“Nós não temos uma previsão para o retorno presencial”, afirmou o reitor da UNIFAL-MG no encerramento da audiência pública sobre as ações da Universidade durante o período de afastamento social

Dirigentes das 13 unidades acadêmicas da UNIFAL-MG participaram do encerramento da audiência pública “Universidade em Tempos de Pandemia”, promovida pela UNIFAL-MG virtualmente na manhã desta quarta-feira (17/06), como parte do programação do 1º Congresso da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), cujo tema é “Realidade e Futuro da Universidade Federal”. O evento na Universidade teve início na segunda-feira (15/06) e continuidade na terça-feira (16/06), com a presença dos pró-reitores na apresentação das ações institucionais, de ensino, pesquisa e extensão no enfrentamento da pandemia e das atividades administrativas durante o período de distanciamento social.

Equipe técnica testa equipamentos junto aos diretores na sala de webconferência. (Foto: Reprodução)

Mediada pelo diretor de Comunicação Social, Ivanei Salgado, a audiência pública foi organizada via webconferência, contando com o apoio de tradutores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Integrantes da comunidade acadêmica puderam acompanhar a transmissão ao vivo pelo canal oficial  da Universidade no YouTube, pelo qual tiveram a oportunidade também de participar pelo chat, enviando perguntas aos pró-reitores e diretores das unidades acadêmicas.

Durante a abertura nesta quarta-feira (17), o reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, fez um breve relato sobre o posicionamento da Universidade desde o início da pandemia, quando foi tomada a decisão de suspender as aulas presenciais. “A nossa Universidade, assim como as demais universidades federais do Brasil, tem agido de maneira muito responsável e muito cuidadosa durante essa pandemia”, afirmou, relembrando que as universidades de Minas decidiram suspender as atividades presenciais antes mesmo das próprias cidades decretarem calamidade pública e adotarem medidas preventivas.

O reitor justificou que a decisão foi necessária prezando pela saúde, devido ao grande volume de estudantes de várias partes do país circulando nas instituições federais de ensino superior. Prof. Sandro lembrou todas as implicações dessa decisão, tais como as especulações de como ficariam as atividades de ensino, pesquisa, extensão e as atividades administrativas, quando foi adotado o Regime Especial de Estudos com aulas remotas, posteriormente, revisado e também suspenso. “A Universidade Federal de Alfenas tem discutido democraticamente em seus Conselhos, reunido semanalmente com os diretores das unidades acadêmicas e com o Comitê de Enfrentamento, tomando decisões e revisando essas decisões o tempo todo”, comentou.

Painel Ações das Unidades Acadêmicas da UNIFAL-MG

Após a explanação do Prof. Sandro, os diretores foram convidados a falar sobre as ações que vêm sendo empreendidas nos institutos, faculdades e escola da Universidade. De um modo geral, todos os dirigentes falaram da difícil tarefa que tiveram para adequar as atividades acadêmicas e administrativas no novo formato de funcionamento.

Os diretores também destacaram a contribuição e o envolvimento do corpo docente e de técnicos administrativos na adaptação do trabalho remoto adotado a partir da suspensão das aulas em 18 de março de 2020, muitos dos quais permaneceram atuando em comissões, em orientações de pós-graduandos, realizando atividades de pesquisa, participando de bancas, desenvolvendo artigos, estudos científicos e atuando também em projetos de extensão e nos laboratórios da Universidade, quando foram liberados com as devidas medidas de segurança.

“Está sendo difícil para todo mundo e está sendo muito enriquecedor também porque estamos aprendendo a trabalhar de uma forma diferente”, relatou a diretora da Faculdade de Nutrição, Profa. Gislene Regina Fernandes

“As atividades têm sido bem intensas e apesar do distanciamento, eu acho que a gente tem se unido em torno de um interesse comum que é buscar uma melhor alternativa numa realidade que ninguém conhece”, comentou a professora Gislene Regina Fernandes, diretora da Faculdade de Nutrição (FANUT) em sua participação. “Está sendo difícil para todo mundo e está sendo muito enriquecedor também porque estamos aprendendo a trabalhar de uma forma diferente”, reforçou, ao falar da adaptação das novas tecnologias e estudos de alternativas para o processo de ensino/aprendizagem.

Cada diretor apresentou como estão as ações de ensino, pesquisa e extensão de sua unidade, bem como as atividades administrativas remotas.

Em destaque, foram apresentadas algumas disciplinas que estão sendo oferecidas on-line na modalidade de ensino emergencial para pós-graduação; atividades de estágio de cursos da área de saúde que exigem prática nas unidades básicas; capacitação de professores para trabalhar com novas ferramentas virtuais no cenário de pandemia; desenvolvimento de pesquisas vinculadas ao impacto da pandemia, tratamento das infecções causadas pela Covid-19 e descoberta de vacina; e ações de extensão que agregam desde produção de álcool em gel e líquido para doação às unidades do serviço público de Alfenas e Poços de Caldas, até cessão de espaço para hospital de campanha, incluindo também inúmeras iniciativas das diversas áreas do conhecimento em projetos de divulgação pelas redes sociais, por meio de videos, lives, materiais explicativos e também de arte e cultura.

Entre as ações extensionistas, há também iniciativas de solidariedade com projetos que buscam ajudar a população com doação de alimentos, máscaras, esclarecimentos sobre a transmissão da Covid-19 e formas de prevenção; cuidados com a saúde e higiene; suporte a pessoas do grupo de risco que necessitam fazer compras em mercados e farmácias, entre outras.

Semanalmente, pesquisadores também têm desenvolvido artigos sintéticos com reflexões sobre os aspectos sociais, econômicos e culturais do atual contexto de pandemia e distanciamento social, os quais são divulgados no Portal da UNIFAL-MG e têm contribuído para análise nas reportagens da imprensa regional. Os artigos podem ser acessados na página: www.unifal-mg.edu.br/portal/artigos.

Marcaram presença na audiência, os diretores: Prof. Marlus Pinheiro Rolemberg (Instituto de Ciências e Tecnologia – ICT); Profa. Maísa Ribeiro Pereira Lima Brigagão (Instituto de Ciências Biomédicas – ICB); Prof. Adriano Prado Simão (Instituto de Ciências da Motricidade – ICM); Prof. Rogério Grassetto (Instituto de Ciências da Natureza); Profa. Sandra Maria Oliveira Moraes Veiga (Faculdade de Ciências Farmacêuticas – FCF); Prof. Guilherme Henrique Gomes da Silva (Instituto de Ciências Exatas – ICEx); Prof. Paulo César de Oliveira (Instituto de Ciências Humanas e Letras – ICHL); Profa. Letícia Lima Milani Rodrigues (Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA);  Profa. Maria Betânia Tinti de Andrade (Escola de Enfermagem – EE); Profa. Evelise Aline Soares (Faculdade de Medicina – FAMED); Profa. Gislene Regina Fernandes (Faculdade de Nutrição – FANUT); Prof. Alessandro Aparecido Pereira (Faculdade de Odontologia – FO), e a Profa. Keila Bossolani Kiill (Instituto de Química – IQ).

Outros professores que também foram convidados a falar sobre projetos durante a audiência: Profa. Maria Rita Rodrigues (Faculdade de Ciências Farmacêuticas), Prof. Tiago Marques dos Reis (Faculdade de Ciências Farmacêuticas), Profa. Giovana de Fátima Lima Martins (Instituto de Química) e Profa. Marisi Gomes Soares (Instituto de Química).

Previsão para o retorno das atividades presenciais

Nas considerações finais da audiência, o reitor fez questão de reforçar algumas questões em relação à volta das atividades presenciais. “Nós não temos uma previsão para o retorno presencial”, afirmou, acrescentando: “Nós precisamos de uma série de condições que são estudadas pelos nossos colegas especialistas, que são propostas pela OMS para eventuais retornos, e nenhuma dessas condições está dada. Nós não temos um horizonte seguro de previsão para voltar.”

“Nós não temos uma previsão para o retorno presencial”, afirma o reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira. “Nós não temos um horizonte seguro de previsão para voltar.”

Prof. Sandro argumentou que a decisão da manutenção do afastamento social é uma decisão institucional e todos os esforços que a Universidade está fazendo para oferecer atividades remotas de ensino conforme apresentado, para continuar as atividades de pesquisa e as atividades de extensão, passam pelos cuidados e pelo respeito do afastamento social. “O remédio que nós temos neste momento é a manutenção do afastamento social”, disse, ao lembrar que não temos uma vacina nem condições concretas de realizar uma testagem em massa.

Parabenizando o empenho do corpo docente e corpo técnico na adaptação de atividades remotas, bem como os servidores envolvidos na realização da audiência pública, o reitor anunciou uma portaria divulgada pelo Ministério da Educação (MEC), estendendo a possibilidade de substituição, quando possível, das atividades presenciais pelas atividades remotas até o final do ano de 2020. “Regular e apresentar essa possibilidade à Universidade é uma forma de garantir que os nossos alunos vão seguir com a sua formação, mas respeitando o afastamento social que garante a preservação das próprias vidas deles e das pessoas com as quais convivem”, reforçou.

O reitor falou também que foram submetidos e estão em análise por avaliadores externos 16 projetos de pesquisa ao edital lançado pela Universidade destinando R$ 1 milhão em recursos do MEC, para investimento em pesquisa no enfrentamento da Covid-19.”Tenho muito orgulho em dizer que há uma série de projetos apresentados de muita qualidade e muito potencial de contribuir para o enfrentamento dessa pandemia”, ressaltou.

As ações de extensão também foram destacadas pelo reitor como ações de “qualidade e responsabilidade”. “Com essa dimensão da extensão, a Universidade mostra que é capaz de produzir valores humanos e redes de solidariedade e de defesa das políticas públicas”, salientou. “Vamos superar essa pandemia com duas coisas: com ciência e com política pública responsável feita em nível municipal, estadual e federal. Sem isso, o número de mortos vai se acumular e a qualidade de vida e da saúde das pessoas decair de maneira absolutamente terrível”, alertou.

Confira o encerramento da audiência na íntegra:

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