Pesquisa que busca novos medicamentos para tratamento da Covid-19 recebe incentivos da BRF; estudo identificou 10 moléculas sintéticas com potencial capacidade contra a infecção causada pelo coronavírus

Atualmente, oito pesquisas focadas em soluções de enfrentamento à Covid-19 estão em atividade na UNIFAL-MG. Uma delas, coordenada pelo professor Cláudio Viegas Júnior, do Instituto de Química, recebeu apoio financeiro da empresa BRF S.A., proprietária das marcas Sadia e Perdigão, por meio do Instituto BRF. Os recursos, da ordem de 300 mil reais, serão utilizados para manutenção e desenvolvimento da pesquisa “Prospecção de novos ligantes antivirais e anti-inflamatórios capazes de atuar contra infecções respiratórias do tipo Covid-19’.

“Esta modalidade de financiamento e fomento é crucial para ampliarmos nossa capacidade produtiva e competitiva, não dependendo apenas de recursos governamentais. Em outros países mais consolidados é assim que funciona, mas no Brasil esta oportunidade é ainda deveras tímida”, explicou o professor Cláudio Viegas Júnior.

“Em outros países mais consolidados é assim que funciona, mas no Brasil esta oportunidade é ainda deveras tímida. Mas isto não pode significar a diminuição da responsabilidade do Estado através das agências federais e estaduais de fomento à pesquisa, à capacitação de pessoal e de infraestrutura, mas sim uma oportunidade a mais, capaz de aumentar, de fato, o montante investido, trazendo, inclusive, novas demandas, novas ideias, uma nova forma de pensar o fazer ciência e gerar conhecimento, tecnologia, inovação e produtos. Professor Claudio Viegas Júnior.

Ainda assim, segundo o pesquisador, a responsabilidade do Estado não deve ser diminuída com o incremento financeiro da iniciativa privada. Para ele, o apoio de empresas  é “uma oportunidade a mais” para o desenvolvimento da pesquisa científica no país e, também, para o surgimento de novas demandas, ideias e uma nova forma de produção de ciência e geração de conhecimento, tecnologia, inovação e produtos.

“Todos setores da pesquisa no Brasil estão sofrendo com escassez de recursos, sobretudo nos últimos 5 anos. Esse cenário vem impedindo a ampliação da nossa capacidade científica e tem trazido muito retrocesso, com perda significativa de infraestrutura já adquirida que, sem manutenção, acaba sucateando”, disse Cláudio Viegas.  Os recursos do incentivo da BRF S.A serão aplicados em infraestrutura laboratorial como manutenção e aquisição de equipamentos e insumos necessários para a pesquisa.

O projeto envolve 18 pesquisadores de 4 instituições. (Foto: Arquivo Pessoal/Claudio Viegas).

O projeto iniciou por uma chamada interna do programa INCT-INOFAR (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Fármacos e Medicamentos) do CNPq e está na fase inicial-intermediária. A partir do estudo de cerca de 90 moléculas sintéticas, 10 foram identificadas  com potencial atividade contra o coronavírus causador da Covid-19. Os estudos seguem em 4 frentes de trabalho: aprofundamento dos estudos computacionais; estudo in vitro para comprovação da atividade antiviral; estudos farmacológicos in vitro e in vivo para identificação da atividade anti-inflamatória em modelos semelhantes à inflamação decorrente da Covid-19 e a síntese de novas substâncias para ampliação do banco de moléculas para estudo.

Até o momento, 18 pesquisadores de 4 instituições estão envolvidos no projeto. Da UNIFAL-MG participam docentes e discentes alocados no Laboratório de Pesquisa em Química Medicinal (PeQuiM- UNIFAL-MG) e dos programas de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) e em Química (PPGQ). A equipe de química computacional é liderada pelo professor Hermes Neubauer Amorim, da Universidade Luterana do Brasil  (Ulbra), o grupo de especialistas em virologia é coordenado pela professora Jordana Coelho dos Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o grupo de farmacologia da inflamação é coordenado pela professora Patrícia Dias Fernandes, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB-UFRJ).

Retomando a questão do incentivo concedido pela BRF S.A, o professor Claudio Viegas reforça a necessidade de estabelecer mais parcerias entre o setor público e o privado para o desenvolvimento científico em nosso país. “É um caminho sem volta. Precisamos de mudanças na legislação e na postura dos pesquisadores e, sobretudo, da iniciativa privada, estimulando e protegendo este tipo de parceria”, destacou.

Sobre a BRF

Unidade da BRF em Chapecó/SC. Foto: Divulgação/BRF

Uma das maiores empresas de alimentos do mundo, a BRF está presente em mais de 130 países e é dona de marcas icônicas como Sadia, Perdigão e Qualy. Seu propósito é oferecer alimentos de qualidade cada vez mais saborosos e práticos, para pessoas em todo o mundo, por meio da gestão sustentável de uma cadeia viva, longa e complexa, que proporciona vida melhor a todos, do campo à mesa. Pautada pelos compromissos fundamentais de segurança, qualidade e integridade, a Companhia baseia sua estratégia em uma visão de longo prazo e visa gerar valor para seus mais de 95 mil colaboradores no mundo, mais de 300 mil clientes e aproximadamente 10 mil integrados no Brasil, todos os seus acionistas e para a sociedade.

 

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