UNIFAL-MG mobiliza comunidade acadêmica em programação do “Abril Indígena”; Universidade estuda ampliação de ações para inclusão e permanência indígena na Instituição

A UNIFAL-MG promoveu, ao longo do mês de abril, um evento coletivo com a temática indígena. As atividades contaram com a participação de docentes, discentes e convidados, que prestigiaram exibição de produções audiovisuais, feira cultural, oficina de pintura corporal, solenidade de abertura, assinatura de termo de compromisso, conferência, mesa de debate, roda de conversa e lançamento de um livro. As expectativas a partir do evento são a ampliação da presença indígena na Instituição, por meio de iniciativas para ensino e parcerias entre universidades.

A mobilização se iniciou com a “Mostra de Cinema Indígena”, coordenada pela profa. Carmem Lúcia Rodrigues, com a curadoria de Luiz Medina Guarani (Unicamp). Já nos dias 26 e 27 de abril, a programação reuniu mais de 30 convidados indígenas da Unicamp, membros do coletivo “Acadêmicos Indígenas da Unicamp”. Uma das estudantes, Larissa Tukano, realizou a “Oficina sobre pinturas corporais indígenas”. A profa. Alik Wunder proferiu a conferência de abertura, apresentando um relato e análise sobre o processo de acesso e permanência de estudantes que prestaram o Vestibular Indígena. Os alunos fizeram um percurso guiado pela UNIFAL-MG, para a visitação dos prédios e instalações das faculdades da Sede, e fizeram também um passeio por Alfenas.

O artesanato estava em exibição no hall do V e no palquinho. (Foto: Dicom)

Nessas datas, a UNIFAL-MG recebeu 44 convidados indígenas Kiriri e Xukuru-Kariri da aldeia Ibiramã Kiriri do Acré (município de Caldas-MG). Jovens, anciões, pajés, professores(as) e o cacique expuseram seus produtos de artesanato na Feira Cultural Indígena, participaram de mesas de debate e do lançamento do “Livro de saberes Kiriri”. “Logo na abertura do evento, foi realizado um Toré, performance ritual que envolve cantos e danças tradicionais para proteção e comunicação com os encantados. Diante do auditório Dr. João Leão de Faria lotado por estudantes indígenas e não indígenas, docentes e técnicos, foi realizada a solenidade de assinatura do ‘Termo de compromisso com uma política de acesso, permanência e acompanhamento de estudantes indígenas na UNIFAL-MG'”, relatou a equipe organizadora do evento.

O termo foi assinado pelo reitor da UNIFAL-MG, prof. Sandro Amadeu Cerveira, pela pró-reitora de Assuntos Comunitários e Estudantis, profa. Cláudia Gomes, e pelas pró-reitoras adjuntas da Pró-Reitoria de Extensão e Pró-Reitoria de Graduação, respectivamente, Giovana Martins e Roberta Sanches. O cacique Adenilson Kiriri e a diretora da Escola Estadual Indígena Ibiramã Kiriri do Acré, Carliusa Kiriri, participaram da roda de conversa sobre educação escolar indígena, realizada no dia 27 de abril, no auditório Dr. João Leão de Faria.

Na oportunidade, participaram também Giselma Xukuru-Kariri e de Alexander Pataxó, ambos representantes da Articulação dos Povos e Organizações Indígena do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME). No total, a UNIFAL-MG recebeu cerca de 80 convidados indígenas, entre estudantes, professores e lideranças de diferentes etnias, para a realização de mesas de debate sobre vestibular e educação indígena.

Reunião no dia 27 de abril, data em que se encerrou o evento. (Foto: Dicom)

Os membros do Grupos de Estudos Indígenas (GEI-NEABI), o cacique Adenilson Kiriri, a profa. Carliusa Kiriri, a anciã Alzira Kiriri e o líder Thanailton Xukuru-Kariri se reuniram em uma audiência com reitor da UNIFAL-MG, prof. Sandro Cerveira, para a consolidação da proposta de um vestibular indígena da UNIFAL-MG, em parceria com a UFSCar, visando à ampliação do acesso de estudantes indígenas. A reunião abordou a criação de uma comissão para a consolidação de estratégias de ampliação do acesso e fortalecimento da permanência de estudantes indígenas, como cursos modulares (EaD), uma licenciatura intercultural indígena e cursos a ser ministrados por mestres e anciões indígenas.

“Nós estamos vendo que existe um diálogo aberto. Nós temos a nossa proposta, que seria interessante ter o vestibular indígena, e a Instituição é a universidade mais próxima da gente. Estamos felizes com a recepção das ideias”, disse a profa. Carliusa Kiriri. Para o reitor da UNIFAL-MG, as expectativas são receptivas quanto às propostas abordadas, com o objetivo de ampliar parcerias e o acesso indígena à Instituição.

“Nós estamos vendo que existe um diálogo aberto”, disse Carliusa Kiriri. (Foto: Dicom)

O evento, organizado pelo Grupo de Estudos Indígenas (GEI), do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), e é parte do projeto de extensão “Afirmação indígena e Quilombola na UNIFAL-MG”, encerrou as atividades com a exibição e debate do filme “Já me transformei em imagem” (Vídeo nas Aldeias, 2008).

“O Abril Indígena UNIFAL-MG 2023 foi um evento importante para a promoção de diálogos da comunidade acadêmica da UNIFAL-MG com estudantes indígenas de outra universidade e também com jovens e lideranças dos povos Kiriri e Xukuru-Kariri, interessados em seguir o caminho da formação universitária na UNIFAL-MG. Esperamos que o Abril Indígena 2024 seja um evento ainda maior, organizado por um grande número de estudantes indígenas da UNIFAL-MG e que possa consolidar novos horizontes de diálogo, aprendizado e trocas entre os saberes indígenas e acadêmicos”, concluiu a equipe.

Veja as fotos do evento: