No encerramento da 10ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária, representantes de movimentos sociais destacam a importância de projetos da UNIFAL-MG e IFSULDEMINAS para as lutas populares do campo

O acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio-MG, sediou o encerramento da 10ª edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) do Sul de Minas Gerais, evento que contou com a presença de estudantes, professores e técnicos da UNIFAL-MG e do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS). A atividade aconteceu na Escola Popular de Agroecologia Eduardo Galeano, no sábado (16/9).

(Foto: Tatiana Plens/Polo Agroecológico do Sul e Sudoeste de Minas)

Entre as ações incluídas na programação, ganharam destaque os trabalhos de pesquisa e de extensão realizados pelo Núcleo de Estudos em Trabalho, Agroecologia e Soberania Alimentar (NETASA) da Universidade. Coordenado pelo professor Adriano Pereira Santos, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), o NETASA é um projeto vinculado ao programa “Semeando a terra: trabalho, agroecologia e soberania alimentar no Sul de Minas”, cuja proposta é dialogar e mobilizar os coletivos agroecológicos da região. O núcleo busca alternativas ao modelo de alimentação hegemônico, denunciando o uso indiscriminado de agrotóxicos pelo modelo destrutivo do agronegócio e a apresentação da agroecologia como uma alternativa de desenvolvimento sustentável.

Durante o encerramento, os participantes participaram de café da manhã solidário, de mística, da análise de conjuntura, de almoço, do plantio, da feira, da visita às instalações da escola e de café da tarde. Também prestigiaram o lançamento do documentário “Na lida, na luta, resistência e ternura: trajetória do Coletivo de Mulheres Raízes da Terra”, produzido por integrantes do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (NEAPO) do IFSULDEMINAS – Campus Machado, militantes do MST e mulheres do Coletivo Raízes da Terra. O documentário está disponível neste link no YouTube.

(Foto: Tatiana Plens/Polo Agroecológico do Sul e Sudoeste de Minas)

“É importante vocês aqui conosco, porque essa outra realidade só é possível se juntarmos as nossas forças”, afirmou Tuíra Tule, da coordenação do MST, ao destacar a importância das ações de pesquisa e extensão que têm sido realizadas pelo NETASA e pelo NEAPO junto ao Quilombo Campo Grande e das atividades das 462 famílias camponesas que produzem comida, vida e o sonho de uma outra realidade.

A construção do Polo Agroecológico do Sul e Sudoeste de Minas também foi assunto de debate no evento. Uschi Silva, integrante da secretaria operativa do Polo, reforçou a importância do espaço para o anúncio da agroecologia e de denúncia e resistência às questões que ainda impactam a região, como as tentativas de avanço dos latifúndios e monoculturas sobre as terras camponesas e a permanência do trabalho análogo à escravidão.

“O Sul e o Sudoeste de Minas têm muita resistência. Estamos aqui nesse chão que hoje é chamado de Quilombo Campo Grande para resgatar também essa história de resistência muito anterior à criação da usina, absorvendo também essa história”, ressaltou.

SOBRE A JURA
(Foto: Tatiana Plens/Polo Agroecológico do Sul e Sudoeste de Minas)

A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) é realizada, desde 2014, em universidades e instituições de ensino brasileiras e busca dar visibilidade às ações de luta pela terra e pela Reforma Agrária Popular, contribuindo para a formação intelectual, política e social de estudantes. Com o envolvimento de mais de setenta instituições de ensino superior em todo o país, a edição de 2023 da JURA foi baseada na perspectiva do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimento Saudável, lançado em 2020 pelo MST, e teve como objetivo dialogar com as lutas populares do campo e da cidade e projetar ações de fortalecimento e unidade. Acesse o plano aqui.