Pesquisa desenvolvida na UNIFAL-MG avaliará o uso da auriculoterapia no controle de náuseas e vômitos decorrentes da quimioterapia

Identificar o efeito da acupuntura auricular (terapia de estimulação de pontos específicos na orelha por meio de agulhas) no controle de náuseas e vômitos decorrentes do tratamento de câncer é a proposta de um estudo desenvolvido por alunos do curso de Enfermagem da UNIFAL-MG, cujo potencial de contribuição para a qualidade de vida de pacientes oncológicos chamou a atenção de um periódico internacional.

Stephanie Francisco e Ruan Melo, autores do estudo durante a defesa do trabalho na UNIFAL-MG, realizada no mês de julho. (Foto: arquivo pessoal dos acadêmicos)

A pesquisa é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “A eficácia da auriculoterapia no controle de náusea e vômito induzidos por quimioterapia em pacientes com câncer: protocolo de revisão sistemática”, dos alunos Stephanie Carolina Francisco e Ruan Nilton Rodrigues Melo, defendido no mês de julho, sob a orientação da professora Ana Cláudia Mesquita Garcia, da Escola de Enfermagem.

“Os alunos desenvolveram um protocolo de revisão sistemática que buscará identificar o efeito da auriculoterapia no controle de náusea e vômito induzidos por quimioterapia antineoplásica em pacientes com câncer”, explica Profa. Ana Cláudia. A revisão sistemática  é um método de pesquisa que propõe analisar os estudos experimentais disponíveis sobre a temática a fim de investigar se a intervenção é boa ou não para o tratamento dos sintomas.

Conforme a orientadora, a ideia de desenvolver um trabalho sobre o tema surgiu em virtude do aumento de casos de câncer e da observação dos consequentes efeitos colaterais debilitantes do tratamento quimioterápico. “Há evidências na literatura de que essas condições [as náuseas e os vômitos] acometem cerca de 70-80% dos pacientes oncológicos em quimioterapia”, diz. “Há indícios de que cerca de 20% destes pacientes se recusariam a continuar o tratamento se as náuseas e os vômitos não fossem devidamente controlados”, salienta.

Segundo Profa. Ana Cláudia, estudos mostram também que os medicamentos usados para evitar náuseas e os vômitos (antieméticos) têm sucesso em 50% dos casos, porém, o custo desses medicamentos e outros efeitos colaterais como hipotensão, cefaleia, constipação, fadiga, secura da boca, vertigem, diarreia e irritabilidade, acabam limitando o uso. “Os pacientes têm se interessado por alternativas ao tratamento farmacológico padrão para o tratamento de náusea e vômito induzidos pela quimioterapia, ou mesmo, por associar, o uso dessas terapias às intervenções alopáticas tradicionais”, destaca.

A auriculoterapia, de acordo com a professora, é uma das diversas técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, que possivelmente pode auxiliar no tratamento das náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia. “A auriculoterapia considera o pavilhão auricular como um microssistema, o qual representa todo o corpo humano, em que, por meio da estimulação de pontos específicos, é possível obter resultados terapêuticos e controle de sintomas”, detalha a orientadora. “O objetivo do estudo foi desenvolver um protocolo de revisão sistemática, que quando estiver finalizada, sintetizará as evidências disponíveis na literatura sobre os efeitos da auriculoterapia no tratamento de náusea e vômitos induzidos por quimioterapia em pessoas com câncer”, complementa.

Para desenvolvimento, a pesquisa conta com parcerias nacionais e internacionais. Entre os colaboradores nacionais estão além de pesquisadores da Escola de Enfermagem da UNIFAL-MG (inclusive do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UNIFAL-MG – PPGENF) e do Instituto de Ciências Exatas da UNIFAL-MG, pesquisadoras da Escola de Enfermagem da UFMG. A colaboração internacional ocorre por meio de uma pesquisadora do Centre of Evidence-Based Medicine (Beijing University of Chinese Medicine – BUCM, China) e uma pesquisadora escocesa vinculada à Cochrane.

“Essa pesquisa contribuirá não apenas para a área de Enfermagem, mas para a área da saúde como um todo, considerando que poderá auxiliar no desenvolvimento da prática baseada em evidência, com vistas a nortear o controle de sintomas como náusea e vômito em pacientes em quimioterapia antineoplásica, buscando assim, a melhoria da qualidade de vida desta população”, afirma Profa. Ana Cláudia.

Repercussão do Estudo

O trabalho de conclusão dos alunos ganhou repercussão no periódico internacional Systematic Reviews do grupo BMC – Springer Nature, especializado em revisões sistemáticas, na edição nº 8, publicada nesta quinta-feira, 15 de agosto de 2019.

A publicação apresenta como os estudos de revisão sistemática têm contribuído para a construção de evidências consistentes e bem estruturadas, devido ao seu rigor metodológico, principalmente, no âmbito da saúde. “A construção de um protocolo permite ao pesquisador planejar suas ações a fim de eliminar possíveis arbitrariedades e vieses, fatores que trazem problemas graves para pesquisas clínicas e revisões sistemáticas. Ainda, um protocolo devidamente construído e planejado também permite o conhecimento de possíveis problemas que poderão ocorrer durante o desenvolvimento da pesquisa”, comenta Profa. Ana Cláudia.

O estudo completo desenvolvido pela equipe da UNIFAL-MG pode ser conferido no link: https://systematicreviewsjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13643-019-1124-3

Para mais detalhes, entrar em contato com Profa. Ana Cláudia pelos e-mails: ana.mesquita@unifal-mg.edu.br ou anaclaudiamesquitagarcia@gmail.com.