E-book lançado por matemáticos da UNIFAL-MG apresenta um panorama geral do impacto da lei de cotas na Universidade no ano de 2018

Encontra-se disponível na seção “E-books” da Biblioteca da UNIFAL-MG, a publicação “O impacto da lei de cotas na Universidade Federal de Alfenas em 2018”, que apresenta um relatório técnico com o panorama geral das ações afirmativas adotadas pela Instituição.

O e-book foi desenvolvido por Ronaldo André Lopes, licenciado em Matemática pela UNIFAL-MG em 2019, sob a orientação dos professores Guilherme Henrique Gomes da Silva e Eric Batista Ferreira. Os resultados discutidos na publicação fazem parte do projeto de pesquisa “Ações afirmativas no ensino superior e educação matemática: caminhos para a permanência e o progresso acadêmico de estudantes cotistas da área de exatas”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Por meio de análises descritivas e medidas estatísticas, a pesquisa traz à tona, a relação entre a reserva e a ocupação das 1.560 vagas disponibilizadas no ano de 2018 em 27 cursos e o impacto da lei de cotas no contexto da UNIFAL-MG naquele ano, o que diferencia de outras investigações relacionadas ao tema de ações afirmativas, cujo objetivo se concentra na discussão da permanência e do progresso acadêmico dos estudantes beneficiados. “Trazemos resultados importantes que reforçam a necessidade de políticas de ações afirmativas para alcançarmos a equidade no acesso ao ensino superior brasileiro”, comenta Prof. Guilherme.

De acordo com o estudo, os cursos da área de Ciências Biológicas e Saúde, os quais contam com mais ingressantes, tiveram maior contingente de vagas preenchidas, tanto de ampla concorrência quanto de vagas reservadas. No entanto, não foram preenchidas todas as vagas reservadas para candidatos de escolas públicas autodeclarados pretos, pardos ou indígenas e com deficiência nas demais áreas e, segundo aponta a pesquisa, isso se deve à forma de distribuição das vagas adotada pela Universidade. “Após a primeira chamada, as vagas são realocadas para as categorias de estudantes cotistas e, quando não preenchidas, essas vagas alcançam a categoria de Ampla Concorrência, onde em todos os casos houve candidatos às vagas. Desse modo, em diversos cursos, a categoria Ampla Concorrência ultrapassou 100% de ocupação, ou seja, atingiu um número maior de estudantes do que estava reservado a ela”, indica Ronaldo.

O autor afirma que, embora não tenha ocorrido a ocupação de todas as vagas reservadas para estudantes autodeclarados negros e indígenas e estudantes com deficiência, a lei de cotas mudou o perfil dos discentes da UNIFAL-MG. “O número de estudantes de grupos sub-representados tem aumentado nos mais diversos cursos”, argumenta.

A pesquisa permite também identificar quais os cursos mais afetados pela ausência da reserva de vagas e como seria o cenário se não houvesse a lei de cotas no processo seletivo. “Esses resultados apontam para a necessidade de uma compreensão longitudinal da taxa de ocupação e do impacto que as ações afirmativas exercem sobre os cursos da UNIFAL-MG, possibilitando o desenvolvimento de práticas institucionais que viabilizem não somente o ingresso, mas também a permanência de estudantes beneficiários de ações afirmativas no ensino superior”, apresenta Ronaldo nas considerações do estudo.

Atualmente, a Universidade conta com 6.213 discentes de graduação, sendo 2.579 matriculados que ingressaram por meio de cotas, entre autodeclarados pretos, pardos ou indígenas; deficientes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas de baixa renda e independente de renda; estudantes com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo e estudantes que vieram de escola pública, independente de renda.

O e-book pode ser acessado no endereço: https://www.unifal-mg.edu.br/bibliotecas/ebooks