava inferior, e após 4-5 dias se encontram nos pulmões. 

          Depois de 8 dias da infecção, as larvas se transformam em L4 e rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde se transformam em L5. Sobem pelo trato respiratório, por meio da árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Desta forma, podem ser expelidas por expectoração ou deglutidas, atravessando o estômago e fixando-se no intestino delgado. As larvas de Ascaris lumbricoides então, após 20-30 dias de infecção se transformam em vermes adultos  e após cerca de 60 dias de infecção, alcançam maturidade sexual e copulam, realizando ovopositura, quando são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Os vermes adultos podem viver de 1 a 2 anos no hospedeiro.

Diagnóstico e tratamento

          O diagnóstico da ascaridíase é feito pela identificação dos ovos nas fezes, porém em fases precoces da infecção, o exame de fezes é negativo. Os ovos só serão detectados nas fezes após 40 dias de contaminação.

          O tratamento da infecção por Ascaris lumbricoides é por meio do uso de albendazol e mebendazol para o tratamento e controle do geo-helminto. O albendazol deve ser utilizado em dose única de 400mg e o mebendazol em dose única de 500mg.

Medidas preventivas

          As medidas de controle para a ascaridíase envolvem medidas bem conhecidas para controle de infecções por helmintos. Sendo elas: tratamento de habitantes de áreas endêmicas, fornecimento de saneamento básico à população, educação em saúde a respeito da parasitose, consumo de água e alimentos tratados e não contaminados.

Epidemiologia

          A ascaridíase é amplamente encontrada em regiões tropicais e temperadas do mundo, sendo mais comum em áreas de clima quente e úmido, além de locais com condições sanitárias inadequadas. As regiões áridas e semiáridas são as menos afetadas; entretanto, em oásis ou vales úmidos, a prevalência pode ser elevada devido às condições microclimáticas. Estima-se que a prevalência global seja em torno de 30%, mas varia bastante de lugar para lugar. Em muitos países da América Latina, como México, Guatemala, Costa Rica, Panamá, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia, a taxa de prevalência chega a 50-75% da população examinada. Já nas grandes ilhas do Caribe, os índices de parasitismo são menores: 17% em Cuba, 20% na República Dominicana, 21% em Porto Rico e entre 14% e 29% no Haiti. 

          De acordo com o último Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose mansoni e Geo-helmintíases realizada entre 2010 e 2015, foram diagnosticados 11.531 casos de ascaridíase, tendo sido examinados 197.564 estudantes, onde as maiores prevalências foram nas regiões Norte e Nordeste.

Formas evolutivas

Referências

  • NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016.
  • REY, L. Parasitologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Geo-helmintíase. Saúde de A a Z. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/g/geo-helmintiase.>
  • CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Ascariasis. Disponível em: <https://www.cdc.gov/dpdx/ascariasis/index.html>.