No mês de março, a UNIFAL-MG conquistou mais duas patentes junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), ambas envolvendo tecnologias de grande potencial de aplicação prática na farmacologia.
Com assessoramento técnico da Agência de Inovação e Empreendedorismo (I9), órgão da Universidade responsável por acompanhar todos os trâmites necessários para cumprir as exigências junto ao INPI, um dos pedidos de patente deferido é o intitulado “Polímero de impressão molecular restrito à ligação com macromoléculas por meio de recobrimento com albumina (RAM-MIP-BSA)”, tecnologia desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
A patente é de autoria dos inventores: professor Eduardo Costa de Figueiredo (Faculdade de Ciências Farmacêuticas/Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UNIFAL-MG); discente Larissa Meirelles Rodrigues da Silva; professor Álvaro José dos Santos Neto (USP); professor Fábio Herbst Florenzano (atualmente professor na USP) e discente Gabriel de Oliveira Isac Moraes.
Segundo o professor Eduardo, a invenção foi fruto da dissertação de mestrado do discente Gabriel de Oliveira Isac Moraes, com auxílio da aluna de iniciação científica Larissa Meirelles Rodrigues da Silva. “Recordo que os primeiros experimentos foram frustrantes devido à obtenção de materiais de baixa capacidade de exclusão de proteínas, bem como pela dificuldade de confecção das colunas preenchidas a serem utilizadas no sistema de extração on-line. Contudo, depois de muito trabalho e tentativas, o material foi confeccionado, apresentando performance excelente em termos de seletividade de capacidade de exclusão de proteínas. A patente foi depositada, o trabalho foi premiado em evento internacional e o artigo foi publicado em uma revista de grande impacto, sendo hoje um dos trabalhos mais citados do grupo”, conta, informando que houve grande contribuição dos professores Álvaro José dos Santos Neto e Fábio Florenzano da USP.
Conforme explica Prof. Eduardo, o material tem grande potencial de aplicação prática porque pode ser utilizado para captura de moléculas específicas em fluidos biológicos complexos como sangue.
“Por exemplo, se um analista necessita quantificar um fármaco no sangue, por cromatografia, não é possível injetar o sangue diretamente no equipamento, devido à grande complexidade desta amostra (principalmente pela presença de proteínas e outras diversas moléculas). Assim, o material pode ser empregado com grande eficiência, porque, quando colocado em contato com o sangue, será capaz de capturar o fármaco de maneira específica (devido à presença de sítios seletivos a este fármaco), e ao mesmo tempo vai excluir as proteínas que estão em grande quantidade no sangue. Ao final do processo, o fármaco que foi capturado e removido do material será analisado eficientemente por cromatografia. Ou seja, o material é capaz de promover uma purificação muito eficiente de amostra complexa, retirando desta amostra basicamente a molécula que se quer analisar”, esclarece.
O professor Eduardo, que orientou a pesquisa, enfatiza que este trabalho estabeleceu em 2013 uma forte linha de pesquisa em materiais de acesso restrito no Laboratório de Análises de Toxicantes e Fármacos da UNIFAL-MG, que já rendeu 17 artigos publicados sobre o assunto e mais duas patentes depositadas.
Para o discente Gabriel, que é também servidor da UNIFAL-MG, a invenção é resultado de luta, estudo e união de ideias. “Quando o professor Eduardo propôs o trabalho, não conseguimos comprar reagentes para tentar fazer algo semelhante ao que já existia na literatura e, por isso, foi preciso improvisar. Neste improviso chegaram o professor Álvaro, com seu conhecimento de RAM, o professor Fábio, com sua experiência em síntese e a aluna Larissa com muita força de vontade e apoio”, compartilha.
Gabriel detalha que como trabalhava no Laboratório de Bioquímica da UNIFAL-MG e tinha uma filha recém-nascida, os trabalhos foram realizados nas madrugadas e finais de semana, pois ainda não existia o Programa de Apoio à Qualificação dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação (PROQUALITAE) da Instituição, que inclusive ele ajudou a elaborar tempos depois. “Agradeço a Deus, à minha família, aos meus companheiros nesse trabalho e aos meus colegas de trabalho da UNIFAL-MG, em especial à professora Maísa Brigagão e ao TAE Marco Aurélio por toda força”, destaca.
A outra concessão foi a patente intitulada “Derivados N-Benzil-(-3-O-Acetil)Piperidínicos, composições farmacêuticas contendo os mesmos, e processos para sua preparação”, desenvolvida em parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Os inventores dessa patente são os pesquisadores: professor Claudio Viegas Junior (Instituto de Química da UNIFAL-MG); professora Marcia Paranho Veloso (Faculdade de Ciências Farmacêuticas/Departamento de Alimentos e Medicamentos da UNIFAL/MG); professora Vanderlan da Silva Bolzani (Unesp); professor Newton Castro (Instituto Ciências Biológicas – UFRJ), e professora Mônica Santos Rocha (UFRJ).
“Esta patente foi depositada em 2007, oriunda de um projeto de pesquisa em que buscamos identificar pequenas moléculas com perfil farmacológico de inibição da acetilcolinesterase, uma enzima-chave na fisiopatologia da doença de Alzheimer. De fato, conseguimos identificar um padrão molecular que vem sendo utilizado até hoje no planejamento de novas moléculas como candidatos a fármacos contra doenças neurodegenerativas, a exemplo da doença de Alzheimer, com resultados muito promissores”, explica Prof. Claudio.
Vale lembrar que a primeira carta-patente conquistada pela UNIFAL-MG em novembro de 2020 é de autoria também do professor Claudio Viegas. A invenção desenvolvida em parceria com a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) tratava de um produto que busca proporcionar novos agentes terapêuticos com atividade analgésica e/ou anti-inflamatória, podendo ser útil no tratamento de doenças inflamatórias incluindo neuropatias como a doença de Alzheimer.
As cartas-patentes concedem exclusividade de uso das invenções aos seus titulares, comprovando a finalização do processo e a certificação de que todos os pré-requisitos foram atendidos para a concessão.
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Eduardo Costa de Figueiredo
Pesquisador da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, um dos inventores da patente cujo material tem potencial na captura de moléculas específicas em fluidos biológicos complexos como o sangue
“Recordo que os primeiros experimentos foram frustrantes devido à obtenção de materiais de baixa capacidade de exclusão de proteínas, bem como pela dificuldade de confecção das colunas preenchidas a serem utilizadas no sistema de extração on-line. Contudo, depois de muito trabalho e tentativas, o material foi confeccionado, apresentando performance excelente em termos de seletividade de capacidade de exclusão de proteínas. A patente foi depositada, o trabalho foi premiado em evento internacional e o artigo foi publicado em uma revista de grande impacto.”
Gabriel de Oliveira Isac Moraes
Pesquisador da área de Química, autor da dissertação que originou a invenção capaz de promover uma purificação muito eficiente de amostra complexa
“Quando o professor Eduardo
propôs o trabalho, não conseguimos comprar reagentes para tentar fazer algo semelhante ao que já existia na literatura e, por isso, foi preciso improvisar. Neste improviso chegaram o professor Álvaro, com seu conhecimento de RAM, o professor Fábio, com sua experiência em síntese e a aluna Larissa com muita força de vontade e apoio. Agradeço a Deus, à minha família, aos meus companheiros nesse trabalho e aos meus colegas de trabalho da UNIFAL-MG, em especial à professora Maísa Brigagão e ao TAE Marco Aurélio por toda força.”
Claudio Viegas Junior
Pesquisador do Instituto de Química, um dos inventores da patente relacionada à descoberta de novas moléculas como candidatos a fármacos contra doenças neurodegenerativas
“Esta patente foi depositada em 2007, oriunda de um projeto de pesquisa em que buscamos identificar pequenas moléculas com perfil farmacológico de inibição da acetilcolinesterase, uma enzima-chave na fisiopatologia da doença de Alzheimer. De fato, conseguimos identificar um padrão molecular que vem sendo utilizado até hoje no planejamento de novas moléculas como candidatos a fármacos contra doenças neurodegenerativas, a exemplo da doença de Alzheimer, com resultados muito promissores.”