Trajetórias socioespaciais de refugiados e fenômeno migratório foram temas abordados no 1º Colóquio sobre Migrações e Espaço Geográfico da UNIFAL-MG

O curso de Geografia da UNIFAL-MG realizou, na segunda-feira (18/11), seu 1º Colóquio sobre Migrações e Espaço Geográfico com o objetivo de discutir a dimensão espacial do fenômeno da mobilidade humana a partir da chegada de diferentes grupos de migrantes no Brasil, em Minas Gerais e em Alfenas. Ao reunir discentes, pesquisadores da área e refugiados e/ou solicitantes de refúgio, a ação foi uma oportunidade para debater o tema da migração-refúgio na Universidade e pensar em possibilidades para a continuidade da discussão a partir do tripé ensino, pesquisa e extensão.

“O Colóquio permitiu que os participantes fizessem um percurso pelo tema das migrações, desde a dinâmica migratória interna brasileira, considerando a participação da chegada de emigrantes na formação de cidades médias no país, passando pela discussão das migrações internacionais e o impacto do atentado ao Word Trade Center em 2001, no fechamento de fronteiras de muitos países à entrada de estrangeiros”, afirmou o professor do Instituto de Ciências da Natureza e coordenador do evento, Gil Carlos Silveira Porto.

A conferência de abertura, “A migração no Brasil e as cidades médias”, foi proferida pelo professor do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), Alexandre Carvalho de Andrade, que abordou as cidades médias e suas posições intermediárias na rede urbana brasileira. O especialista apresentou um breve histórico sobre os deslocamentos populacionais no país desde a década de 70 e comparou o saldo migratório nas cidades médias do Sul de Minas Gerais, tendo como fonte os censos demográficos realizados pelo IBGE. “O crescimento populacional foi mais intenso nas cidades médias se comparado ao contexto nacional. Isto ocorre pelo crescimento natural – natalidade e mortalidade -, e especialmente pelo saldo migratório positivo – entrada e saída de migrantes”, explicou o docente, ao revelar que de 1970 a 2010, a cidade de Pouso Alegre teve um crescimento populacional de 243%, o maior de todo o sul de minas.

Na sequência, foram realizadas as mesas-redondas, sendo a primeira “Dimensões e escalas do fenômeno migratório”, com a presença do Prof. Alexandre e das professoras  Juliana Pimenta Attie (UNIFAL-MG) e Priscilla Pachi (USP); e a segunda “Trajetórias socioespaciais de refugiados e/ou solicitantes de refúgio no Brasil”, apresentada pelos refugiados e/ou solicitantes de refúgio: Karina Melgarejo e Willfredo Acevedo (da Venezuela), Claudine Shindany Kumbi (da República Democrática do Congo) e Abdulbaset Jarour (da Síria).

De acordo com o Prof. Gil, as trajetórias dos imigrantes-refugiados presentes foram narradas de seus países de origem até o Brasil. “As perdas materiais e imateriais, a separação de membros da família, as dificuldades e o preconceito vivenciados por cada um deles foram contados ao público, que foi instigado a pensar a sociedade brasileira a partir dos estrangeiros”, disse.

Ainda segundo o docente, discutiu-se durante o colóquio a importância da literatura como meio que permite a uma determinada sociedade ou grupo de leitores conhecer o tema das migrações e do refúgio por meio da ficção e o papel das redes de apoio aos migrantes e a criação de associações por eles como forma de resistência na sociedade de destino.

Fotos: Dicom/UNIFAL-MG

Fotos: Arquivo pessoal Prof. Gil Carlos Silveira Porto