Dengue pode causar sobrecarga nos sistemas de saúde, alerta o professor Luiz Felipe Leomil Coelho, em entrevista para o Jornal da UNIFAL-MG

Brasil ultrapassa os 700 mil casos e 135 mortes confirmadas pela doença 

Depois da covid-19, o Brasil enfrenta o aumento de casos de dengue, tendo registrado nas duas primeiras semanas de 2024, mais que o dobro do número de casos em relação ao mesmo período de 2023. Na última quarta-feira (21), o painel de acompanhamento do Ministério da Saúde registrou 715.665 casos prováveis da doença, com 135 óbitos confirmados e outros 481 em investigação. Acompanhe os casos de dengue na sua cidade em: Painel de Monitoramento.

Virologista Luiz Felipe Leomil Coelho, professor , pró-reitor adjunto de Pesquisa e Pós-graduação e pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo/Dicom)

De acordo com o professor Luiz Felipe Leomil Coelho, pesquisador da área de Microbiologia com ênfase em Virologia e docente da UNIFAL-MG, o cenário da doença no Brasil é preocupante. “Ainda não temos um controle eficaz da transmissão e mesmo com a inserção de novas tecnologias de prevenção (por exemplo vacinas)”, ressalta.

Sobre a vacinação, o governo de Minas Gerais anunciou a chegada do imunizando às primeiras 22 cidades mineiras no mês de março. enquanto isso, o estado é o maior em número de casos no país, chegando a 246.399 com um coeficiente de incidência de 1.199,7 por 100 mil habitantes. O estado de Minas só está atrás do Distrito Federal que chega ao coeficiente de 2.922,2, e com 82.321 casos.

Conforme alerta o pesquisador, a situação é mais grave do DF em virtude ao número de casos por 100 mil habitantes, o que traz riscos de sobrecarga ao sistema de saúde. “Por isso é importante que todos, independente do acesso à vacina estejam conscientes que uma das mais eficazes estratégias para controle da doença é a eliminação dos focos de proliferação do mosquito. Essas ações, que são de baixo custo, podem fazer a diferença na cadeia de transmissão da doença e contribuírem para a redução de casos em todo o território”, destaca.

Nas três cidades com campus da UNIFAL-MG, a cidade de Varginha possui o maior número de casos, atingindo 1625 e com dois óbitos em investigação. Poços de Caldas registrou 155 casos da doença e Alfenas chega a 301. “[…] como temos casos ocorrendo em todo o território nacional, inclusive no sul de Minas, podemos considerar a doença como um dos mais importantes problemas de saúde pública. Dessa forma, os indivíduos, após a infecção, podem desenvolver sintomas que impedem as suas atividades produtivas, gerando, além do risco de morte por casos graves, um aumento da procura pelos serviços públicos e privados de saúde – elevam o custo de atendimento -, uma perda de econômica considerável para o país e prejudicando o atendimento de pacientes com outras doenças”, reforça.

Sobre a vacina, o pesquisador entrevistado pelo Jornal da UNIFAL-MG, explica que no Brasil existem duas vacinas aprovadas: a Dengvaxia, do laboratório Sanofi e a   QDenga, da farmacêutica japonesa Takeda. A eficácia, dependendo da condição do vacinado e da vacina, chega a 85%.  “De um modo geral, quando o indivíduo completa o esquema de vacinação, ele vai desenvolver anticorpos e células que serão capazes de protegê-lo de uma infecção. Para aqueles que já possuíam anticorpos antes da vacinação, observou-se uma eficácia ainda mais pronunciada”.

O professor Luiz Felipe Leomil Coelho fala de outras questões sobre a dengue em entrevista concedida ao Jornal da UNIFAL-MG. Acesse em: Entrevista