O grupo de pesquisa da UNIFAL-MG, responsável pelo monitoramento e divulgação de boletins semanais com indicadores da Covid-19, divulgou esta semana um balanço da situação epidêmica em Minas Gerais após um mês de Onda Roxa. Conforme estudo, o estado se encontra em situação de estabilidade na tendência de novos casos desde a última semana, no entanto, ainda há dificuldade de diminuir o contágio, o que para os pesquisadores pode ser explicado por falhas na maior adesão às medidas e a circulação de variantes mais transmissíveis.
De acordo com o relatório, das 14 regiões mineiras, seis apresentam tendência de diminuição de novos casos. Entretanto, a análise aponta que houve piora na região Triângulo Norte que recentemente havia passado para a Onda Vermelha. Em situação de estabilidade de incidência, que diz respeito à tendência de novos casos, foram observadas cinco regiões. Em três, o contágio apresenta tendência de crescimento. Acesse a tabela com a situação de crescimento % média semanal
Para os pesquisadores, os efeitos na diminuição da incidência ainda poderão ocorrer. “Nessa altura da Onda Roxa era de se esperar maiores resultados em redução de novos casos. Entretanto, efeitos positivos sobre internações e óbitos ainda devem ser aguardados por mais uma semana a duas semanas, respectivamente”, assinalam.
Especificamente na região sul de Minas, os números mostram que o avanço na redução de novos casos foi maior. “A tendência de diminuição de incidência se mantém desde a semana passada em todas as regionais de saúde. Mas a mortalidade, embora estável, continua alta. Apenas em três meses e meio de 2021, as mortes por Covid-19 já representam 72% do total de mortes de 2019 por todas as causas. Em 2021, o número esperado de mortes na região Sul já é 72% maior do que o normal. Efeitos positivos sobre internações e óbitos só devem ser observados dentro de uma a duas semanas”, detalham os pesquisadores.
Outro aspecto da região sul de Minas que chama a atenção é a média semanal de casos, que ainda está acima de 1.000, mantendo o ritmo diário de internações em torno de 100 e de mortes em torno de 30. “Há tendência de crescimento de internações na região, provocada pela situação da regional de Pouso Alegre, mas em óbitos houve melhora de crescimento para estabilidade”, informa o suplemento. A regional de Pouso Alegre foi marcada pela forte alta no crescimento das internações (190%), porém, apresentou evolução no último dia 14, na tendência de crescimento de mortes para estabilidade.
No início da Onda Roxa, apenas um município entre os 10 mais populosos da região sul de Minas apresentava diminuição de novos casos e, agora, após quatro semanas, são cinco municípios. Em relação à tendência de crescimento do contágio eram seis e agora apenas um (Pouso Alegre). “Considerando todos os municípios da região, no início da Onda Roxa, 52% apresentavam tendência de crescimento de novos casos e hoje são 18% e a tendência de queda do contágio, que se apresentava em 23% dos municípios, foi para 59%”, enfatizam os pesquisadores.
A análise sobre internações ainda mostra tendência de crescimento na região. Foram registradas 139 internações e 44 mortes em média na última semana. Segundo os pesquisadores, os números vão além do esperado pelo comportamento da série histórica deste ano e em toda pandemia. Confira aqui tabela que reúne dados das médias semanais de casos, internações e mortes e seus respectivos crescimentos (%) em
relação aos valores de 14 dias atrás para Minas Gerais, Sul de Minas e suas Regionais de Saúde.
No que tange o número de mortes, o suplemento indica que em três meses e meio do ano de 2021, as mortes causadas pela Covid-19 representam 72% do total de mortes de 2019 por todas as causas. “Isso quer dizer que, se tomado por base o ano de 2019, anterior à pandemia, em 2021 o número esperado de mortes na região já é 72% maior.”
A equipe de pesquisa que trabalhou no levantamento dos indicadores sugere que apesar dos avanços, torna-se precoce ainda afirmar que a situação está sob controle, principalmente, considerando um quadro em que as variantes mais transmissíveis avançam na prevalência dos contágios. “Embora tenhamos tido avanços na contenção do contágio, ainda é muito cedo para se dizer que a situação está controlada”, ressalta o grupo.
Acesse o balanço completo analisado pelo grupo de pesquisa
As edições do boletim são divulgadas semanalmente e podem ser acessadas no endereço: www.unifal-mg.edu.br/portal/indicadores-covid-19
Dados desta notícia foram extraídos do Suplemento do Boletim IndCovid-19 nº17, disponível em: www.unifal-mg.edu.br/portal/indicadores-covid-19, produzido pelo grupo de pesquisa “Perfil epidemiológico e indicadores de saúde relacionados à Covid-19 no Brasil e no estado de Minas Gerais”, coordenado pelo professor e pesquisador epidemiologista Sinézio Inácio da Silva Júnior, da Faculdade de Ciências Farmacêuticos da UNIFAL-MG.