Pesquisadores da UNIFAL-MG desenvolvem programa de computador que auxilia pequenos produtores de cachaça em regulamentação do produto

Patente nomeada Sistema de Gestão na Fabricação de Cachaças Artesanais teve registro concedido pelo Instituto Nacional da Proteção Industrial (INPI) com apoio da FAPEMIG

Para auxiliar pequenos produtores de cachaça artesanal, pesquisadores da UNIFAL-MG desenvolveram um programa de computador que ajuda na regulamentação do produto. Desenvolvido em 2017 e 2018 e patenteado como Sistema de Gestão na Fabricação de Cachaças Artesanais, o programa teve registro concedido pelo Instituto Nacional da Proteção Industrial (INPI), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Izabella Carneiro Bastos é professora do Instituto de Ciência e Tecnologia da UNIFAL-MG e diretora da Agência de Inovação e Empreendedorismo (I9/UNIFAL-MG). (Foto: arquivo pessoal)

O sistema foi desenvolvido durante a realização do mestrado do aluno de pós-graduação Felipe Zauli da Silva, hoje doutorando em Ciências Ambientais também pela UNIFAL-MG, sob orientação da professora Izabella Carneiro Bastos, do Instituto de Ciência e Tecnologia, e em parceria com o Alambique Fazenda Velha, produtor da Cachaça Caminhos Gerais.

De acordo com a professora Izabella Bastos, a criação do programa considerou o número significativo de pequenos produtores de cachaça no estado de Minas Gerais. Diante da importância de garantir a segurança dos alimentos, foi desenvolvido um estudo referente ao gerenciamento de produção e os mecanismos de controle operacional para qualidade da cachaça.

“O desenvolvimento do programa Sistema de Gestão na Fabricação de Cachaças Artesanais constitui uma maneira de facilitar e viabilizar os trabalhos dos pequenos produtores de cachaça artesanal, uma vez que poderá os orientar em todo o processo, de acordo com as normas estabelecidas pelo ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa), de maneira mais prática e versátil, considerando que pode ser executado em quaisquer computadores que possuam o pacote Office”, esclarece a professora Izabella Bastos.

Felipe Zauli da Silva é doutorando em Ciências Ambientais pela UNIFAL-MG. (Foto: arquivo pessoal)

Parte dos requisitos necessários para a certificação do alambique está na documentação das informações de produção, possibilitando a consulta das condições dos equipamentos e materiais para rastreabilidade dos produtos. “O programa tem como finalidade gerar um banco de dados com as informações relacionadas com a produção de cachaça”, explicam os pesquisadores.

Além de conferir robustez ao processo e ao produto, a criação da rastreabilidade e operação também garante a confiabilidade e segurança dos alimentos, o que os pesquisadores afirmam proporcionar um diferencial ao alambique, uma vez que assegura a conformidade em relação aos requisitos normativos para comercialização do produto.

Outra funcionalidade do programa diz respeito ao sigilo das informações, uma vez que apenas usuários cadastrados podem acessar as funções de inserção/registro, consultar informações já inseridas e ter acesso aos formulários para impressão, além de permitir o acesso de novos usuários. A função de proteção de acesso para usuários não cadastrados induz o usuário sem permissão a ter que sair do programa, não podendo visualizar ou retirar informações.

Desenvolvimento da pesquisa

Para desenvolver o sistema, os pesquisadores fizeram parceria com o Alambique Fazenda Velha, efetuando visitas de campo para avaliação prática dos requisitos do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Ministério da Agricultura (MAPA).

O estudo foi dividido em três etapas: mapeamento em campo, análises físico-químicas e variáveis de processo. Foram verificados os parâmetros de processo envolvidos em todas as etapas da produção da cachaça, efetuando análises da água da caldeira e demais variáveis.

“Para caracterização físico-química, foram coletadas e analisadas amostras de cachaça recém-destiladas para avaliação de teor alcoólico, acidez volátil, ésteres totais, aldeídos, metanol, perfil de voláteis e cobre, em que para esse último parâmetro foi desenvolvida uma metodologia alternativa que demonstrou ser eficiente para a quantificação do componente de interesse”, explica a professora Izabella Bastos.

O conjunto de etapas resultou no que o grupo denominou “Manual de Boas Práticas de Fabricação da Cachaça Artesanal“. Além do manual, foram produzidos os procedimentos operacionais e de gestão de alambique, formulários para registros, bem como softwares para criação de banco de dados do processo para resolução de inconsistências detectadas nas avaliações em campo.

Sobre o Programa

De acordo com o desenvolvedor, Felipe da Silva, até o momento, o programa está sob propriedade intelectual da UNIFAL-MG e da Agência de Inovação e Empreendedorismo (I9/UNIFAL-MG). Quaisquer pequenos produtores podem obter cadastro na plataforma, desde que seja previamente analisado pela I9, por meio de contato direto.

O programa também se encontra aberto para transferência de tecnologia, ou seja, para a alteração da propriedade intelectual e dos direitos exercidos sobre ele, “já que possui produtos e serviços que também podem adquirir valor de mercado”, salienta o desenvolvedor.

Para envio de propostas para transferência de tecnologia, os interessados também devem entrar em contato com a Agência de Inovação e Empreendedorismo, por meio do endereço eletrônico: inovacao@unifal-mg.edu.br.