O controle epidemiológico da Covid-19 é um dos motivos de preocupação de profissionais de saúde desde março de 2020, assim como o manejo de outros impactos causados pela doença: as sequelas respiratórias, cardiovasculares, metabólicas, neurológicas e musculoesqueléticas que podem atingir, na fase pós-aguda, parte dos pacientes recuperados. Nestes casos, para realizar o acompanhamento clínico e o processo de reabilitação, tem se destacado a atuação de fisioterapeutas, profissionais que, entre outras funções, buscam garantir a qualidade de vida dos pacientes após a alta hospitalar.
“Preparar o sistema de saúde para oferecer à comunidade o cuidado e a atenção de que precisam é nosso compromisso, pois a pessoa que saiu da fase aguda da doença necessita de reabilitação para recuperar a função pulmonar, bem como superar fraqueza muscular e as disfunções secundárias”, explicou a professora do Instituto de Ciências da Motricidade da UNIFAL-MG, Simone Botelho Pereira, à Dicom.
Além de atuar na linha de frente de combate à pandemia, nos casos preventivos e durante a manifestação clínica da doença, o profissional fisioterapeuta também presta assistência a pacientes que podem registrar condições de imobilismo, desencadeado durante a fase de tratamento agudo da Covid-19. “É importante destacar, ainda, que a síndrome pós-cuidados intensivos se caracteriza por alterações físicas, cognitivas e psiquiátricas, com potencial de ocasionar a redução da qualidade de vida dos pacientes e, muitas vezes, de seus familiares”, explicou a docente.
Segundo a Profa. Simone Botelho, outras sequelas potenciais envolvem a diminuição da capacidade cardiopulmonar, o surgimento de disfunções vasculares e o comprometimento neurossensorial, motor e proprioceptivo, os quais se associam a transtornos de estresse pós-traumático, como distúrbios do sono, ansiedade ou amnésia, dificuldades de concentração e sintomas depressivos. “É fato que a Covid-19 apresenta consequências de grau variado, de leve a grave, e, analisando o número de infectados e recuperados, nós, profissionais da saúde, passamos a nos preocupar não somente com o controle da doença, mas também com a assistência às sequelas clínicas apresentadas por alguns pacientes”, salientou a docente.
Circuito de atualização em reabilitação pós-Covid
Com o objetivo de compartilhar conhecimentos para a capacitação de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que recebem pacientes em tratamento após infecção pelo novo coronavírus, o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da região (Crefito), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências de Reabilitação (PPGCR/UNIFAL-MG), coordenado pela professora Simone Botelho, organizou o evento “Circuito de atualização em reabilitação pós-Covid”.
A ação ocorreu no dia 20/01, no auditório do prédio B, campus Santa Clara, e contou com a participação de docentes, discentes, egressos e fisioterapeutas do sul de Minas Gerais. A palestra foi ministrada pela fisioterapeuta Anadely Aparecida Silva Magalhães, conselheira efetiva do Crefito, a respeito da experiência clínica como fisioterapeuta da linha de frente em Poços de Caldas. “O PPGCR/UNIFAL-MG, como parceiro do Crefito, vem, ao longo dos anos, desenvolvendo ações de apoio mútuo em atividades científicas e acadêmicas, com o intuito de disseminar a ciência e proporcionar a formação qualificada para os estudantes e profissionais. A troca de experiências no evento foi, então, muito enriquecedora”, finalizou a docente Simone Botelho.
O Circuito contou com apoio da Reitoria, do Instituto de Ciências da Motricidade (ICM), da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e da Pró-Reitoria de Administração e Finanças (Proaf), e seguiu as recomendações do Comitê de acompanhamento e prevenção à infecção pela Covid-19 da UNIFAL-MG.