Mês da Consciência Negra na UNIFAL-MG terá extensa programação de eventos para refletir sobre a questão racial negra no Brasil

Atividades como palestras, mesas-redondas, exposições e exibições de filmes abarcam a temática “O antes, o agora e o depois: 35 anos da questão racial negra no Brasil pós CF 1988”

Inicia-se nesta segunda-feira (6/11), as atividades do Mês da Consciência Negra na UNIFAL-MG, que na edição de 2023 aborda o tema “O antes, o agora e o depois: 35 anos da questão racial negra no Brasil pós CF 1988”. Sob a organização Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) da Instituição, a programação abrange atividades como palestras, mesas-redondas, exibições de filmes/documentários, atividades culturais, exposições, visita técnica e apresentações de trabalho. Os eventos acontecerão durante todo o mês de novembro nos três campi da UNIFAL-MG: Alfenas, Poços de Caldas e Varginha.

Janaína de Mendonça Fernandes (esquerda) e Lora dos Anjos Rodrigues (direita) – professoras do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, que estão à frente da organização do Mês da Consciência Negra. (Fotos: Arquivo Pessoal)

As atividades acontecerão por meio de encontros presenciais e virtuais, com o objetivo de difundir o pensamento decolonial e incentivar uma postura cidadã antirracista para a promoção da justiça racial. “É necessário trazer o tema para discutir com a comunidade interna e externa da Universidade para que possamos traçar ações, estudos e discussões no sentido de termos uma sociedade mais justa que trate seus cidadãos de maneira igualitária independente de raça, gênero, orientação sexual, credo, entre outros aspectos”, argumenta a coordenadora do NEABI, a professora Janaína de Mendonça Fernandes, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da UNIFAL-MG Varginha. Junto à professora Lora dos Anjos Rodrigues, também do ICSA, a docente está à frente da organização do Mês da Consciência Negra.

Conforme a coordenadora, no Brasil existe uma configuração de um racismo histórico, no qual foram traçadas as bases da sociedade sobre esse racismo e sobre a construção de um mito de uma democracia racial que nunca existiu. “Este racismo nasce no nosso passado, em nossa constituição como nação, a partir do genocídio indígena e do transplante malsucedido da população negra escravizada da África e vem se reiterando e solidificando com o passar do tempo; tornou-se estrutural e nos enfeixa e nos atravessa”, explica.

Para a professora Janaína Fernandes, mesmo após os direitos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, a população ainda enfrenta desigualdades raciais profundamente enraizadas na sociedade, o que torno ainda mais necessário o debate em torno do tema proposto para o Mês da Consciência Negra 2023: “O antes, o agora e o depois: 35 anos da questão racial negra no Brasil pós CF 1988”. “Após 35 anos da promulgação de nossa Constituição, ainda vivemos em um país onde existem diferenças raciais estruturais em nossa sociedade, negros continuam sem os direitos previstos em nossa carta magna e são a população que tem menos acesso à saúde, educação e vagas de trabalho”, comenta.

Segundo ela, é imperativo que a Universidade se mobilize para promover um diálogo profundo sobre políticas públicas voltadas para a redução das disparidades raciais no país. “Para que tenhamos cidadania plena é necessário travarmos essa discussão e pensarmos que tipo de políticas públicas temos que fazer para diminuirmos as desigualdades raciais neste país, promovendo os direitos constitucionais para toda população igualitária independente de raça, gênero, orientação sexual, credo, e outros aspectos”, afirma.

Programação

“Trabalho análogo à escravidão: exploração que perdura mesmo após a Constituição Cidadã” é o tema da mesa de abertura, que ocorrerá no auditório do campus Varginha, a partir das 19h, e terá como participantes convidados: Jorge Ferreira dos Santos Filho, representando a Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais (ADERE-MG), a ativista Gislene Aparecida Alexandre e Letícia  Moura, representando o Ministério Público do Trabalho de Varginha.

A programação, organizada pelo NEABI, com apoio da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace), da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), da direção dos campi e do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, prevê também exposições e oficina de capoeira no campus Varginha, encontro de capoeira no campus Poços de Caldas, exposição de livros escritos por autoras e autores negros na Biblioteca Central de Alfenas, bem como exibições de filmes/documentários no auditório da Sede.

Confira a programação completa, acessando aqui.

Informações adicionais:

Público-alvo: aberto a toda a comunidade
Inscrições: a partir do dia 6/11, pelo CAEX
Modalidade: híbrida (com atividades presenciais, virtuais e algumas transmissões pelo canal oficial da UNIFAL-MG no YouTube)
Duração: 06 a 30/11