Em entrevista, vice-coordenadora do curso gratuito de Filosofia Política fala sobre origem, objetivos e ideias para a quarta edição da ação extensionista que acontece na UNIFAL-MG

Inicia-se neste sábado, 4 de maio, no campus Varginha da UNIFAL-MG, a 4ª edição do curso gratuito de Filosofia Política, uma ação do projeto de extensão universitária “Um livro, várias lições”. O curso vai acontecer até o dia 25 de maio, com aulas somente aos sábados das 9h às 12h e das 13h30 às 15h30. As inscrições são gratuitas e a participação garante certificado de extensão universitária. O curso é aberto à toda comunidade e não há exigência de comprovação acadêmica para participar. Vale esclarecer que para acessar o curso na hora da inscrição, o participante precisa localizar o nome “Um livro várias lições” e assinalar todos os dias das aulas no sistema de Controle de Ações de Extensão, o CAEX, neste link.

Para promover a divulgação do curso, Elisa Zwick,  professora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e atual vice-coordenadora do curso, participou de uma live neste dia 1º de maio, na qual bateu um papo com Loui Jordan, do canal Três Pontas Studio Live, sobre a proposta da ação extensionista e as expectativas para essa edição.

A síntese dos assuntos abordados pode ser conferida na entrevista a seguir:


1 – Como surgiu essa ideia do Curso de Filosofia Política?

Elisa Zwick:  Primeiro eu gostaria de parabenizar a toda a classe trabalhadora pelo seu dia. O 1º de maio é Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, um dia historicamente marcado pelas lutas dos trabalhadores no mundo, que estiveram nas ruas desde Chicago, em 1º de maio de 1886, que na época lutaram para a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. No Brasil, é em 1924 que a data ganha registro, ganhando força apenas com Getúlio Vargas, em 1931, quando ele troca o 13 de maio, quando se comemorava a abolição, para o 1º de maio como feriado, para a comemoração do dia do trabalho. É essa realidade da classe trabalhadora no país que tem relação com a ideia do nosso curso, ao falarmos de democracia, uma forma de Estado que pressupõe igualdade.

Captura de tela da live ocorrida nesta quarta-feira, 01 de maio. (Reprodução)

O curso de Filosofia Política nasceu em 2019 e o primeiro professor que coordenou o projeto foi o Paulo César de Oliveira, doutor em Filosofia, que estudou Paulo Freire em seu doutorado na Itália. A nossa proposta inicial sempre foi, portanto, de origem Freiriana. Partimos do propósito de tema gerador, de certa forma, ao ofertar aulas em que cada colega da UNIFAL-MG escolhe livremente um tema sobre o qual está pesquisando, mas que gira em torno de um eixo comum: Democracia. O assunto, então, a partir desse tema gerador passa a ser popularizado no curso, quando evoca diferentes teóricos através das falas realizadas, o que se torna algo mais acessível, especialmente à comunidade externa. Então, cada colega aborda um tema de autor clássico ou renomado em sua área, dele extraindo diferentes lições. É daí que vem o nome “Um livro, várias lições”, que subintitula o evento, carregando como pano de fundo o que, segundo nos fala o Professor Paulo César, primeiro coordenador do projeto, é a ideia de Tomás de Aquino, que dizia o seguinte: “Tenho medo do homem de um livro só”. Isso aparece na apresentação do primeiro livro oriundo do primeiro curso ministrado em 2019 (disponível em: https://www.editorafi.org/48livro), escrito pelo conjunto dos colegas participantes.

Agora já são dois os livros que temos publicados a partir do curso (o segundo pode ser acessado em: https://loja.editoradialetica.com/humanidades/curso-de-filosofia-politica-a-questao-democratica). Esses são resultados do esforço empreendido até essa quarta edição. O outro resultado significativo é que nós já divulgamos o projeto na comemoração dos 40 anos da democracia na Argentina, levando, portanto, algo que é desenvolvido localmente ao âmbito da América Latina (conforme divulgação: https://www.unifal-mg.edu.br/portal/2023/10/06/pesquisa-e-extensao-da-unifal-mg-marcam-presenca-em-evento-alusivo-aos-40-anos-da-democracia-na-argentina/).

Desde a primeira edição tematizamos abordagens de diferentes áreas, como: Ciência Política, Filosofia (essas duas áreas são fundamentais para dar nome ao curso, pois nos trazem uma base histórica de conhecimentos sobre a democracia), também a História que é sobremaneira importante, pois a presença do professor Lucas, mestre em História Ibérica pela UNIFAL-MG, que esteve no projeto desde o início, mantém viva a história do próprio curso, uma vez que ele tem motivado a todos nós para manter o curso com uma sequência durante todos esses anos. Também já contamos com as áreas do Direito, da Economia, da Literatura, da Sociologia e da Administração. Todas essas áreas estiveram presentes em sentido interdisciplinar para compreender sobre democracia. E, neste ano, também agregamos ao debate questões relacionadas à Psicanálise, voltada à Análise Social. É uma área que, desde o início da proposta do curso, havia intenção de ser contemplada.

Mas, antes de entrar nos nossos temas, um pouco mais sobre o histórico de nossa tradição: nós tivemos então, sempre o apoio da Extensão da UNIFAL-MG, a presença de estudantes egressos, como o Lucas e a Zara, que falou com o Sandro [reitor] na edição passada, de modo que o curso se firmou ao longo de três anos como um importante instrumento de apuração e divulgação do debate político, levando-o a um público que sempre ultrapassa as expectativas iniciais. Embora o número de professores que participaram do projeto seja restrito, os docentes que fazem parte dele acreditam muito no projeto e são eles próprios também os organizadores de todo processo educacional. Assim, organização do curso foi, durante esses anos, circulando entre esses docentes, primeiro do ICHL [Instituto de Ciências Humanas e Letras] e depois do ICSA [Instituto de Ciências Sociais Aplicadas], o que demonstra a diversidade do curso.

Em 2019, as discussões giraram em torno de grandes temas como Economia e suas implicações na vida cotidiana, discurso de ódio, direita e esquerda, o papel da literatura no combate ao autoritarismo, entre outros. Naquele primeiro ano do curso, já tivemos bastante adesão junto à comunidade de cidades próximas à Varginha. Como vocês sabem, 2019 foi um ano surreal na política brasileira, elegemos um governante que rompeu até mesmo com o partido pelo qual se candidatou. Quer dizer, nós vivemos tempos que exigiram pensar uma formação crítica sobre democracia na e pela Universidade. Porque se criou um senso comum rasteiro que trouxe uma série de mazelas ao país e que precisou ser debatido. Temas como o armamento da população, redução dos direitos trabalhistas, o ataque ao estado laico, a judicialização da política (Lawfare) desdobraram-se, prejudicando a população.

Em 2021 tivemos de realizar uma edição online, devido a realidade da pandemia. Ou seja, o projeto não parou. Inclusive até logrou conquistas ainda não vistas, uma vez que tivemos alunos de outros estados da Federação participando. Nesta segunda edição, contamos com um aprofundamento na forma temática, dando a ela contornos mais definidos. Foi desta forma que a eficácia do curso pode ser comprovada, tendo como grande tema a Democracia. Ao estudarmos junto aos alunos subtemas convergentes, pudemos como nunca explorar melhor as discussões, sempre dando e oportunizando o debate de todo corpo docente.

A terceira edição foi mais desafiadora por estarmos no ano das eleições presidenciais de 2022. Nesta empreitada, a exemplo do que foi a edição de 2021, retomamos o tema Democracia, buscando explorar seus desafios, problemáticas e possibilidades (https://www.unifal-mg.edu.br/portal/2022/11/18/unifal-mg-realiza-terceira-edicao-do-curso-de-filosofia-politica-no-campus-varginha-acao-faz-parte-do-projeto-de-extensao-um-livro-varias-licoes/). Participaram desta edição colegas da Ciência Política, Economia, Sociologia, História, Filosofia e Administração. Com essa gama de variedades, buscamos trazer discussões pertinentes às questões mais tensas e limítrofes vividas pelo nosso país, também em suas esferas municipais e estaduais. Nessa terceira edição é que lançamos o livro da coletânea da segunda edição.

2 – Como funciona o processo de inscrição? (Inscrição, prazos, Lista de Presença, certificado, enfim)

Elisa Zwick: O curso é gratuito, qualquer pessoa interessada pode se inscrever realizando cadastro no site do CAEX [Sistema de Controle de Ações de Extensão] da UNIFAL-MG (https://sistemas.unifal-mg.edu.br/app/caex/). Caso não consiga realizar a inscrição antecipada, nós teremos uma equipe no primeiro dia para auxiliar, se o participante ou a participante não a tenha feito. A inscrição garante vaga e o certificado, se o cursista mantiver 75% de presença. Os estudantes serão certificados em ensino e extensão.  São 250 vagas e a tradição do curso comprova que são preenchidas. Então, é preciso que os interessados garantam logo a vaga.

3 – Quais serão os temas para essa 4ª Edição? Como esses temas são escolhidos?

Elisa Zwick: Além do que já falei sobre os temas, ressalto que são escolhidos em união à perspectiva da pesquisa que se faz por parte de cada docente – o que, diante da diversidade de pesquisas e áreas que já passaram em nosso curso é o que o torna rico. E também são temas escolhidos com olhar na realidade que estamos vivendo. Por exemplo, vemos que ainda hoje, no século 21, nós somos um país que discutiu timidamente a questão da escravidão: daí que teremos a nossa aula focada em racismo, com a professora Janaína, uma realidade estrutural e endêmica. Somos um país cuja população feminina, que é a maioria, ainda está sujeita ao chamado trabalho invisível, que inclusive foi tema da última redação do Enem. Daí que nós teremos uma aula, com a professora Paula, sobre o trabalho doméstico.

Bom, sobre os temas, vou falar mais detidamente então:

  • A aula inaugural, em 4 de maio, contará com dois temas. No turno da manhã, para a abertura, teremos a presença do professor Sandro Amadeu Cerveira, cientista político e nosso reitor, que tratará do tema “Universidade e democracia: notas sobre uma relação ambígua”, a partir das 9 horas, com base em José Saramago, escritor que foi ganhador do prêmio Nobel de literatura em 1998.
  • Na parte da tarde, neste mesmo dia, às 13h30, o professor Lucas Magalhães Costa, historiador e jornalista, falará da “Democracia nascente: da cidade para História uma discussão sobre os fundadores democráticos” à luz da obra “Péricles, o inventor da democracia” da historiadora francesa Claude Mossé e, ainda, com base em outros autores do pensamento democrático, como Aristóteles, Pseudoxenofante e Plutarco.
  • A nossa terceira aula será ministrada no dia 11 de maio, pela professora Paula Gontijo Martins, da Administração Pública, que trará um pouco da obra de Silvia Federici, reconhecida filósofa italiana que debate trabalho doméstico. Esta aula é intitulada: “Velha, bruxa e repugnante: o medo da organização entre mulheres e da construção de laços comunais”.
  • Já na quarta aula, em 18 de maio, teremos a contribuição da professora Janaína Fernandes, da Administração Pública, que trará como tema “Reflexões sobre o racismo cotidiano” a partir da obra “Memórias da Plantação”, de Grada Quilomba, autora que debate o racismo cotidiano sofrido pela mulher negra na sociedade.
  • Por fim, no fechamento do curso, em 25 de maio, nós teremos a aula comigo, com o tema “Esfera pública em perspectiva psicossocial”, com base na obra de Sigmund Freud, “Psicologia das massas e análise do eu” e de outras reflexões a partir do criador da psicanálise.

4 – Nesta edição, houve mudança em relação aos horários, não será apenas nas manhãs de sábado. Qual o motivo dessa ampliação?

Elisa Zwick: Sim, tens razão: nós costumeiramente fazíamos o curso apenas pelas manhãs. Mas, este ano decidimos concentrar no mês de maio, por conta das datas que estavam disponíveis para cada docente e do calendário acadêmico. O mês de maio costuma ser um mês intermediário, que permite concentrar mais atividades de extensão. O ano letivo é sempre apertado e quando concentramos as atividades em um espaço de tempo menor, a probabilidade de sucesso de um curso como esse é sempre maior. Então, no primeiro dia teremos início à 9h da manhã, com o professor Sandro que ministrará a primeira aula. Concentramos a fala do Lucas no mesmo dia, das 13h30 até por volta das 16h.

Assim, para quem não tem ideia do curso ainda, já receberá, então, uma boa carga de formação nesse dia. E para, além de já aprender sobre temas importantes, também ficar ligado no que virá nos dias seguintes. Tenho certeza de que os que virão acharão insuficiente que nas próximas semanas nós só estaremos pela manhã, pois as demais aulas serão apenas no turno da manhã.

5 – O curso sempre trabalha a ideia de Democracia e é aberto ao público em todas as edições, o objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento? Qual é o objetivo? 

Elisa Zwick:  Sim, a democratização do ensino não deve ficar distante do olhar da universidade, até porque não podemos estudar uma coisa e fazer outra. Seria incoerente. Aqui, volto ao Paulo Freire, quando ele diz que “é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”.

Por todas as conquistas e tradição de nosso curso, que já permitiram, por exemplo, a publicação dos dois livros que mencionei, frutos das aulas dessas diferentes edições, bem como a divulgação da proposta em um congresso internacional no ano passado, o curso de Filosofia Política, agora nessa quarta edição, consolida ainda mais a conexão com o propósito que o originou, de pensar uma interação social a partir da proposta dialógica de Paulo Freire. Isso acontece quando ele vem se consolidando como um curso que visa dialogar com a realidade local. O Paulo Freire já dizia que “quando a educação não é libertária, o sonho do oprimido é virar opressor”. E qual é o modo de tornar a educação libertária? Partir do conhecimento da base da sociedade. As pessoas não são uma folha em branco, como ele dizia, cada um tem uma contribuição a trazer. Essa barreira, da educação autoritária, a única forma pela qual comumente as pessoas tiveram relação com o processo educacional, historicamente falando em nosso país, tem de ser quebrada na sociedade, através de novas abordagens na educação. Então, nossa proposta firma isso, sempre partindo de uma base em obras consolidadas, como um ponto inicial para os debates.

Aliás, sempre mantivemos esse diálogo com o público participante, sempre houve um momento de interação para aproximar as ideias do autor trazido com as dos participantes. A proposta de diálogo com a comunidade está no PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) da UNIFAL-MG, e sua prática auxilia na consolidação do debate acadêmico em um ambiente plural e democrático. Sabemos que esse é um ano de debates políticos no âmbito local e regional. Nós teremos eleições para prefeituras neste ano, clima que vai ensejar mudanças na sociedade diante da organização que virá. Então, ao cidadão (e eleitor), que é o nosso público, mas também para o agente político (candidato), nós, como Universidade, temos o dever de destinar a formação, a educação. Quanto mais educado um povo, mais igualdade social teremos. Pois o povo passa a saber que caminho trilhar coletivamente para uma cidade melhor, eliminando o tipo de política que nada acrescenta para o crescimento comum.

6 – O que a pessoa que se inscrever pode esperar do curso?

Elisa Zwick: Em adição ao que vinha falando, é preciso pensar a educação para a cidadania. Ela precisa partir da união em torno de um debate qualificado em meio a panaceia de informações que têm sido difundidas no mundo de hoje, carregadas de pré-conceitos e ideias errôneas sobre autores do pensamento clássico. Sobre o que é a ciência sempre surgem falsos direcionamentos de quem não vive nesse ambiente efetivamente. E nós, pesquisadores, estamos aqui estudando sobre desigualdades (de raça, de classe, de gênero), sobre política, sobre a formação do Estado no Brasil, na américa latina e no mundo. São temas que ainda hoje carregam uma forte herança colonialista em sua configuração teórica e desdobramentos práticos no Brasil.

Então, quando nós ofertamos um projeto de extensão na Universidade, é para aproximar as pessoas daquilo que é fazer ciência, de modo a auxiliar no pensar do porquê se enfrentam dificuldades, tanto pessoais, quanto as sociais e mais amplas. Pois todas essas formas de desigualdade são reflexos do modo de vida que levamos, que por conseguinte é resultado muitas vezes da nossa passividade enquanto classe trabalhadora, em aceitar os desígnios do capitalismo e de uma democracia falha. O que não quer dizer eliminar a democracia, mas trabalhar, cada vez mais, a compreensão dos seus propósitos originários, como foram se alterando as ideias que estão sob seu guarda-chuva e para que lugar queremos ir quando falamos em democracia. Pois o seu oposto, a autocracia, já levou a humanidade aos mais terríveis atos de barbárie. Então, falar em democracia é falar em humanidade, enquanto o seu oposto, a autocracia, remete a experiências históricas de desumanidade, pelo emprego dos mais diferentes tipos de violências em guerras. E nós sabemos que os primeiros que sofrem nessa situação, assim como em situações de democracia fragilizada ou pouco exercida, são crianças, mulheres e idosos.

Então, essa necessária consciência sobre os processos que levam a configuração social atual é que nos permitirá, a cada um individualmente, descobrir como melhorar a sociedade, quais são as atitudes que deveremos ter e que ideias defender. E elas partem das interpretações e convicções que temos, e que irão melhorar ou não a nossa condição humana e cidadã. E aí, para você é melhor viver na democracia do que na autocracia de uma ditadura? Essa pergunta, que parece absurda, teve uma resposta óbvia no Brasil recentemente, por falta de conhecimento histórico sobre uma realidade há pouco tempo vivida. Aliás, este ano nos distanciamos apenas 60 anos do dia que durou 21 anos, parafraseando o documentário de 2012, dirigido por Camilo Galli Tavares.

Então, quando falamos de Democracia, esse tema deveria ser a agenda do dia para todos, especialmente em ano de votação. Porque não podemos nos perder de seu horizonte, elegendo pessoas que são autoritárias, preservam valores perniciosos e levam a gestão pública em prol de interesses privados. Precisamos eleger representantes fazendo algumas perguntas: o que eles propõem mudar efetivamente? De onde vêm suas ideias? O que efetivamente eles representarão para o futuro do município?

Captura de tela da live ocorrida nesta quarta-feira, 01 de maio. (Reprodução)

E, para exercermos esse papel consciente na hora do voto, isso perpassa pela formação cidadã, não é? Estamos delegando a gestão de nossa cidade às vezes assinando uma carta em branco para uma outra pessoa quando não lemos a sua plataforma de partido e suas propostas para a gestão. Formar para a cidadania é o que a gente faz quando “estende” a Universidade para a comunidade. Aliás, toda a formação, independente da área, deveria necessariamente ser cidadã, para desenvolver o exercício da cidadania em qualquer profissão a partir daquilo que os filósofos gregos chamavam de Pólis. E todos são capazes de apreender sobre esse vasto mundo das ideias sobre democracia que, aliás, desde a Grécia e daquelas primeiras ideias filosóficas, é uma prática que se complexificou exponencialmente, demonstrou ter limites, mas também se tornou inclusiva diante das lutas empreendidas.

É nesse espírito, de promover debates coletivos e fundamentados, que a Universidade precisa e tem se desencastelado, contribuindo, assim, para o avanço social. A sociedade precisa do retorno sobre o que nós elaboramos teoricamente, pois é o que permite que as mudanças sociais aconteçam. E esse retorno só acontece mesmo quando a consciência crítica é desenvolvida. Só o saber sobre a essência da organização da vida humana permite alcançá-lo. Pois, hoje, vivemos em um mundo de aparências, em que as redes sociais formam mais opinião por meio de fake news do que via da pesquisa acadêmica, que tem sido relegada ao desuso. E nós sabemos o quanto uma simples postagem de Instagram tem de verdade, que às vezes é nenhuma, a não ser um bom arranjo de cenário.

Bom, seguimos então com cada docente partindo de uma obra, que é de sua especialidade, para apresentar uma leitura clara desse cenário de nebulosa configuração político-social a partir de parâmetros baseados na razão, ciência e nas informações credíveis.

Então, o que o cursista pode esperar? Pode esperar por pessoas que fazem pesquisa dispostas a compartilhar de modo acessível esse conhecimento para com cada um. Pois não adiantam anos de estudo sem que nós tenhamos oportunidades de compartilhar isso com você. Então, quem virá aqui, venha com vontade de aprender sobre um tema, que para muitos pode ser novo, para outros nem tanto, por estar vivendo em uma sociedade em que se defronta com ele todos os dias. De todo o modo, as interpretações científicas é que dão sentido a muitas coisas que vivemos e que não conseguimos interpretar sobre a sua profundidade por falta de uma leitura adequada. E, aqui, cada um que fará o curso contará com o apoio de um profissional que estudou o tema e que trará dele uma leitura científica, sólida, portando. Então, espere isso: conhecer um tema em profundidade científica, mas ao mesmo tempo com leveza.

7 – Algo que queira acrescentar?

Apenas agradecer ao Loui pela oportunidade em conversarmos e reforçar que, em caso de dúvidas, nosso e-mail de contato é varias.licoes@unifal-mg.edu.br. Venham todos participar desses momentos de celebração e de debates nessa quarta edição de nosso curso de extensão.

A live na íntegra pode ser acessada aqui.