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Estratégias adotadas pela UNIFAL-MG para atividades de pós-graduação e pesquisa na pandemia fortalecem o desenvolvimento científico; confira mais uma reportagem da série especial sobre o Relato Integrado

A pandemia do novo coronavírus fez emergir novos cenários no nosso cotidiano, antecipando mudanças que impactaram diretamente nossa rotina de trabalho, de estudo e de convívio social. Na UNIFAL-MG, as atividades foram adaptadas para o formato remoto e os resultados dessa transformação podem ser conferidos no Relato Integrado 2020, recentemente divulgado. Para dar melhor visibilidade aos desafios e ações empreendidas, a equipe da Diretoria de Comunicação Social (Dicom) apresenta uma série especial de reportagens, que teve início na semana passada, com o tema “Ensino” e traz nesta semana o tema “Pesquisa”. Confira a seguir, a segunda reportagem da série.

Estratégias adotadas pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) durante a pandemia

Em consonância com as medidas sanitárias e de adequação implementadas pela Universidade entre os meses de março e abril de 2020, a PRPPG, a Câmara de Pós-Graduação e a Câmara de Pesquisa elaboraram resoluções específicas para o período da pandemia, as quais foram analisadas e aprovadas pelo Conselho Universitário (Consuni).

Tais documentos estabeleceram a autorização para as Atividades Continuadas Emergenciais (ACE) na pós-graduação durante o primeiro semestre letivo de 2020 e a continuidade das atividades de pesquisa durante a suspensão das atividades presenciais e do calendário acadêmico.

A fim de reorganizar as atividades de pesquisa, pós-graduação e iniciação científica, a PRPPG divulgou amplamente orientações sobre o novo formato de funcionamento, o que incluiu alterações nos planos de trabalho dos estudantes de iniciação científica, por exemplo.

Prof. Luis Antônio Groppo – pró-reitor adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação. (Foto: Arquivo Pessoal/Luis Antônio Groppo)

“Houve ampla reorganização das atividades de pesquisa e pós-graduação, de modo que o máximo possível de atividades que pudessem se adequar ao modo remoto fossem adotadas, incluindo aulas e parte substancial das atividades de pesquisa”, explica o professor Luis Antônio Groppo, pró-reitor adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação.

Segundo Prof. Groppo, tem havido um esforço contínuo da PRPPG, com o apoio da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace), para avaliar a situação de pós-graduandos que apresentam dificuldades de acompanhar o ensino remoto, seja por falta de equipamento adequado ou por falta de conectividade.

“Na pós-graduação, as disciplinas, defesas e qualificações de tese e dissertação foram todas transferidas para a modalidade remota e o calendário acadêmico da pós-graduação foi desvinculado para que ocorresse uma maior flexibilização das atividades acadêmicas”, salienta.

O pró-reitor adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação destaca que a Pró-Reitoria tem se mantido atenta à situação sanitária, o que a fez suspender provisoriamente as atividades de pesquisa que não estivessem relacionadas à Covid-19 ou que não comprometessem equipamentos e laboratórios, no período de maior gravidade da pandemia, ocorrido em março de 2021.

Relatos de pós-doutorandos sobre a experiência de realizar pesquisa em 2020

“Confesso que, em todos esses anos dedicados à pesquisa, 2020 foi o ano de maior dificuldade e incerteza para trabalhar”, conta Sônia Aparecida Figueiredo, pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) da UNIFAL-MG.

 “Confesso que, em todos esses anos dedicados à pesquisa, 2020 foi o ano de maior dificuldade e incerteza para trabalhar. Eu me vi em uma situação que precisava continuar fazendo pesquisa, porém de modo remoto. A maneira encontrada foi me dedicar a atividades diversas”, conta Sônia Aparecida Figueiredo, pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. (Foto: Arquivo Pessoal/Sônia Figueiredo)

Para adaptar os trabalhos no desenvolvimento da pesquisa intitulada “Avaliação da atividade biológica de produtos farmacêuticos utilizando metodologias in vitro em culturas de células”, sob a orientação da professora Fernanda Borges de Araújo Paula, a pós-doutoranda explica que precisou alterar sua rotina de pesquisa para outras atividades. “Eu me vi em uma situação que precisava continuar fazendo pesquisa, porém de modo remoto. A maneira encontrada foi me dedicar a atividades diversas. A primeira delas foi a produção de artigos científicos em parceria com o nosso grupo de pesquisa do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UNIFAL-MG e com grupos de pesquisa da FCFRP e UFJF. Este trabalho resultou na publicação de 12 artigos em revistas nacionais e internacionais. Além de manuscritos que estão em fase de avaliação por periódicos e outros em fase final de elaboração”, narra.

Além da produção de artigos, Sônia se dedicou também a colaborar em projetos de pesquisa de alunos de graduação e pós-graduação que resultaram na apresentação e publicação de resumos em eventos científicos nacionais e internacionais realizados na modalidade on-line; passou a participar intensamente de eventos científicos e de cursos para se manter atualizada na área de pesquisa em que atua, e ministrou uma disciplina no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG, onde todos os participantes puderam compartilhar conhecimentos e experiências.

“A pesquisa científica é dinâmica e aborda diferentes facetas, sendo que todas elas em conjunto contribuem para o fortalecimento da ciência no nosso país”, afirma a pós-doutoranda, que relata ter extensa relação com a pesquisa científica, iniciada durante a sua graduação em Farmácia na UNIFAL-MG, quando foi bolsista de Iniciação Científica por três anos consecutivos; seguida de um mestrado e doutorado desenvolvidos na USP.

“As atividades de pesquisa e orientação de discentes foram muito comprometidas com o primeiro agravamento da pandemia e a suspensão das atividades presenciais em março de 2020, interrompendo a continuidade da aquisição dos dados”, compartilha Bruno Zavan, Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biociências Aplicadas à Saúde. (Foto: Arquivo Pessoal/Bruno Zavan)

Bruno Zavan, pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biociências Aplicadas à Saúde (PPGB) da Universidade também se reinventou para continuar as atividades de pesquisa durante 2020. Ele explica que a pesquisa que desenvolve exige análises contínuas, o que a pandemia e suspensão das atividades presenciais acabaram impactando. “A pesquisa que desenvolvo se refere a um modelo murino de comprometimento do fluxo sanguíneo uteroplacentário no período mediano da gestação. A rotina de trabalho em pesquisas que envolvem o estudo da gestação tem demanda continuada, de tal forma que a interrupção acarreta atrasos e perda de material. As atividades de pesquisa e orientação de discentes foram muito comprometidas com o primeiro agravamento da pandemia e a suspensão das atividades presenciais em março de 2020, interrompendo a continuidade da aquisição dos dados”, revela.

O pós-doutorando, que trabalha com a pesquisa “Implicações gestacionais por Padrões Moleculares Associados ao Dano em modelo murino”, sob a orientação do professor Valdemar Antonio Paffaro Junior, conta que a retomada das atividades se deu de maneira cautelosa, tendo o Laboratório de Biologia Animal Integrativa (LABAInt) adotado medidas de segurança para reduzir o fluxo de pessoas em um sistema planilhado de revezamentos de horários nos espaços físicos do laboratório.

De acordo com Bruno, mesmo após a volta das atividades do laboratório, foram necessárias algumas suspensões de atividades devido ao aumento de casos de Covid-19 em Alfenas. “Com isso, a prioridade se voltou ao término de protocolos em andamento e maior dedicação à análise dos dados previamente adquiridos, bem como a escrita de relatórios e artigos científicos”, compartilha.

Investimentos para o desenvolvimento de pesquisas

A chamada da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação que destinou cerca de R$ 700 mil para o enfrentamento à Covid-19, com o apoio do MEC, foi uma das iniciativas institucionais que possibilitaram a continuidade da produção científica e o desenvolvimento de pesquisas durante 2020.

O recurso financiou sete projetos multidisciplinares de curta e média duração (de seis meses a um ano), a maioria ainda em desenvolvimento. Tais projetos envolvem desde técnicas de análises preditivas para monitoramento, controle e prevenção de endemias e epidemias em zonas de risco a partir da modelagem de dados georreferenciados, até o desenvolvimento de produtos imunológicos, passando por métodos e detecção e, até mesmo, o uso de inteligência artificial para processamento de imagens.

Para a professora Vanessa Bergamin Boralli Marques, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, as áreas contempladas na chamada possibilitam uma cobertura ampla das possíveis ações e projetos de pesquisa para o enfrentamento da pandemia. “Além de a chamada ser uma forma de fortalecimento da pesquisa na Universidade, o edital foi pensado para apoiar ações efetivas e inovadoras voltadas ao enfrentamento e mitigação dos danos causados pela Covid-19 à saúde da população, por isso a previsão de resultados deve ser apresentada em um prazo de até 12 meses”, disse em matéria sobre o edital.

“Tem sido uma experiência muito importante para nossa Universidade e para os pesquisadores. Alguns projetos de mais curto prazo foram concluídos, com resultados notáveis, como o do professor Gabriel Rodrigo Gomes Pessanha, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, e o do professor Rodrigo José Pisani, do Instituto de Ciências da Natureza”, relata o pró-reitor adjunto. Conforme Prof. Groppo, a experiência tem demonstrado o esforço dos pesquisadores da UNIFAL-MG, como os demais do país, “em responder aos desafios da pandemia, produzindo conhecimento relevante, mas que se deseja impactante a curto prazo.”

Uma das pesquisas contempladas pela chamada é o estudo do professor Gabriel, que utiliza a Inteligência Artificial (AI) para identificar os padrões da Sars-CoV-2 por meio da tomografia computadorizada do tórax e com o uso de técnicas de segmentação de imagens para analisar o grau de comprometimento pulmonar da Covid-19.

“Os resultados parciais obtidos até o momento são promissores, apresentando resultados regulares em seus testes. Esse estudo revelou uma precisão média de 95,05% com uma baixa taxa de falsos positivos para a detecção de SARS-CoV-2 na tomografia computadorizada”, conta Prof. Gabriel.

Segundo ele, as técnicas de segmentação de imagens aplicadas também se mostraram eficientes para compreender a área comprometida pela doença no pulmão. “Como continuação deste trabalho, entende-se que está a busca do aprimoramento dos falsos positivos do modelo de detecção e cálculo do comprometimento pulmonar, dado que, até o momento, foi realizado apenas o cálculo da área afetada pela doença de forma automática, faltando apenas o desenvolvimento da mensuração da área do pulmão de forma automática”, acrescenta.

A ferramenta apresenta significativa contribuição para profissionais de saúde, visto que ajudará na análise de imagens médicas, proporcionando um instrumento que garanta uma triagem mais certeira e mais rápida aos pacientes. Saiba mais em http://cia-research.com.br.

Além dos projetos de pesquisa contemplados na chamada da PRPPG de enfrentamento à Covid-19, outras pesquisas também foram financiadas por empresas e por verba parlamentar. Uma delas é a pesquisa do professor Cláudio Viegas Júnior, que apesar de não ter sido contemplada 

pela chamada específica da PRPPG, por não se enquadrar no curto e médio prazo exigidos pelo edital, recebeu apoio financeiro da empresa BRF S.A., proprietária das marcas Sadia e Perdigão, por meio do Instituto BRF. Os recursos, na ordem de R$ 300 mil, estão sendo aplicados no estudo, que já identificou moléculas sintéticas com potencial capacidade contra a infecção causada pelo coronavírus.

Veja alguns destaques no infográfico acima

Concessão de bolsas

Em 2020, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação conseguiu manter os editais para concessão de bolsas de iniciação científica, desenvolvimento tecnológico e inovação. Tais bolsas são concedidas por meio do CNPq e por meio de cotas institucionais. Foram 90 bolsas concedidas pelo CNPq e 40 pela Universidade. Vale destacar que ao longo de 2020 foram realizados cerca de 300 trabalhos de iniciação científica, em sua maioria de forma voluntária.

Laboratório de pesquisa do Departamento de Bioquímica da UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo/Equipe coordenada pela professora Marina Quádrio)

A PRPPG mantém um programa institucional de concessão de bolsas de pós-graduação, que segundo Prof. Groppo contempla orçamento direcionado para concessão de bolsas a discentes estrangeiros matriculados nos programas de pós-graduação da UNIFAL-MG. “Havendo disponibilidade de recursos após a concessão das bolsas aos discentes estrangeiros, cotas de bolsas são destinadas aos programas que possuem doutorado e havendo recursos, finalmente cotas aos mestrados. Nos últimos anos, todos os programas de Pós-Graduação da UNIFAL-MG foram contemplados com essas cotas”, explica, informando que em 2020 foram contemplados 14 estudantes estrangeiros (13 de mestrado e um de doutorado). No total foram 24 acadêmicos que receberam bolsas institucionais de mestrado, sendo 13 estrangeiros e nove brasileiros, e cinco de doutorado – um estrangeiro e quatro brasileiros.

 

Tendências trazidas pela pandemia

Ao comentar os resultados de estratégias adotadas pela PRPPG durante a pandemia, Prof. Groppo comenta que o formato remoto acena para a possível implementação de modalidades híbridas e mesmo remotas com maior constância após a volta das atividades presenciais. “Essa estratégia pode facilitar a fusão de programas de pós-graduação distantes no espaço – dentro da própria UNIFAL-MG e com outras instituições, o que tem sido estimulado pela CAPES”, afirma. Segundo o pró-reitor adjunto, a estratégia também pode facilitar o funcionamento de grupos de pesquisa, inclusive para além dos programas de pós-graduação, tornando rotineira reuniões remotas e híbridas entre equipes de pesquisa de caráter regional e até nacional.

Reunião on-line da equipe de análise e modelagem estatística em pesquisa coordenada pelos professores Denismar Nogueira e Marcos Bissoli durante a pandemia. (Foto: Arquivo pessoal/ Denismar Nogueira)

Na avaliação do gestor, os docentes ganharam experiência no uso de ferramentas digitais com a necessidade de adaptação às plataformas de ensino virtual, o que ampliou a divulgação científica. Um exemplo citado pelo Prof. Groppo diz respeito às atividades de disseminação do conhecimento científico, como seminários, workshops e congressos, que passaram a ser realizadas por meio de lives organizadas pelos próprios pesquisadores e programas de pós-graduação da UNIFAL-MG.

“Há também a possibilidade das bancas de tese e dissertação continuarem no formato remoto”, acrescenta Prof. Groppo. O formato, segundo ele, permite convidar especialistas de renome para participar das bancas, ao mesmo tempo que contribui para a economia de recursos com deslocamento, recursos que podem ser direcionados ao desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa e pós-graduação.

Saiba mais sobre as ações da Universidade, acessando o Relato Integrado completo neste link.

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