Lucas Costa Vieira¹
Os locais mais frequentados pelos moradores do sul de Minas para atividades de lazer foram os espaços públicos. Mais de 59% da população sul-mineira teve como principal atividade recreativa a visita a praças, parques e cachoeiras. Apenas uma limitada parte do tempo de lazer dos moradores foi dedicada a atividades como teatro, concertos, exposições de arte e visitas a monumentos históricos.
No gráfico abaixo, é possível perceber que em Alfenas, entre os indivíduos de 16 a 24 anos de idade, mais de 85% participaram dessas atividades. Já entre aqueles que possuem 60 anos ou mais, apenas cerca de 31% afirmaram visitar tais espaços. Logo, é perceptível que dentre os aspectos indicados como lazer, a parte mais jovem da população alfenense é a que mais possui o costume de frequentar os espaços públicos.
Faixa etária dos moradores que frequentam espaços públicos em Alfenas (%)
Nos outros municípios do sul de Minas acontece o mesmo fenômeno, ou seja, os sujeitos mais jovens são os que mais costumam comparecer a espaços públicos. Com isso, é possível notar que tanto a população de Alfenas como a do sul de Minas no geral, além de ter uma maior movimentação nos parques, praças e cachoeiras, compartilha de uma faixa etária semelhante de principais frequentadores dessas atividades.
No que se refere às outras atividades de lazer no sul de Minas, aproximadamente 14% da população comparece a exposições de arte, enquanto menos de 16% vai a teatros e apresentações de dança. A respeito da idade, o maior número de moradores que visitam exposições de arte são aqueles de 45 a 59 anos, tendo um percentual de cerca de 28%.
Como indica o gráfico abaixo, dentre a parte da população que frequenta exposições de arte, aqueles que possuem renda acima de 10 salários-mínimos são os que mais participam dessa atividade. Levando isso em consideração, pode-se compreender que os moradores do sul de Minas que possuem uma renda familiar baixa apresentam um maior hábito de praticar atividades gratuitas e ir a espaços abertos. Já a parte da população sul mineira que possui uma renda maior comparece mais a atividades que possuem um custo financeiro superior, como shows musicais, peças de teatro e exposições de arte.
Habitantes do sul de Minas que participam de exposições de arte (%)
Desse modo, é possível pensar como a diferença de renda influencia em diversos aspectos da vida de uma sociedade. Percebe-se como as atividades de lazer podem ser distintas entre os que possuem rendas salariais desiguais. No sul de Minas, parques e cachoeiras são programas em que grande parte dos habitantes comparece, tendo em vista que, além desses locais serem abundantes na região, com diversas paisagens naturais, o custo financeiro é bem menor quando comparado às outras atividades recreativas. Já as atrações que envolvem arte, como teatros, shows e exposições, costumam exigir um gasto monetário elevado, por isso, apenas uma parcela da população tem acesso a esse tipo de entretenimento.
Apesar disso, é válido levar em consideração que muitos municípios da região não possuem cinemas ou teatros, deixando mais inviável a sua visitação. Assim, a pesquisa aponta que a população é predominantemente satisfeita com a qualidade de vida na região. Os municípios do sul de Minas oferecem muita beleza natural, portanto, os habitantes aproveitam dessa circunstância e direcionam suas atividades de lazer aos locais abertos. Em geral, a comunidade tem maior interesse por esse passatempo do que eventos de alto custo.
Os dados analisados são da pesquisa Identidade Sul-mineira, realizada pela UNIFAL-MG, que entrevistou 1320 moradores em 20 municípios do Sul, entre os dias 14 de maio e 11 de junho de 2022. O Sul de Minas é entendido como um conjunto de 162 municípios que fazem parte das regiões intermediárias de Pouso Alegre e Varginha.
Acesse a pesquisa completa em: Identidade Sul-Mineira: Diagnóstico cultural, social, político e econômico do Sul de Minas Gerais”
Texto elaborado sob a supervisão dos professores Marcelo Conceição e Luís Groppo.
Lucas Costa Vieira é acadêmico do curso de Ciências Sociais (Bacharelado) da UNIFAL-MG e integrante do projeto de extensão “A imaginação sociológica e o Sul de Minas”.
(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal UNIFAL-MG são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do Jornal UNIFAL-MG e nem posições institucionais da Universidade Federal de Alfenas).