Pesquisador da Universidade no projeto de detector de neutrinos participa de primeiro encontro dos cientistas colaboradores no Brasil; reunião abordou as próximas fases da proposta

A UNIFAL-MG marcou presença no Encontro da Colaboração Short Baseline Near Detector (SBND), ocorrido de 3 a 8 de dezembro, no Instituto Principia, em São Paulo. Realizada pela primeira vez no Brasil, a reunião objetivou ajustar as próximas fases do projeto do detector de neutrinos, construído por colaboradores e cientistas de várias partes do mundo. Quem representou a Universidade no encontro foi o docente Gustavo do Amaral Valdiviesso, do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT).

Gustavo do Amaral Valdiviesso é docente do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT). (Foto: arquivo pessoal)

Realizados duas vezes ao ano, os encontros de colaboração (Collaboration Meetings) servem para que a equipe de colaboradores organize as próximas fases do projeto. “O SBND é um detector de neutrinos, com base na tecnologia de argônio líquido, que está prestes a entrar em operação após 10 anos de desenvolvimento” explicou o docente Gustavo Valdiviesso.

Segundo ele, os temas abordados no encontro foram relacionados à operação do detector e ao tratamento dos primeiros dados. “Trazer este encontro para o Brasil, em um momento tão significativo, foi uma honra para o grupo brasileiro e foi uma forma de reconhecimento da colaboração para com todas as nossas contribuições ao longo da história do projeto. Finalmente, estamos prontos para colher os frutos deste trabalho”.

O encontro contou com 50 participantes nacionais e estrangeiros, bem como 50 participantes de modo remoto. Além do professor Gustavo Valdiviesso, da UNIFAL-MG, o comitê organizador do evento foi formado pelos docentes Ana Amélia Machado, da UNICAMP; Vinícius Pimentel, do CTI Campinas; Laura Paulucci, da UFABC; e Franciole Marinho, do ITA.

Sobre o detector

Conforme explicado pelo professor Gustavo Valdiviesso, o SBND  é um detector de neutrinos, com base na tecnologia de argônio líquido, um dos três detectores de neutrinos que compõe o projeto SBN (Short Baseline Neutrinos), os outros dois sendo MicroBooNE e ICARUS, que juntos investigam a possibilidade da existência de novas partículas fundamentais, os chamados neutrinos estéreis.

“Neutrinos são notórios por serem as partículas mais difíceis de serem detectadas. Trilhões de neutrinos atravessam cada centímetro quadrado de nossos corpos, a cada segundo, e nenhum deles jamais irá interagir com você ao longo da sua vida. Mesmo assim, conseguimos estudá-los construindo feixes de neutrinos extremamente intensos, como o que temos disponível no Fermilab, EUA”, afirmou o docente.

De acordo com ele, a UNIFAL-MG é membro da colaboração SBND e tem acordo assinado com o Fermilab para o intercâmbio de tecnologia e recursos humanos. Em 2016, o estudante Marcos Vinícius dos Santos, do Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade, foi o primeiro a receber financiamento do Fermilab para realizar sua pesquisa de mestrado nos EUA. Ele foi seguido pelo professor Gustavo Valdiviesso que, em 2017 e 2018, foi o recipiente da Instensity Frontier Fellowship, considerado um prestigioso programa do Departamento de Energia Estadunidense.

O mais recente integrante do projeto, segundo ele, foi o mestrando Heriques Frandini que, antes de defender sua dissertação, foi contratado para uma posição de engenheiro na Universidade de Liverpool, de onde ele continua a atuar no SBND. “As principais contribuições da UNIFAL-MG ao SBND foram o desenvolvimento da simulação do detector (em desenvolvimento desde 2015), a realização do teste completo da eletrônica em um detector em escala reduzida (realizado em 2018) e a montagem do sistema de detecção de fótons pelo estudante Heriques Frandini, discente do Programa de Pós-Graduação em Física, como parte de seu projeto de mestrado”, contou.