Grupo de pesquisa sobre filosofia, história e teoria social promove colóquio para discutir o legado da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão

Na última segunda-feira (26/08), comemorou-se 230 anos do momento em que a Assembléia Nacional Constituinte da Revolução Francesa propôs a declaração universal dos direitos do homem e do cidadão, no ano de 1789. Para celebrar a data, o grupo de pesquisa Filosofia, História e Teoria Social, que desenvolve linhas de estudos nas áreas da história, da filosofia e dos direitos humanos, promoveu, à noite, o “Colóquio Liberté, Egalitè, Fraternitè: A Revolução Francesa 230 anos depois”, a fim de discutir o legado da declaração universal dos direitos do homem e do cidadão para a formação da consciência mundial sobre universalidade dos direitos humanos e democracia.

“Documentos históricos sempre marcam o início de uma virada na forma de se interpretar e entender o mundo. A universidade foi desde sua fundação a instituição responsável pela guarda do conhecimento e da razão. Assim, recolocar novamente em debate um documento de 230 anos que antecipou muitos outros relevantes para o respeito aos direitos humanos, a justiça e a democracia é papel fundamental da universidade”, afirmam os coordenadores do colóquio, os professores José Francisco Lopes Xarão e Adriano Pereira Santos, ambos do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), na proposta da ação extensionista.

O reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, e o diretor do ICHL, Prof. Paulo César de Oliveira, também prestigiaram o evento, integrando a mesa de abertura. Para o reitor, a discussão do tema sob uma perspectiva científica é absolutamente crucial devido ao momento que a sociedade mundial está compartilhando. “É uma das contribuições que a Universidade pode oferecer para o enfrentamento desse momento que não é exclusivo do Brasil. Um momento de retrocesso de uma série de direitos que são fundamentais para o ser humano e para o próprio processo histórico. Pensar essas questões a partir do olhar científico, significa enfrentar um discurso que está muito comum hoje em dia, que é o discurso de desvalorização deste campo, da academia e de desrespeito ao saber produzido no âmbito acadêmico”, ressalta o Prof. Sandro.

(Foto: Dicom/UNIFAL-MG)

A atividade, que reuniu estudantes de graduação e pós-graduação, bem como docentes e pesquisadores da história, ciências sociais e direito, contou com três palestras, sendo a primeira com o tema: “A Revolução Francesa na América Latina: o Iluminismo e os movimentos emancipacionistas”, ministrada pelo professor e diretor de Relações Internacionais e Interinstitucionais, Claudio Umpierre Carlan. Na sequência, o Prof. Pablo Luiz de Oliveira , da UFMG, fez “Apontamentos históricos sobre a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” e a Profa. Volneida Costa, da UEMG, falou sobre “O legado da Revolução Francesa para o direito constitucional”.

De acordo com o Prof. Carlan, é importante manter sempre vivo os pressupostos da democracia, da tolerância e dos direitos humanos. “Com a Revolução Francesa, pela primeira vez na história humana, começa a surgir um mundo de iguais, sem privilégios de classe ou de nascimento. A Declaração Universal, oficializada pela ONU logo após a Segunda Guerra, estabelece e reforça os ideais da Revolução Francesa, dos direitos alienados do cidadão. A ideia original era fortalecer a democracia e proteger a todos. Às vezes funciona e às vezes não. Muitos estados totalitários e oportunistas, conseguiram burlar esse sistema. Por isso, a ONU sempre tenta revisar esse processo”, disse.

Para ele, o tema contribui ainda para a formação cidadã dos estudantes da UNIFAL-MG: “a intenção do colóquio é simplesmente essa. Mostrar para os discentes o processo de evolução, política, social e econômica, que a nossa sociedade sofreu. Foi um processo longo, doloroso, exigiu o sacrifício de muitos outros que vieram antes de nós. Assim, a nossa comunidade toma conhecimento do início dessas ideias liberais, nascimento por mérito e competência, e não um privilégio de uma classe social”.

Fotos: Dicom/UNIFAL-MG