“Pensadores desconhecidos” é lançado em noite de sarau; livro é fruto de trabalho realizado entre discente do curso de Geografia e estudantes de ensino médio da rede pública

“Um sonho realizado pode ser uma realidade mudada”, afirmou o discente do curso de licenciatura em Geografia, Tiago Marini Ribeiro, responsável pela ação que permitiu aos alunos da Escola Estadual Dr. Napoleão Salles escreverem um livro de poesia. O projeto que integra o trabalho de conclusão de curso do acadêmico teve como objetivo contribuir com a geografia crítica na escola por meio de uma metodologia que envolveu ensino, pesquisa e extensão, fazendo com que os estudantes conseguissem expressar sua realidade por meio de poemas. O livro recebeu o título “Pensadores desconhecidos” e foi lançado na última terça-feira (29/10), no auditório Dr. João Leão de Faria, em um evento que reuniu a comunidade acadêmica da UNIFAL-MG, os novos autores, seus familiares e professores da rede pública.

Para Tiago, que também participa do programa de Residência Pedagógica e é poeta, desde o início a ideia era mostrar que todos podem ser escritores. “A ideia sempre foi fazer o livro e dessacralizar a literatura. Então, minha ação prática na escola foi utilizar a literatura como apoio no ensino das aulas de geografia”, afirmou.  O projeto foi realizado neste segundo semestre de 2019, sendo que foram trabalhados autores da literatura marginal, do cotidiano e também clássicos, a fim de mostrar que a literatura fala de pessoas reais também. Em seguida, o graduando realizou uma oficina utilizando livros de Sergio Vaz, Carolina Maria de Jesus e Negra Anastácia, dentre outros, para finalizar o trabalho instigando os jovens do 3º ano B a escreverem seus próprios poemas.

“Ensinar geografia por meio de poesia é muito bom! Deveria ser mais utilizado! Eu gosto de ler, todos esses autores eu leio, então com a geografia eu passei a entender a literatura melhor. E a literatura faz eu entender a geografia melhor. Todo texto é geográfico e principalmente na obra dos autores trabalhados, nós percebemos que eles falam da periferia, de pessoas que passam por dificuldades de todo tipo, assim como eles também. E o professor pode utilizar um livro desse como instrumento pedagógico, pra dar aula, pra conhecer os alunos e entendê-los melhor”, contou Tiago.

Durante a noite de lançamento, os estudantes recitaram as poesias escritas na oficina, contaram suas motivações e dividiram alguns de seus sonhos e medos com o público em uma prazerosa roda de conversa (Crédito da imagem: Dicom/UNIFAL-MG)

Segundo a orientadora do trabalho e professora do Instituto de Ciências da Natureza (ICN), Sandra de Castro de Azevedo, a escola precisa recuperar o princípio de que os alunos conseguem aprender de forma prazerosa. “Eles aprendem não só para fazer um Enem, eles aprendem para se realizar enquanto pessoa. Então, a ideia é mostrar que você pode ensinar geografia saindo da sala de aula, saindo do livro didático e ao mesmo tempo não matar a arte. Despertar sentimentos e ao mesmo tempo entender a realidade por meio da geografia. E o resultado é o livro, que ficou fantástico”, afirmou.

Já Tiago conclui, defendendo o ensino público, muitas vezes criticado, mas cheio de potencial: “na escola pública tem arte, os alunos são capazes de fazer. Basta a gente enxergar a arte e criar situações de aprendizagem para mostrar que eles são capazes”.

A iniciativa foi elogiada ainda pelos convidados para composição da mesa de abertura, que contou com: o reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, a pró-reitora adjunta de Extensão, Profa. Elisângela Monteiro Pereira, o coordenador do curso de Licenciatura em Geografia, Prof. Estevan Leopoldo de Freitas Coca, a Profa. Sandra de Castro de Azevedo, a vice-diretora da Escola Estadual Dr. Napoleão Salles, Simone Aparecida Sousa, e o professor de Geografia da Escola Estadual Dr. Napoleão Salles e egresso da UNIFAL-MG, Tiago Silva Reis.

Fotos: Dicom/UNIFAL-MG