Projeto desenvolvido no campus Poços de Caldas promove espaços de interação e diálogo entre a comunidade acadêmica ouvinte e surda por meio da Língua Brasileira de Sinais

Iniciativa contribui para a formação inclusiva de estudantes e servidores

Neste mês de março, o projeto de extensão “Inclusão e Comunicação: Promovendo a Libras [Língua Brasileira de Sinais] na Comunidade Acadêmica do Campus Poços de Caldas” deu início às atividades junto aos estudantes, servidores e demais membros da comunidade local.

Hainoã Rodrigues Rocha Sandy cursa o Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia na Instituição. (Foto: arquivo pessoal/Hainoã Sandy)

Desenvolvido pela Coordenadoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (CACE-PC) e pelo o Programa de Educação Tutorial (PET) – Conexões de Saberes: Tecnologias Sociais, Trabalho e Desenvolvimento Social Regional do campus Poços de Caldas, a ação foi idealizada a partir da demanda de estudantes e servidores do campus, em função da presença de uma estudante surda, Hainoã Rodrigues Rocha Sandy, que cursa o Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia na Instituição.

Kenia Eliber Vieira é servidora técnico-administrativa na UNIFAL-MG e coordenadora da proposta. (foto: arquivo pessoal/Kenia Vieira)

“Com a percepção da dificuldade de comunicação e interação, surgiu a necessidade de aprendizagem de Libras a fim de melhorar essa relação”, afirma Kenia Eliber Vieira servidora técnico-administrativa e coordenadora da proposta.

Conforme informado pela coordenação, além de capacitação em Libras, o projeto promove a conscientização sobre a cultura surda, identidade e desafios enfrentados por essa comunidade; a criação de espaços de interação e diálogo entre a comunidade acadêmica ouvinte e a surda; a inclusão e, como consequência, a Libras no campus.

“Ações como esta dão oportunidade de participação a discentes surdos, em especial a discente Hainoã Sandy, como protagonista e promotora do projeto, contribuindo para seu pertencimento, sua inclusão e para a formação inclusiva de toda comunidade”, argumenta Kênia Vieira.

O projeto, que teve sua primeira versão no segundo semestre de 2023, foi além do ensino do curso de Libras, segundo à coordenadora. “Foi uma oportunidade de vivenciar a diversidade e a inclusão de fato. Perceber a nossa responsabilidade ativa no processo de inclusão no campus”, afirmou.

A ação acontece todas as quartas-feiras, das 13h às 14h, no campus Poços de Caldas. Para participar, basta se inscrever acessando o portal de Controle de Ações de Extensão da UNIFAL-MG: https://sistemas.unifal-mg.edu.br/app/caex/inscricoes/

Depoimentos
Lucas Delbello Santos – ministrante no projeto e professor de LIBRAS.
Lucas Delbello Santos é ministrante no projeto e professor de LIBRAS. (Foto: arquivo pessoal/Lucas Santos)

“Eu e a discente Surda, Hainoã, estamos ministrando um curso de Libras por intermédio de um projeto de extensão no campus Poços de Caldas. Venho aqui destacar a importância do projeto.
O projeto visa proporcionar a inclusão no convívio da diferença, diferença essa que promove o real entendimento e a valorização da prática da empatia. No curso, aprendemos de forma prática que a melhor maneira de promover acessibilidade é não privar o surdo de conhecimento. Assim, entendemos que precisamos desenvolver, além de sinais, técnicas tradutoras e promover conhecimentos para todos.
A comunicação é a maneira mais efetiva do desenvolvimento humano! Não podemos privar ninguém disso. Aprender Libras desenvolve e dissemina não só para as pessoas surdas, mas também para todas as pessoas com deficiência, a proximidade do novo, o conhecimento e a garantia da autonomia. ‘O lugar do Surdo é onde ele quiser!'”.

Estéfane Machado Teodoro – estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BiCT)
Estéfane Machado Teodoro é estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BiCT). (Foto: arquivo pessoal/Estéfane Machado Teodoro)

“Participar do curso de Libras foi uma experiência transformadora tanto no âmbito pessoal quanto profissional. Por meio do curso, não só adquiri conhecimento na linguagem de sinais, mas também ganhei uma profunda apreciação pela cultura e história da comunidade surda. O aprendizado sobre as nuances da comunicação não-verbal e a importância da inclusão social foram aspectos que me marcaram profundamente.
No contexto profissional, o curso me proporcionou habilidades valiosas que ampliaram minhas competências na Engenharia. A capacidade de se comunicar com colegas surdos e participar de projetos inclusivos não só enriqueceu minha experiência de trabalho e estudos, mas também abriu portas para novas oportunidades na área. Acredito, firmemente, que a inclusão e a diversidade são fundamentais para a inovação e o crescimento na Engenharia, e estou grata por este curso ter me equipado para ser uma profissional mais consciente e capacitada”.

Daniel Juliano Pamplona da Silva – docente do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT)
Daniel Juliano Pamplona da Silva é docente do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT). (Foto: arquivo pessoal/Daniel Pamplona)

“O curso me proporcionou não apenas poder participar mais da formação de uma estudante surda como também entender mais os desafios da comunidade surda e, principalmente, interiorizar a dimensão de que quando falamos de “PESSOA com deficiência”, temos que lembrar que a palavra PESSOA vem antes da deficiência. Por isso, estou participando novamente do projeto “Inclusão e comunicação: Promovendo a Libras na Comunidade Acadêmica”. Antes de mais nada, saiba que é um curso de Inclusão e comunicação para pessoas. O restante você aprende aqui. Vem participar com a gente!”.

Confira as fotos do evento. (Foto: arquivo/Kenia Vieira)