Seminário reúne comunidade acadêmica para debate sobre curricularização da extensão na UNIFAL-MG

As Pró-Reitorias de Extensão e de Graduação realizaram o seminário “Extensão: Articulação com o Ensino e a Pesquisa nos desafios da curricularização”, na última sexta-feira (30/08), a fim de promover um debate, com toda a comunidade acadêmica, sobre o significado da curricularização da extensão à luz da Resolução CNE/CES nº 7, de 18 de dezembro de 2018, que estabelece as diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014 (PNE 2014-2024). O evento proporcionou a socialização de experiências de outras Instituições com a curricularização em seus cursos de graduação por meio de uma mesa-redonda composta por convidados da UFABC, UFJF e UFSJ.

A pró-reitora de Extensão da UNIFAL-MG, Profa. Eliane, deu início à solenidade e foi a mediadora da mesa-redonda (Crédito da imagem: Dicom/UNIFAL-MG)

O seminário teve início com a mesa de abertura, composta pelo reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, pela pró-reitora de Extensão, Profa. Eliane Garcia Resende, pelo pró-reitor de Graduação, Prof. José Francisco Lopes Xarão, e pela pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Profª Vanessa Bergamin Boralli Marques.

A Profa. Eliane iniciou sua fala apresentando números da Proex sobre atuação de discentes, docentes e técnicos-administrativos em programas e projetos de extensão, revelando o desafio que tem sido aumentar tal envolvimento, em especial de docentes e técnicos, quando se pensa na indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão. “Precisamos ampliar nossa percepção do que seja essa curricularização, para quê ela vem e de que forma podemos fazer. Nos momentos de sensibilização, pequenos debates que fizemos nas unidades acadêmicas, sentimos também essa dificuldade. Tivemos um pouco mais de adesão dos professores nos campi, mas na Sede, o envolvimento foi muito pequeno. Por isso, nós pensamos nesse seminário e convidamos colegas que já possuem experiência no tema e poderão colaborar com o nosso trabalho”, disse.

Na sequência, o Prof. Xarão comentou o passo a passo que a Universidade precisa cumprir para atender a Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que em seu Art. 4º estabelece que “as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos”, no prazo de três anos. Para ele, são poucos os professores que entendem a relação entre ensino, pesquisa e extensão, e ainda conseguem traduzir para outros. “O que nós temos observado é que aquelas instituições que implementaram a curricularização, com a extensão como componente curricular, tem levado as outras disciplinas e a pesquisa a se articularem em torno dos projetos. Isso tem tido ganhos significativos. Então, nós queremos ter uma resolução da UNIFAL-MG para implementar isso de forma que a gente consiga juntar as três partes de maneira mais efetiva, pois hoje ela acontece, mas de forma esporádica e não sistêmica”, afirmou o pró-reitor.

Já a Profa. Vanessa, aproveitou a oportunidade para enfatizar a importância da UNIFAL-MG para o Sul de Minas e as pesquisas de alto padrão que são realizadas pela comunidade acadêmica: “Podemos ser referência nacional em alguns eixos, mas nós temos obrigação de ser referência local. E há muita coisa de grande qualidade feita aqui, porém existem coisas que são pensadas para dentro dos nossos muros e poucos indivíduos tem a capacidade da não compartimentalização. De entender que a pesquisa é indissociável, que a inserção do aluno de pós-graduação no seu projeto é possível. É uma relação de ganha-ganha. Para a comunidade acadêmica e para a sociedade para a qual nós precisamos ser referência”.

Por fim, o Prof. Sandro lembrou que a autonomia universitária é condição para que o ensino, a pesquisa e a extensão tenham valor e força no país e que a Universidade precisa fazer com que o conhecimento chegue até às pessoas. “Nós precisamos, e em todos os debates que nós temos tido, seja em nível nacional ou local, nós temos que relembrar que a extensão é o nosso principal espaço para fazer isso acontecer”, afirmou. Para o reitor, defender a universidade pública significa defender e fortalecer a extensão: “comemoramos a decisão do CNE, o processo que já vem acontecendo em outras universidades e agora na nossa, de construir a curricularização. Precisamos fazer isso tendo clareza do que é extensão, da importância da indissociabilidade, dos nossos limites institucionais, e também mobilizando outros mecanismos dentro das nossas unidades, cursos e pró-reitorias para o fortalecimento do processo e do desenvolvimento da extensão”.

(Crédito da imagem: Dicom/UNIFAL-MG)

Em seguida, os convidados para a mesa-redonda iniciaram suas apresentações com base nos temas selecionados a partir de questões levantadas por docentes, durante os encontros realizados entre a Proex e as Unidades Acadêmicas da UNIFAL-MG, ao longo dos últimos seis meses. O primeiro assunto abordado foi “A Extensão como estratégia de Ensino e de Produção do Conhecimento”, pelo Prof. Daniel Pansarelli, da UFABC. Segundo ele, a dificuldade dos docentes em compreender o que é a indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão é geral, por isso, retomou o histórico e antecedentes da Resolução do CNE, passando pela constituição de 1988 e a Política Nacional de Extensão Universitária, de 2012.

O Prof. Daniel também destacou dois princípios da política de extensão: a interação dialógica, uma vez que extensão não se resume em informação, comunicação ou prestação de serviços, e o impacto na transformação social. “Não basta o impacto na formação do próprio estudante. Os diferenciais da ação extensionista é o estudante ser protagonista da ação que ocorre em comunidade não-universitária”, disse. O docente da UFABC deu algumas dicas orientadoras do processo de curricularização, como a importância de reservar espaço na grade para a extensão: “é preciso respeitar a autonomia universitária e os contextos locais, dinamizar as práticas pedagógicas no ensino de graduação, além de não ampliar a carga horária de docentes e discentes”.

Antes de abrir o debate entre os presentes no auditório, o professor da UFSJ, Ivan Vasconcelos Figueiredo, levou o público a refletir sobre “Extensão e educação pública para uma formação humanística, integral e cidadã” e a Profª Ana Lívia de Souza Coimbra, da UFJF, apresentou as modalidades de ações de extensão e suas áreas temáticas, finalizando com dúvidas e polêmicas acerca do tema “Estágio não é Extensão”.

Fotos: Dicom/UNIFAL-MG