Pesquisa inovadora da UNIFAL-MG propõe investigar a identidade da região sul de Minas; diagnóstico inédito traçará o perfil socioeconômico, cultural e político, e auxiliará gestores no desenvolvimento regional

Quais são as características culturais, sociais, econômicas e políticas presentes na identidade da região sul-mineira? De que forma as regiões metropolitanas mais próximas como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro influenciam na construção desta identidade? Para responder perguntas como estas, a UNIFAL-MG propõe um projeto inédito de investigação, cujo conhecimento gerado auxiliará gestores municipais a entenderem os principais desafios no desenvolvimento de políticas públicas nos 162 municípios que compõem a região.  

A ideia inicial para o projeto de pesquisa “A identidade sul-mineira: diagnóstico cultural, social, político e econômico do sul de Minas Gerais” surgiu nas discussões do grupo de pesquisa “Sociedade Industrial: processos e teorias sociais”, do curso de Ciências Sociais da Universidade. Durante essas discussões, observou-se a necessidade de construir um ambiente fértil para o debate científico e redes de colaboração para o fortalecimento da pesquisa, bem como a inserção da Universidade nos debates sobre o futuro do sul de Minas.

 “As pesquisas desse porte, no país, são realizadas em regiões metropolitanas, o que sempre deixa regiões importantes como o sul de Minas sem ter possibilidade de comparação com as demais. Como a região fica próxima a três grandes centros, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, parece ficar escondida no que se refere a sua possível especificidade”, comenta o coordenador do projeto, Prof. Marcelo Rodrigues Conceição, do curso de Ciências Sociais.

Conforme o coordenador, a realização de uma pesquisa tão abrangente implicou na criação de uma equipe de trabalho, composta por pesquisadores de diferentes áreas, que vem trabalhando há um ano na elaboração do projeto que prevê cinco fases de desenvolvimento: organização e coleta de dados secundários; treinamento, coleta e organização das informações primárias; checagem e análise preliminar; análise em profundidade, discussões e divulgação; e elaboração de livro.

“A efetivação de uma pesquisa de tão grande porte só foi possível pela ação do reitor [Prof. Sandro Amadeu Cerveira], em busca de verbas parlamentares para nossa Universidade, em tempos de orçamento ora congelado, ora contingenciado ou mesmo reduzido, bem como a crise das agências públicas de fomento à pesquisa”, revela Prof. Marcelo.

De acordo com o reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, o esforço constante da Reitoria em buscar emendas parlamentares que possam contribuir para o alcance das metas da Universidade encontrou o importante apoio do deputado federal Odair Cunha. Além de ajudar a UNIFAL-MG com emendas focadas nas usinas fotovoltaicas e também no projeto de implantação de um elevador externo no campus de Varginha para garantir a acessibilidade ao Restaurante Universitário, o deputado também indicou o desejo de apoiar uma pesquisa social com foco na região sul de Minas.   

“Como já temos colegas com pesquisas na área e o objetivo de conhecer melhor nossa região, até para melhorar a interação da Universidade, foi desenvolvido um projeto institucional nessa direção com esse aporte”, comenta Prof. Sandro, informando se tratar de recursos na ordem de R$ 300 mil para custeio de bolsas de coordenação, iniciação científica e de mestrado, e contratação da empresa de coleta.

Contribuição acadêmica-científica  como estratégia para o desenvolvimento regional

Ao avaliar os impactos de um estudo tão complexo e necessário como este diagnóstico para a região sul de Minas, o reitor ressalta a versatilidade de áreas que serão beneficiadas, assim como a importância de ser conduzido pela comunidade ciência da UNIFAL-MG. “Os benefícios desse projeto são inúmeros e passam desde a oportunidade para formação de nossos estudantes, dados que poderão resultar em projetos de dissertação e artigos científicos, potencializando a pesquisa em nossa Universidade; até a gestão da UNIFAL-MG, alcançando também os gestores dos municípios contemplados, visto que é um trabalho muito valioso, pois permitirá que a tomada de decisão das politicas institucionais e públicas seja realizada à luz de dados científicos, o que é dever de todo gestor e garantia de boas decisões a longo prazo”, afirma Prof. Sandro.

O coordenador do projeto também acredita no potencial do projeto para a tomada de decisão dos gestores municipais. “O conhecimento sistematizado sobre a região auxiliará os gestores, pois possibilitará a compreensão dos desafios atuais e futuros atinentes ao desenvolvimento cultural, social, econômico, político e ambiental da região”, diz.

Prof. Marcelo salienta ainda, a possibilidade de o estudo gerar desdobramentos estratégicos que contribuirão para a consolidação da UNIFAL-MG como um importante ator regional, com capacidade de propor políticas públicas e intervenções nas áreas culturais, sociais, econômicas, ambientais, entre outras.

“Acredito que no âmbito interno deve fortalecer as parcerias acadêmicas entre os cursos de graduação e programas de pós-graduação envolvidos com o projeto. Lembro que as atividades de formação metodológica serão abertas a toda a comunidade acadêmica e que as informações levantadas na pesquisa ficarão à disposição de qualquer cidadão interessado em conhecer ou pesquisar sobre a região”, acrescenta Prof. Marcelo. 

Metodologia para o diagnóstico sul-mineiro
(Imagem: Elaboração do grupo de trabalho, organizada por Flamarion Dutra Alves)

A previsão de desenvolvimento do projeto é de dois anos, mas a equipe acredita que até o final de 2021 já tenha resultados da coleta de dados primários e secundários.  “O instrumento de coleta das informações primárias foi construído com auxílio de vários outros docentes que fizeram sugestões de perguntas. Com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, que ocorreu no início de março, iniciamos a organização das atividades. Um grupo fará o levantamento de dados secundários, com o apoio de bolsistas dos cursos de graduação. Iniciaremos as oficinas de formação em metodologias de pesquisa neste mês de abril”, explica Prof. Marcelo.

As oficinas serão ministradas por docentes professores da UNIFAL-MG e de parceiros de outras instituições, sendo que o 1º módulo do curso de capacitação/aperfeiçoamento “Formação Intensiva em Métodos de Pesquisa UNIFAL-MG” ocorrerá entre 15/04 e 16/06. Nesta quinta-feira, o primeiro curso será sobre “Noções básicas para pesquisa no Sistema IBGE de recuperação automática (Sidra)”. Saiba mais!

Segundo a proposta do projeto, a coleta dos dados ficará a cargo de uma empresa especializada, uma vez que é preciso que o trabalho seja feito rapidamente, o que a UNIFAL-MG não teria possibilidade de fazer. Os bolsistas de pós-graduação serão envolvidos nas análises mais aprofundadas dos dados primários e secundários.

“A Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa, Fundep, que fará a administração e o gerenciamento dos recursos do projeto, ficará a cargo do processo de licitação e contratação da empresa para a coleta das informações. Isso deve ocorrer até o final do primeiro semestre”, detalha o coordenador do projeto, reforçando que a coleta seguirá todos os protocolos exigidos pelo Comitê de Ética em Pesquisa e pelas medidas sanitárias como o uso de máscara, o distanciamento e a utilização de álcool em gel.

Os dados a serem coletados envolvem: perfil populacional e comportamental, observando as dimensões cultural, social, econômica e política; descrição do processo histórico de formação socioespacial dos municípios do sul de Minas (dinâmica da ocupação territorial; e o fluxo de bens, serviços, pessoas e conhecimentos entre os municípios da região e suas inter-relações com centros regionais e metropolitanos); impacto das mídias sociais nas escolhas culturais, sociais, políticas e econômicas dos moradores da região; percepção dos cidadãos sobre as políticas públicas da região direcionadas para as áreas de Educação, Desenvolvimento/assistência social, Desenvolvimento econômico, Saúde, Cultura, Tolerância e direitos humanos, Mobilidade urbana, Segurança pública e Meio ambiente e avaliação dos impactos das principais políticas públicas na região.

A equipe de trabalho é  constituída pelos docentes: Marcelo Rodrigues Conceição, coordenador, pesquisador do curso de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Educação; Luís Antônio Groppo, pró-reitor adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação e do curso de Ciências Socais; Everton Rodrigues da Silva, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública e Sociedade; Flamarion Dutra Alves, coordenador do Programa de Pós-graduação em Geografia; Michel Deliberali Marson, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia; Antonio Carlos Andrade Ribeiro, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública.