Concurso de Cartazes sobre a Consciência Negra integra escolas e Universidade na promoção da justiça racial

Ao longo do mês de novembro, o Programa Residência Pedagógica – Ciências Sociais da UNIFAL-MG, realizou o 1º Concurso de Cartazes – Consciência Negra nas Escolas, intitulado “Isso é sobre vivência”: perspectivas estudantis sobre negritude no Brasil.

O projeto fez parte do Mês da Consciência Negra UNIFAL-MG 2019, realizado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) e participaram escolas estaduais do ensino médio de Alfenas.

O concurso teve como objetivo o fortalecimento dos espaços educacionais para a reflexão e o debate sobre a consciência negra, através da criação artística de cartazes que tematizem a negritude no Brasil, as condições sociais e situações vividas por negras e negros e a promoção do reconhecimento positivo das contribuições da população negra na construção da sociedade brasileira.

“Estamos cumprindo as leis que tornam obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira, o Estatuto da Igualdade Racial e das demais leis que garantem os direitos humanos”, comenta o professor Elias Evangelista Gomes, idealizador e coordenador do concurso. “Aqui, nós educamos para a justiça racial e a valorização da negritude. Tanto na escola como na Universidade estamos formando novas professoras e novos professores que tenham compromisso com as práticas antirracistas”, ressalta.

Após a votação aberta à comunidade, realizada durante a exposição dos cartazes finalistas, no campus sede, em Alfenas, no dia 27/11, ocorreu a premiação.

O concurso atribuiu dois prêmios, um do júri e outro pelo público:

Prêmio do Público

Título do cartaz: Serei Resistência
Autora e autores: Thais Marques, Flávio Pereira Ribeiro, Pablo Costa
Professor: Marcelo Ribeiro (Sociologia)
Residentes: Matheus Paccini, Hilary Leiko e Jenaina Souza
E. E. Dr Emílio da Silveira

Prêmio do Júri

Título do cartaz: Patriotismo
Autoras: Bruna Andrade, Fabíola Ribeiro, Samantha Stockler
Professor da Escola: Alessandro Emergente (Sociologia)
Residentes: Brunno Yan e Arthur Oliveira
E.E. Prefeito Ismael Brasil Correa

Segundo o coordenador do concurso, a ideia de fazer o concurso de cartazes foi adaptada da experiência de um núcleo de estudos de gênero, coordenado pela antropóloga e professora, Miriam Grossi, na UFSC. O professor explica como ocorreu a ideia de desenvolver a proposta: “Pensei: se na UFSC deu certo com gênero e sexualidade, aqui podemos fazer um concurso sobre a consciência negra. Tenho trabalhado as práticas de consciência negra, ao longo da minha carreira docente e com maior intensidade após minha chegada à UNIFAL-MG. Porém, neste ano, queria ir além das mesas-redondas e palestras que já se tornaram uma marca da nossa Instituição. Queria integrar a universidade e as escolas através da arte, do sensível e da criatividade e a Residência de Ciências Sociais encampou a ideia com muita dedicação e tornou aquele desejo em um projeto coletivo”.

Na UNIFAL-MG, o concurso envolveu residentes da licenciatura em Ciências Sociais que atuam nas escolas estaduais. A equipe estabeleceu o diálogo com docentes da educação básica, realizou a mediação pedagógica e organizou exposições nas escolas e na Universidade. A partir de um olhar sociológico foi possível tratar temas relevantes sobre a realidade da população negra no Brasil e em algumas partes do mundo.

“Os cartazes finalistas mostraram a força das mulheres negras na agenda pública contemporânea. Retrataram as desigualdades raciais e o protagonismo negro no seu processo de libertação. Chamaram atenção para a beleza e a dor das vivências. Com a força da memória e da compreensão sobre o tempo presente, abordaram o genocídio e o encarceramento da população negra. Assim, podemos dizer que a consciência negra é memória, vivência, parceria e luta. Consciência negra nas escolas é uma educação antirracista capaz de educar a todas as pessoas para relações sociais justas e dignas”, conclui Prof. Elias.