Docente do campus Varginha concede entrevista sobre o programa “Future-se” lançado pelo Ministério da Educação

O professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), Fernando Batista Pereira, foi entrevistado pela equipe do “Jornalismo Júnior” da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), que convidou, além do docente da UNIFAL-MG, mais um especialista e duas estudantes para discutir sobre os principais aspectos do “Future-se” e também sobre a possibilidade da  cobrança de mensalidade nas universidades públicas.

O “Future-se” foi apresentado como um pacote de mudanças pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 17/07, em coletiva de imprensa. O programa visa facilitar a entrada de verba privada no orçamento das universidades federais que se interessarem em participar e, no momento, os pontos do programa foram abertos para consulta pública. Na matéria, foram apresentadas opiniões divergentes a respeito da proposta, no entanto, todos os entrevistados apresentaram ressalvas em relação ao “Future-se”.

O Prof. Fernando citou que grande parte das ações de uma instituição acadêmica pública não estão voltadas para o interesse do mercado, levantando também a questão da perda de autonomia. “Pesquisas feitas em instituições universitárias não devem ser influenciadas por financiadores do setor privado, visando justamente à autonomia e à independência dessas. Imagine, por exemplo, uma pesquisa universitária sobre efeitos de um medicamento e financiada por uma indústria farmacêutica. Quais são as garantias que a pesquisa será conduzida de forma imparcial?”, disse.

O docente afirma ainda que o próprio cenário atual da pesquisa já demonstra a inadequação das propostas de maior participação do mercado no meio. “Se o setor privado quisesse efetivamente financiar as atividades de ensino superior, isso já estaria ocorrendo nas instituições particulares, situação que acontece em uma parcela muito pequena das faculdades.”

Já em relação a ideia de cobrança de mensalidade em instituições públicas de ensino superior, o Prof. Fernando cita dados da Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das IFES, que atesta que mais de 50% dos estudantes de universidades federais possuem renda familiar de até três salários mínimos. “Esses estudantes, portanto, não teriam a menor condição de pagar uma mensalidade”.

Por fim, o Prof. Fernando, que também é o coordenador do curso de Ciências Econômicas com ênfase em Controladoria da UNIFAL-MG, declara que os modelos de mensalidade e anuidade estão “longe de ser inequívocos”. Ele cita o modelo estadunidense, o qual trouxe problemas de endividamento por parte de diversos alunos e explica a necessidade de se analisar os modelos internacionais com cuidado, considerando as peculiaridades do Brasil para novas possibilidades. Para ele, a questão é: “temos que pensar que o financiamento do ensino, da pesquisa e da extensão numa universidade pública devem ser entendidos como investimento, e não gasto. O desenvolvimento de uma nação não se dá sem o fomento da produção do ensino, da pesquisa e extensão de forma independente”.

Os interessados em conferir a reportagem na íntegra podem acessá-la no link: http://jornalismojunior.com.br/privatizacao-universidades-publicas/