Ir além dos 110 anos da UNIFAL-MG
Guilherme Abraão¹
Mais de 22 mil pessoas se formaram pela UNIFAL-MG, além de pesquisas e projetos de extensão é impossível calcular tantos benefícios que a instituição proporciona não apenas para Alfenas, quem ganha é o Brasil. Mas, como ampliar e consolidar diariamente tanto conhecimento na vida de milhares de outras pessoas que nunca irão pisar ou sentar nos bancos das salas de aulas da UNIFAL-MG?
Das ruas de terra e sem iluminação pública, em 1914, nasceu a Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas (Efoa), puxando esse processo visionário estava João Leão de Faria, tornando-se o primeiro diretor. Desde de 1916 a 2024, a UNIFAL-MG registrou 22.033 alunos/as concluintes de graduação. Esse número fala por si! Milhares de pessoas espalhadas pelo Brasil, ou melhor pelo planeta saíram da UNIFAL-MG para atuar e transformar realidades, isso é incalculável e deve ser motivo de orgulho de todos/as.
Hoje, a UNIFAL-MG tem 4 unidades: Alfenas Sede, Alfenas Santa Clara, Varginha e Poços de Caldas, são 39 cursos de Graduação, mais 34 cursos de Pós-Graduação, são 6.661 alunos/as e 955 servidores docentes e técnicos e 397 colaboradores terceirizados. Para seguir e ampliar seus frutos seu orçamento precisa ser ampliado, todavia, esta importante instituição também deve ser defendida diariamente!
Mas, chegando aos 110 anos de fundação, rumando aos 20 anos de sua transformação em Universidade, com abertura de novos cursos e campus, como em Poços de Caldas e Varginha é importante destacar que em Alfenas, a chegada do Campus Santa Clara em uma região com forte vulnerabilidade socioeconômica fez aquele imenso território se transformar. Quais são os próximos desafios desta secular instituição que vem prestando um serviço de excelência ao Brasil?
Precisamos fazer esse exercício para irmos além das comemorações. Lembrando que o mundo, o Brasil e em especial Alfenas se transformou desde 1914. Importante registrar que poucas cidades do país com menos de 100 mil habitantes, localizadas no interior possuem duas grandes Universidades, aqui além da aniversariante temos a UNIFENAS.
Aponto o primeiro desafio, precisamos saber integrar e aproveitar melhor e de forma mais profunda tudo que elas oferecem. Não podemos mais deixar que elas e seus alunos/as, professores/as vivam em um mundo à parte. Essa conexão ou reconexão é fundamental, não podemos mais postergar.
Criar um Conselho da Cidade onde os Reitores/as, docentes, e discentes tenham voz ativa, e possam buscar recursos e propor projetos de interesse local, dentro de um plano de desenvolvimento local e regional que mire os próximos 50 anos é tarefa para ontem.
Um amplo programa de estágios, com bom orçamento para contratar alunos/as para atuar nas mais diferentes áreas dos serviços municipais prestados pelas Prefeituras. Mas que seja organizado e dentro da lei, sem que vire um cabide de emprego e indicações políticas. A atuação no estágio ajuda a todos/as e traz um ganho imenso para quem participa e para quem recebe os serviços.
No caso de Alfenas, um projeto arquitetônico de redesenho das ruas e avenidas que levam a UNIFAL-MG (criando a primeira Zona 30 de Alfenas), em que ele consiga criar um elemento de conexão e derrubada do muro invisível que existe entre a cidade e instituição poderá certamente fortalecer algo que ao longo dos anos se alargou, mas que diariamente não vivem em separados, haja visto, as centenas de residências alugadas para estudantes, isso faz a economia alfenense girar.
O antigo zoológico de Alfenas, fechado há quase uma década, cenário de um crime bárbaro contra um jacaré, que até hoje não foi elucidado, o crime foi em 2017. Deveria ser oferecido à UNIFAL-MG para gerir em parceria com a Prefeitura, tornando o local um belo parque ambiental gratuito. Nele a UNIFAL-MG poderia inclusive abrir e ampliar seu Museu de História Natural, e promover dezenas de pesquisas. Infinitas possibilidades poderiam nascer desta parceria.
Na área da saúde, além dos atendimentos e exames já realizados. Poderíamos ter a UNIFAL-MG como parceira para informatizar e digitalizar todo sistema municipal de saúde. Usando seus alunos/as do departamento de ciências da computação. Pensem que maravilha termos todos os postos de saúde, laboratórios, hospitais e demais prestadores, e até mesmo os cartões de vacinas, os atendimentos registrados, sem filas, sem papel, sem sair de casa, na palma das mãos, onde o histórico de atendimento e exames de todos os usuários estaria disponível em um único sistema.
Bom, poderia seguir elencando dezenas de outros desafios para as próximas décadas. Paro para não cansar os/as leitores/as, e também para possibilitar que eles/as façam suas reflexões e elenque outros desafios ou sonhos que temos para nossa querida Universidade Federal de Alfenas. Façam isso sem medo.
Pelo olhar histórico precisamos pensar e reconhecer que dos 154 anos de Alfenas a UNIFAL-MG está entrelaçada com seus 110 anos de existência no dia-a-dia da cidade em milhares de situações. E ela foi responsável por impulsionar e atrair imensamente todo o desenvolvimento local. Celebrar e reconhecer esse feito é mais que um dever é uma obrigação!
Por fim, devo agradecer a UNIFAL-MG por ser seu filho, cursei Ciências Sociais e estou terminando Mestrado em Educação, serei sempre imensamente grato por tanto conhecimento e acolhida que recebi.
*Artigo originalmente publicado no portal de notícias O Alfenense, em 6 de abril de 2024, disponível para acesso neste link.
Guilherme Abraão é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação pela UNIFAL-MG. Formado em Direito pela PUC Campinas-SP e em Ciências Sociais pela UNIFAL-MG, é ambientalista, pesquisador sobre Juventudes e especialista em Segurança Pública. Foi consultor da UNESCO e atualmente é consultor do SEBRAE para Gestão Cultural. Residente em Alfenas desde 2004, escreve semanalmente para jornais.
(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal UNIFAL-MG são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do Jornal UNIFAL-MG e nem posições institucionais da Universidade Federal de Alfenas).