Estudo avalia como o acompanhamento farmacoterapêutico a pacientes idosos ajuda a prevenir a progressão de doença renal crônica

Pesquisadores identificam prevalência de interações medicamentosas e medicamentos tomados de forma inadequada

Com o objetivo de reduzir o impacto da doença renal em todo o mundo, o mês de março marca a campanha do Dia Mundial do Rim, data comemorada na segunda quinta-feira do mês, ocorrendo neste ano de 2024, em 14 de março. Avanços científicos na área visam à prevenção, bem como melhorar a qualidade de vida de pacientes com Doença Renal Crônica (DRC). É o caso da pesquisa “Avaliação do acompanhamento farmacoterapêutico em pacientes idosos com Doença Renal Crônica em tratamento conservador na Clínica de Especialidades Médicas da UNIFAL-MG”.

Farmacêutico Gustavo Andrade Brancaglion desenvolveu a pesquisa de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF). (Foto: Arquivo Pessoal)

Desenvolvida pelo farmacêutico Gustavo Andrade Brancaglion, junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF), a pesquisa de doutorado propõe que o acompanhamento farmacoterapêutico é capaz de prevenir a progressão da doença renal crônica em pacientes idosos com doença renal crônica em tratamento conservador.

“O estudo pode configurar-se como contribuição para a necessidade da implementação, crescimento e fortalecimento do acompanhamento farmacoterapêutico na nefrologia, principalmente a atuação nos estágios que antecedem a falência renal, necessitando por fim de hemodiálise, diálise peritoneal e transplante de rins”, afirma o pesquisador sobre a relevância da pesquisa.

‌A Doença Renal Crônica é um conjunto de alterações clínicas e laboratoriais causadas por uma agressão persistente e irreversível ao rim. Tais alterações são causadas por outras doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, dislipidemia, hiperuricemia e o envelhecimento e suas complicações, como anemia, distúrbio mineral ósseo e a acidose metabólica.

“O controle e o manejo dessas doenças representam parte importante do tratamento desses pacientes e isso se dá pelo uso de múltiplos medicamentos por esses idosos predispondo-os à ocorrência de problemas relacionados aos medicamentos, cabendo ao farmacêutico uma análise criteriosa da farmacoterapia”, esclarece.

Acompanhamento farmacoterapêutico possibilitou a gestão da polifarmácia

Para desenvolver o estudo, Gustavo Brancaglion, que também é servidor técnico no Laboratório de Análises Clínicas (LACEN) da Universidade, selecionou 30 pacientes de Alfenas e região atendidos na Clínica de Especialidades Médicas da UNIFAL-MG. “A pesquisa foi realizada junto ao médico nefrologista, o qual indicava os pacientes idosos com diagnóstico de doença renal crônica que faziam uso do tratamento conservador”, conta.

Imagem ilustrativa. (Reprodução/Canva Education)

Segundo o pesquisador, os pacientes eram convidados a participar do estudo no dia da consulta. Após essa etapa, o farmacêutico realizou encontros com os selecionados, oportunidade em planejou e realizou intervenções, de forma oral e escrita, com o objetivo de identificar, gerir e resolver problemas relacionados aos medicamentos. “O foco principal era no paciente e sua relação com os medicamentos usados. Depois era realizada a avaliação dos resultados das intervenções e reunião com o nefrologista”, diz.

A maioria dos idosos diagnosticados com DRC e atendidos na Clínica de Especialidades Médicas, conforme o pesquisador, são obesos, fumantes, de baixa renda, com baixa escolaridade e a maioria no estágio 4 da DRC. “O acompanhamento farmacoterapêutico possibilitou a gestão da polifarmácia, o uso médio encontrado por paciente foi de 10,43 medicamentos”, conta.

Quanto aos problemas relacionados a medicamentos, Gustavo Brancaglion identificou a prevalência de interações medicamentosas e medicamentos tomados de forma inadequada, além de dose inadequada ou medicamento contraindicado. “O farmacêutico juntamente ao médico é imprescindível à saúde do idoso com DRC. O farmacêutico atua na promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como na prevenção da progressão da DRC e de seus agravos”, ressalta.

O projeto de pesquisa envolveu também a farmacêutica Milvia Salvi, formada na UNIFAL-MG, e os professores, Robson Eugênio da Silva (Faculdade de Medicina/UNIFAL-MG), Tiago Marques dos Reis e Liliana Batista Vieira (Faculdade de Ciências Farmacêuticas/UNIFAL-MG), e professora Carla Speroni Ceron (UFOP e integrante do cordo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas/UNIFAL-MG).

Grupo envolvido no projeto de pesquisa: a farmacêutica Milvia Salvi, formada na UNIFAL-MG, e os professores, Robson Eugênio da Silva (Faculdade de Medicina/UNIFAL-MG), Tiago Marques dos Reis e Liliana Batista Vieira (Faculdade de Ciências Farmacêuticas/UNIFAL-MG), e professora Carla Speroni Ceron (UFOP e integrante do cordo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas/UNIFAL-MG). (Fotos: Arquivo Pessoal)