A Pró-Reitoria de Extensão da UNIFAL-MG é responsável por fomentar a interação dialógica entre o público interno e externo à Universidade, fortalecendo o protagonismo da comunidade externa por meio das ações de extensão e cultura. E, recentemente, a fim de sinalizar um compromisso da universidade com as áreas de arte e cultura, foi adicionado ao nome da Proex a palavra “cultura”, passando a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, Proec.
Nesta entrevista, a equipe da comunicação conversou com o professor José Francisco Lopes Xarão, pró-reitor de Extensão, e a professora Giovana de Fátima Lima Martins, pró-reitora adjunta, que falaram sobre as ações e os aspectos da gestão da Extensão a partir dos resultados do Relatório Integrado, referente ao ano de 2022.
Os gestores abordaram transformações, conquistas e desafios da Extensão na UNIFAL-MG, atualizando algumas informações sobre os avanços das metas, como a curricularização da extensão, a Editora da Universidade e o plano de viabilizar a operacionalidade do FADEX – Fundo de Apoio e Desenvolvimento da Extensão, ainda em 2023.
Confira a seguir:
Comente a mudança de nome da pró-reitoria, que se transformou em Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PROEC. Qual foi a motivação para essa alteração e quais os esforços para o ramo cultural na nossa Instituição?
Proec: A inclusão da Cultura no nome da Pró-reitoria de Extensão representa mais do que uma simples alteração de nome, sinaliza um compromisso da universidade com as áreas de arte e cultura e reflete uma mudança de paradigma no sentido de valorização e maior visibilidade às ações culturais desenvolvidas no âmbito institucional. A cultura em sentido lato tem um papel fundamental na formação acadêmica e é transversal ao ensino, à pesquisa e à extensão, o que potencializa o seu papel no sentido da indissociabilidade entre estes eixos. Ao incorporar a Cultura no seu nome, a Proec salienta a importância das expressões e manifestações culturais já existentes na UNIFAL-MG assim como vem se apresentar como um espaço para propulsionar outras ações culturais. Nacionalmente, as universidades buscam fortalecer o papel da cultura na formação acadêmica e têm incluído em sua organização institucional Pró-Reitorias de Extensão e Cultura. A UNIFAL-MG está alinhada a este novo cenário. Destaca-se também que, com o retorno do MinC, a expectativa é que o campo cultural das universidades tenha oportunidades de desenvolver-se e de ampliar e fortalecer suas ações culturais. No panorama nacional, tendo em vista estarem preparadas para as oportunidades no campo cultural, as IPES implementaram ou estão em fase de implementação de sua Política Cultural e de seus planos de cultura. Nós da Proec também estamos trabalhando para implementação da nossa política cultural em um movimento que agora se fortalece na atual Pró-Reitoria.
Entre as conquistas de 2022, está o aumento de 62,19% de ações relacionadas ao eixo “Meio Ambiente e Direitos Humanos e Justiça”, que envolve o diálogo com segmentos sociais em situação de exclusão social e violação de direitos, assim como com os movimentos sociais e a gestão pública. Como foi realizado o incentivo para o aumento dessas ações? Se possível, aponte algum projeto ou evento de destaque da área.
Proec: Esses números devem ser olhados no contexto de pós-pandemia. Os dados coletados são ainda do período de retomada gradual do isolamento social quando houve uma queda brusca de ações extensionistas presenciais e as ações remotas foram também bastante restritas. Contudo, retornamos em 2022 ao presencial e o número de ações extensionistas retornou rapidamente aos níveis de pré-pandemia em 2019, com ligeira variação para mais em números de projetos e programas de extensão. Na questão ambiental destacamos o programa “Legado Ambiental” que com um histórico de ações junto a sociedade busca fomentar o desenvolvimento sustentável a partir de diferentes temáticas que visam a sustentabilidade, economia e racionalidade de uso dos recursos naturais, entre outros temas. Na vertente dos direitos humanos temos diversos programas voltados aos Direitos humanos e diversidade, Ações Articuladas do NEABI/UNIFAL-MG e Dandara.
Outra meta exitosa foi o aumento do envolvimento de técnicos-administrativos em educação nas ações de extensão. Qual foi a política realizada que culminou no desempenho maior que o esperado? De que forma a Proec pretende fomentar ainda mais essa participação dos TAEs?
Proec: Pensamos que começamos a colher os frutos da mobilização e sensibilização dos TAEs sobre seu papel na comunidade universitária. A UNIFAL-MG é feita de docentes, discentes, colaboradores terceirizados, comunidade externa e técnicos-administrativos em educação. A maioria dos TAEs possui formação em nível de pós-graduação, inclusive muitos com doutorado. Quando falamos de diálogo com a comunidade externa quem mais faz isso, por atribuição profissional, são os TAEs. É por eles, na maioria das vezes, que nós docentes e os discentes recebemos as demandas da comunidade externa. Então, um grupo significativo de TAEs começou a perceber que poderia contribuir ainda mais com o processo de inserção da UNIFAL-MG na comunidade externa agregando ao seu fazer profissional que já possui um aspecto fundamental da ação extensionista – qual seja – o diálogo com a comunidade externa, um projeto ou programa de extensão. Essa decisão acrescenta na prática profissional do TAE um processo de autoformação e qualificação de seu trabalho, ao mesmo tempo que desafia docentes e discentes a incorporarem no seu processo acadêmico de formação profissional, a formação cidadã, necessária para a vida democrática e implementação de políticas públicas que a própria UNIFAL-MG desenvolve em direção a comunidade externa. Um bom exemplo é o “UNIFAL PARA VOCÊ”, realizado pela primeira vez em 2019, com a coordenação do Diretor de Processos Seletivos na época, Julio César Barbosa, e atualmente tendo à frente Geraldo José Rodrigues Liska, Raquel de Figueiredo Ananinas (Sede e Unidade Educacional Santa Clara), Alessandra Fanger e Thaís Gama de Siqueira (Poços de Caldas) e Lidia Noronha Pereira (Varginha). Tal programa objetiva divulgar para estudantes de ensino médio os cursos oferecidos pela Instituição por meio de visitas aos campi da Universidade, às escolas secundárias e mostra anual de profissões.
Conforme o Relato Integrado, em 2022 foram realizadas 652 ações de extensão, o que aponta uma recuperação no número total de ações registradas em comparação ao ano de 2021. No entanto, no que se refere à prestação de serviços, houve redução de 56% no número de ações em relação a 2021. O que aconteceu? Essa redução é atribuída a algum motivo específico?
Proec: Na verdade, o número de prestação de serviços se manteve na média histórica, com ligeira oscilação para baixo. A expressão de queda revela ainda reflexos da pandemia e, em 2022, deve-se mais à forma como foi registrada essa prestação de serviço. Por razões das normativas internas e da legislação geral, o cadastro como projeto ou curso de extensão, as duas formas mais usadas para registrar prestação de serviço em 2022, tem mais vantagens que registrar na forma de prestação de serviço. Para 2023 já realizamos ajustes nas normativas e nos contratos com as fundações que permitem melhorar esse cadastro e a média histórica deve ser retomada. Porém, mais relevante, ao nosso ver, que o número de prestações de serviços realizadas é o volume de recursos arrecadados. Nesse quesito, infelizmente, tudo leva a crer que não vamos recuperar, ainda em 2023, os patamares pré-pandemia. Contudo, dado a melhoria do quadro da economia em geral, que passa a demandar mais serviços, as perspectivas para 2024 e 2025 são muito boas.
Ainda segundo o Relato Integrado 2022, o único objetivo que não avançou foi a inserção curricular da extensão, estratégia prevista no Plano Nacional de Educação para o decênio 2014-2024. Quais os principais obstáculos e desafios que a Proec enfrenta para que os cursos de graduação da UNIFAL-MG ofereçam, no mínimo, 10% do total de créditos curriculares em programas e projetos de extensão universitária?
Proec: Creio que esse dado está defasado e se aplica somente ao período de coleta das informações para o relato integrado, pois ao final de 2022 e início de 2023 praticamente todos os Projetos Pedagógicos de Cursos de Graduação da UNIFAL-MG já estavam adequados a Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. No momento estamos enfrentando e vencendo os desafios operacionais como a adequação dos sistemas acadêmicos e do CAEX para dar conta do volume de ações extensionistas que irão ser cadastradas e executadas desde 2023.1. No aspecto mais geral, temos dois grandes desafios: 1 – mudar a mentalidade de uma parte, felizmente minoritária, da comunidade universitária que entende a extensão como atividade meramente assistencial sem relação com a pesquisa e o ensino. 2. viabilizar o orçamento adequado para fomentar e sustentar a prática extensionista em nossa Universidade. No primeiro desafio teremos de insistir no processo formativo na prática extensionista para que todos os envolvidos entendam que sem a extensão como dimensão acadêmica indissociável do ensino e da pesquisa não podemos nos dar o nome de universidade. No segundo desafio é continuar a demandar a nossa mantenedora o aporte necessário de recursos orçamentários compatíveis com a obrigatoriedade da extensão como componente curricular.
As ações de extensão são realizadas com recursos orçamentários próprios, mas a Proec também busca apoio com parceiros, tanto da UNIFAL-MG quanto externos. Comente a importância desse apoio e como outras instituições e empresas podem participar e apoiar projetos de extensão.
Proec: Talvez o mais correto seria dizer que a maioria das ações extensionistas são realizadas de forma voluntária por docentes, discentes e TAEs. Se considerarmos somente o último edital de fomento com bolsas de extensão, a maioria não foi contemplado com a demanda que realizou, mas ainda assim manteve a execução das atividades. Portanto, o orçamento próprio da Proec é insuficiente para suprir as demandas do atual contexto e deve se tornar mais difícil com a curricularização. Temos tentado contornar isso com a suplementação de orçamento via captação em editais específicos, emendas parlamentares e patrocínios. Em cada uma dessas fontes temos margem para ampliar muito a captação de recursos, seja via prestação de serviços, projetos articulados com as políticas públicas municipais, estaduais e federal e patrocínios para cursos e eventos. Além disso, alguns projetos acontecem em parceria com Instituições privadas, onde os bolsistas são financiados por uma fonte externa e desenvolvem atividades de extensão planejadas em conjunto com as empresas parceiras. As empresas interessadas podem entrar em contato com a Proec e trazer suas demandas as quais serão direcionadas considerando os diferentes eixos de atuação da extensão universitária. Devemos, inclusive, lançar em breve, em parceria com uma fundação de apoio, o FADEX – Fundo de apoio e desenvolvimento da extensão que visa organizar a arrecadação nas fontes citadas. Contudo, é bom termos claro que essas fontes devem ser vistas como suplementação orçamentária para qualificar as ações extensionistas e nunca como fonte de sustentação dessas ações, que devem ser mantidas pelo orçamento próprio da UNIFAL-MG. Por óbvio que sem a recomposição orçamentária geral da UNIFAL-MG, com aporte de novos recursos via orçamento geral da união, a extensão não terá mais recursos. Nossa luta, portanto, é em defesa da recomposição do orçamento de todas as Universidades Federais.
Em 2022 foi criada a Editora da UNIFAL-MG e aprovado seu regimento interno. Fale um pouco sobre como foi esse processo e como está o trabalho na Editora.
Proec: O processo administrativo que culminou na aprovação da instituição da Editora da Universidade Federal de Alfenas como órgão suplementar da extensão e cultura colheu a experiência e o acúmulo do debate desenvolvido desde a primeira comissão de trabalho instituída em 2009 para elaborar projeto de criação de uma editora. Por diversas razões, mas sobretudo as de ordem orçamentária, a criação de uma editora própria foi sendo postergada. Vivemos por anos o enigma de tostines: não temos editora porque não temos orçamento ou não temos orçamento porque não temos editora? Assim, aceitamos o desafio do reitor, chancelado pelo CONSUNI, de criar uma editora sem orçamento para viabilizar por sua própria produção e comercialização de livros a sua sustentação. No momento a UNIFAL-MG, através da Proec, investiu no aporte de recursos humanos. A editoria formada pela editora-chefe, o editor assistente e a secretaria executiva trabalham junto com o Conselho Editorial para viabilizar captação de recursos via editais de fomento. Enquanto isso não se concretiza convidam os autores e a comunidade universitária, através de pré-venda dos títulos a serem lançados, a tornarem-se investidores nas primeiras publicações. No segundo semestre de 2023 teremos os primeiros títulos editados com o selo Editora da Universidade Federal de Alfenas e saberemos se a estratégia deu certo ou não. Para 2024, a Proec planeja, criar um fundo de apoio a autores UNIFAL-MG com o objetivo de fomentar publicações vinculadas ao desenvolvimento de programas e projetos de extensão. Quem deseja submeter seu original para avaliação pela Editora, pode acessar as orientações ao autores nesse link: https://www.unifal-mg.edu.br/extensao/editais-e-chamadas/
Quais as perspectivas da Proec para 2023 e 2024? O que a comunidade universitária e a sociedade podem esperar dos projetos e ações?
Proec: Com a mudança de gestão no MEC e a retomada, ainda que lenta, das condições gerais da economia brasileira, vislumbramos um cenário mais favorável para a extensão universitária. Estudamos lançar no segundo semestre de 2023 para execução a partir do primeiro semestre de 2024, caso consigamos aporte orçamentário novo, um edital para programas institucionais estruturantes das áreas temáticas da extensão e cultura. Também trabalhamos para viabilizar a operacionalidade do FADEX – Fundo de Apoio e Desenvolvimento da Extensão ainda em 2023. E em breve devemos publicar o novo edital para contratação de professor visitante extensionista. O programa está em fase de avaliação e várias mudanças incrementais foram sugeridas pelas Unidades Acadêmicas e pelos próprios professores e professoras visitantes dos editais anteriores. O Núcleo de Tecnologia de Informação – NTI trabalha para adequações no CAEX visando a curricularização da extensão e melhorar a navegabilidade e usabilidade do sistema. A expectativa é que até o primeiro semestre de 2024 já tenhamos uma nova versão do CAEX ou mesmo um novo sistema para a extensão integrado com o sistema acadêmico. Estamos organizando o Fórum Permanente da Extensão e Cultura e devemos propor em breve ao CEPE a política cultural e ao longo de 2024, já em preparação ao novo Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI, a política de extensão e cultura para o projeto pedagógico institucional – que é parte do PDI.