PLASMODIUM SP.

Classificação taxonômica

  • Reino: Protista
  • Filo: Apicomplexa
  • Classe: Sporozoa
  • Ordem: Eucoccidiida
  • Família: Plasmodiidae
  • Gênero: Plasmodium
  • Espécie: Plasmodium falciparum; Plasmodium vivax; Plasmodium malariae; Plasmodium ovale

Ciclo de vida e infecção

          A transmissão da malária se dá quando as fêmeas do mosquito do gênero Anopheles, parasitadas com esporozoítos em suas glândulas salivares, inoculam essas formas infectantes durante o repasto sanguíneo. Estes esporozoítos utilizam proteínas de superfície, como a proteína circunsporozoíta e a proteína adesiva relacionada com a trombospondina, para invadir células hospedeiras. 

           Após a inoculação, esporozoítos migram para os vasos sanguíneos ou linfáticos, onde parte é destruída, mas alguns chegam aos hepatócitos no fígado. No fígado, os esporozoítos invadem os hepatócitos e formam vacúolos parasitóforos, onde se diferenciam em trofozoítos pré-eritrocíticos e se multiplicam por esquizogonia, formando esquizontes teciduais e, posteriormente, merozoítos. Essa parte do ciclo biológico é chamada de fase pre-eritrocítica ou tecidual e dura de 2 a 3 semanas (de acordo com a espécie).

          Esses merozoítos são liberados na circulação sanguínea através de merossomos, iniciando a fase eritrocítica do ciclo de vida do parasita. Os merozoítos então invadem os eritrócitos (glóbulos vermelhos), onde se desenvolvem por esquizogonia, formando novos merozoítos que invadirão outros eritrócitos. A interação dos merozoítos com os eritrócitos envolve receptores específicos, como as glicoforinas no caso de Plasmodium falciparum e a glicoproteína do grupo sanguíneo Duffy para Plasmodium vivax. Formas intermediárias são observadas nesta formação de novos merozoítas, são estes: trofozoítas jovens, maduros, esquizontes e esquizontes maduros. Após várias gerações de merozoítos, ocorre a diferenciação em gametócitos, que serão ingeridos pelo mosquito vetor durante um repasto sanguíneo.

        No mosquito, os gametócitos após outra esquizogonia (gametogonia) evoluem para gametas, que se fecundam formando os zigotos. Esses zigotos se desenvolvem em oocistos na parede do intestino médio do mosquito, onde ocorrem múltiplas divisões esporogônicas, produzindo esporozoítos. Estes esporozoítos migram para as glândulas salivares do mosquito, prontos para serem inoculados em um novo hospedeiro vertebrado, completando o ciclo de vida do parasita.

Diagnóstico e tratamento

          O diagnóstico dos pacientes com suspeita de malária se dá por exames parasitológicos de microscopia ou por testes rápidos de diagnóstico. O diagnóstico precoce se faz indispensável para o bom prognóstico do paciente, tendo em vista que a principal causa da morte por malária é o diagnóstico tardio. 

         O tratamento contra malária tem como objetivo eliminar o parasita da corrente sanguínea do paciente da forma mais rápida possível. O uso de antimaláricos em até 24h após o início do sintoma de febre é fundamental para evitar complicações.

            A Organização Mundial da Saúde indica combinações terapêuticas à base de artemisinina para o tratamento de malária quando causada por Plasmodium falciparum. Já em infecções causadas por Plasmodium vivax indica-se o tratamento com cloroquina, podendo ser associada à primaquina em infecções que possuam formas hepáticas latentes.

Medidas preventivas

            A prevenção da malária consiste na eliminação do Anopheles, mosquito transmissor da doença, por meio de medidas individuais como o uso de mosquiteiros, inseticidas, roupas que cubram pernas e braços, telas protegendo portas e janelas e o uso de repelentes. 

          Além disso, medidas coletivas são essenciais para a eliminação do vetor, como obas de saneamento para eliminação de criadouros do mosquito, aterros, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo de água e melhoramento das condições de moradia e de trabalho da população.

Epidemiologia

          A malária é um grave problema de saúde pública mundial, sendo uma das doenças que possui maior impacto na mortalidade e morbidade da população de regiões tropicais e subtropicais. Segundo a OMS, em 2021 foram registrados 247 milhões de casos em 84 países endêmicos, tendo um aumento de 2 milhões comparado com o ano de 2020. No Brasil, a área endêmica de malária é considerada a região amazônica, que registra 99% dos casos autóctones. Nas áreas fora da região amazônica, 80% dos casos registrados são considerados importados da área endêmica. 

     Além disso, há registros de transmissão residual de malária em estados fora da região amazônica, principalmente em áreas de Mata Atlântica. Em 2021, 17% dos casos registrados no Brasil foram causados por Plasmodium falciparum e malária mista, e os outros 83% por Plasmodium vivax e outras espécies. 

          Considerando as mortes por malária, em 2021 foram registrados 58 óbitos por malária no Brasil (aumento de 13,7% quando comparado ao ano de 2020). A letalidade na região amazônica é de 0,04%, mas no restante do país chega a ser 23,25 vezes maior, devido à nestas áreas, as pessoas virem infectadas de outras localidades e não receberem o diagnóstico e tratamento adequados devido à dificuldade na suspeição por se tratar de uma doença rara naquela área.

Formas evolutivas

Referências