Os trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Genética Humana da UNIFAL-MG, pela equipe de pesquisa em Genética Toxicológica (GenTox), coordenada pela professora Pollyanna Francielli de Oliveira (Instituto de Ciências da Natureza), ganharam visibilidade nacional durante o 16º Congresso da MutaGen-Brasil, que aconteceu de 3 a 7 de outubro. Na oportunidade, um dos estudos foi premiado em primeiro lugar na categoria Iniciação Cientifica no eixo temático de “Instabilidade Genômica; Reparo de DNA e Nutrigenômica”.
A menção honrosa foi concedida ao trabalho intitulado “Hypercaloric diet supplemented with spermidine: study of the effects on DNA”, cujo objetivo é investigar os efeitos da suplementação de espermidina em roedores alimentados com dieta hipercalórica, rica em sacarose, antes e após a indução de danos ao DNA. De autoria da discente Maria Clara de Oliveira Duarte, do curso de Ciências Biológicas (Licenciatura), o projeto de iniciação científica é orientado pela professora Pollyanna Oliveira, e desenvolvido junto à mestranda em Nutrição e Longevidade, Janine Barcelos Chacon, e à doutoranda em Biociências Aplicadas à Saúde, Michele de Oliveira Carvalho, em parceria com o professor Bruno Martins Dala-Paula (Faculdade de Nutrição).
O estudo envolve as dietas baseadas em alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e calorias, os quais causam danos ao DNA, uma vez que são fatores de risco para câncer. Além disso, a pesquisa trabalha com espermidina, o que segundo a professora trata-se de uma poliamina (molécula) com diversas funções biológicas já demonstradas na literatura sem resultados de pesquisas a nível de DNA. “Em animais com alta ingestão de açúcar na dieta queremos avaliar se a espermidina pode proteger o DNA de lesões que ao se tornarem mutações podem evoluir para o processo de carcinogênese”, explica.
Segundo a orientadora do projeto, embora a espermidina esteja associada com a sobrevivência prolongada em humanos e sugerem que os indivíduos alimentados com dietas ricas em espermidina a longo prazo podem apresentar menor mortalidade por doenças, os efeitos protetores no DNA, investigados no trabalho, são praticamente inéditos.
“Avaliar a possível eficácia da espermidina em uma dieta rica em sacarose contribui para esclarecer se, em uma dieta rica em sacarose, comum nos dias atuais, a espermidina protegeria o material genético de eventos danosos que levariam ao processo de transformação maligna”, comenta.
Conforme a professora, de modo geral, a incidência de condições crônicas não transmissíveis, entre elas o câncer, tem aumentado em todo o mundo de modo que a maioria dos casos são condicionados a fatores ambientais que envolvem o estilo de vida, entre eles a dieta. Isso faz com que a ingestão de sacarose seja capaz de reduzir a eficiência alimentar, promova acúmulo de gordura e afete o processo de recuperação do paciente com câncer. “Entendemos que a nutrição e a dietética são consideradas alguns dos fatores externos mais influentes na ocorrência de doenças”, afirma.
Ao todo, nove integrantes da equipe do GenTox participaram do evento, no qual foram apresentados sete trabalhos. Da graduação, além de Maria Clara Duarte, do curso de Ciências Biológicas, estiveram presentes também as estudantes do curso de Biomedicina: Mylena de Mello Carollo dos Santos, Giulia de Mello Franco, Isabella Bastos Reis de Bruna Luisa dos Santos Souza. Marcaram presença também, as mestrandas Isabella Caroline Menon, Leticia Helena Parreira e Hanna Karolina de Araújo Batistão; e a doutoranda Michele de Oliveira Carvalho, todas do Programa de Pós-Graduação Biociências Aplicadas à Saúde (PPGB).
No congresso, a professora Pollyanna Oliveira ainda ministrou a palestra “Evidence of the chemopreventive influence of bioactive compounds, semi-synthetic derivatives and diet” à Escola de Mutagênese 3, abordando aspectos sobre a aplicação de compostos bioativos na quimioprevenção do câncer.
Ao comentar a importância da representação do Laboratório de Genética Humana no evento, bem como a premiação, a professora Pollyanna Oliveira salienta parceria com o Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade (PPGNL). O reconhecimento nacional deste trabalho é importante para o Laboratório de Genética, pois é fruto de importantes parcerias realizadas com o Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade, o qual tem sido crucial para estudar compostos bioativos com atividade quimiopreventiva que podem, no futuro, nos permitir superar os desafios impostos na prática clínica oncológica bem como melhorar a qualidade de vida dos indivíduos”, enfatiza.
“Este trabalho fortalece a pesquisa em genética toxicológica no âmbito regional, nacional e até internacional, e contribui para o fortalecimento dos programas de pós-graduação e graduação na área de Ciências da Saúde, além de ampliar as pesquisas realizadas na UNIFAL-MG”, finaliza, agradecendo à equipe de pesquisa, aos laboratórios parceiros, à UNIFAL-MG e o apoio das agências de fomento CAPES, CNPq e FAPEMIG.
O Congresso da Mutagen-Brasil foi organizado pela Associação Brasileira de Mutagênese e Genômica Ambiental (MutaGen-Brasil), entidade civil, sem fins lucrativos, que objetiva o desenvolvimento de atividades científicas no campo da Mutagênese, Carcinogênese e Teratogênese. A 16ª edição aconteceu em Londrina-PR tendo como tema central Disseminando saberes para um mundo sustentável. Durante as atividades, foram apresentados e discutidos diversos assuntos envolvendo estudos no campo da toxicogenômica de agentes químicos, físicos e biológicos e a identificação de alterações genéticas que podem estar relacionadas ao desenvolvimento de diversas doenças.